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Uma ‘rebeldia’ chamada viajar sozinha

Há cerca de um ano li a notícia sobre Marina Menegazzo e Maria José Coni, duas jovens argentinas que viajaram de férias para o Equador. Iam cheias de vontade de conhecer novas culturas e suas gentes. Foram mortas. Senti-me revoltada com a tragédia, e senti-me indignada com as perguntas e comentários: ‘Que roupas tinham vestidas quando foram abordadas pelos homens?’. ‘Viajavam sozinhas, estavam à espera do quê?’. De facto “o mundo continua a ser um lugar mais perigoso para as mulheres do que para os homens”. E a grande questão não reside no facto de uma mulher viajar sozinha, mas sim na forma como uma boa parte do mundo continua a olhar para as mulheres. Recentemente participei na Marcha das Mulheres, um protesto internacional contra todas as formas de opressão e exploração, porque a desigualdade tem sexo e geografias. De entre muitos gritos de ordem o meu foi também para o direito das mulheres poderem viajar sozinhas em segurança.

Viajar está no topo da (minha) lista das melhores coisas da vida. Até aí, tudo bem! A pergunta sucede: _com quem vais? E eu respondo:_vou sozinha! A partir daí começam os “ses”, as interrogações e os olhares. ‘Não tens medo?’, ‘E se és assaltada? E se…’, ‘Por que vai sozinha?’.

Respondo: _vou sozinha porque quero e porque gosto.

Claro que as perguntas são legítimas, pois todos/as sabemos que “o mundo continua a ser um lugar mais perigoso para as mulheres do que para os homens”.  Comecei a viajar sozinha por força de circunstâncias profissionais. Hoje viajo sozinha sem circunstâncias. As primeiras vezes tive medo, hoje sou cautelosa e procuro viajar em segurança. Gosto imenso de viajar com amigos/as. Adoro viagens românticas. E comple(men)to-me quando viajo sozinha, pois cruzo as minhas fronteiras e isso obriga-me a estar comigo, a descobrir, a arriscar, a errar e a encontrar o caminho. Limpo a mente e a alma, preenchendo-as com sensações, situações, lugares e pessoas novas. Supero-me e experimento o que quero. Crio memórias, cheias de curiosidade. Trato das viagens by myself … faço a mochila e vou. Admito que o peso da mochila carrega também a certeza que “o mundo continua a ser um lugar mais perigoso para as mulheres do que para os homens”. Mas se me perguntarem: _ por que vou? Eu respondo: _ por que não? E resistirei nesta pergunta, porque a resposta me conduz à Liberdade.

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