[Açores] Ilha Terceira: que chove, chove… mas ninguém lhe fica indiferente
“A minha vida não tem idade: tem tempo. E só por isso ainda é pequenina”.
VITORINO NEMÉSIO
O dia acordou chuvoso, mas não há lugar para preguiça. Mapa da ilha na mão e vontade no coração, segui viagem. Não há nada como falar com as pessoas locais e, enquanto tomas o pequeno almoço, escutas sobre as belezas da terra, os locais de visita obrigatória, os restaurantes que servem as melhoras lapas e cracas, que cozinham o melhor peixe local – o boca negra -, ou a alcatra regional. Achei melhor não partilhar que não como carne vermelha 🙂 E a passagem obrigatória pela Fábrica Queijo Vaquinha, em Cinco Ribeiras.
Dei a volta à ilha, visitei os principais pontos turísticos (aqueles que a chuva me permitiu), comi e bebi (d)o melhor, mas foram os recortes, as cores, as influências, confluências e minudências da ilha que me deslumbraram… daquele deslumbramento que faz os olhos crescerem. As rotas onde a relva beija a estrada e o bosque constrói muros verdes que serpenteiam os caminhos. Os lugares que deviam começar por “era uma vez” de tão mágicos que são, como a mata da serreta ou a lagoa das patas, de cenários idílicos, com os seus bancos a convidar ao repouso e à contemplação. Como não se render a uma área natural protegida que se chama Mistérios Negros!
O mar azul turquesa das piscinas naturais em Biscoitos, que dança por entre a composição rochosa e escura de magma, que compõe o cenário balnear.
A planície verde, de um verde pintado à mão, recortada de muros escuros e portões coloridos, que fazem da paisagem uma manta de retalhos. Em cada recorte, vacas confortavelmente acomodadas. Aqui, quem não caça com cão, caça com vaca!
A religiosidade do seu povo expressa nos “Impérios do Espírito Santo” que estão em qualquer rua ou cruzamento. A ilha conta com 71 Impérios identificados. Estruturas pequenas, com uma fachada de diferentes tipo (molduras, janelas, colunas e frisos), normalmente de cores vivas, e profusamente decorado, com símbolos do Espírito Santo.
A ilha Terceira é uma criação da natureza, até nas suas entranhas. De estrutura geológica única, brinda-nos com o leito dos vulcões e com as brincadeiras da lava. No Algar do Carvão esconde-se um cone vulcânico perfeito. Continua a chover. Pingas grossas que caem do teto e que nos fazem olhar para cima, onde vemos o grande círculo aberto ao céu, cheio de vegetação, num cenário de arrepiar. Na Gruta de Natal caminha-se num túnel lávico com 700 metros de comprimento. Irregular, imperfeito, (com)passado, como se quer a vida. É frio no interior da terra, mas é lá que sentes o seu coração a bater… e tudo faz sentido.
Muito perto do Algar do Carvão e da Gruta do Natal podemos encontrar as Furnas do Enxofre. O percurso foi construído para se poder circular lá, onde o chão respira (saídas de gases vulcânicos). Nesse dia chovia muito e o tempo muito encoberto. O percurso fez-se em passo de corrida.
O dia acordou chuvoso, mas terminou maravilhoso. A chuva fez-me andar devagar e o nevoeiro a trautear o caminho. Nestes momentos, a imaginação ganha largueza. Sou de viajar à la flâneur, gosto de andar sem rumo, “pelo meio”, conhecendo por dentro aquilo que o local tem para me oferecer, que é sempre único. Nem sempre dá, mas o espírito está lá. Foi assim que explorei a ilha, foi assim que conheci Angra do Heroísmo, mas isso ficará para um próximo post.
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