Bélgica, com amor
Fui visitar uma amiga. Pouco sabia sobre a Bélgica, além do facto de ela ter tido um lugar de destaque na história, pela sua atividade comercial e cultural e, mais atualmente, por ser o centro nevrálgico da União Europeia. Nunca tive grande curiosidade em conhecer a Bélgica, e talvez por isso tenha sido tão surpreendente.
Foram três dias. Visitei a Bélgica de saltito em saltito. Bruxelas, Leuven, Bruges, Ghent e Dinant. Todas bonitas. Bruxelas recebeu-me, Leuven acolheu-me, Dinant surpreendeu-me, Ghent abraçou-me, mas foi em Bruges que o meu coração palpitou. Foi de comboio que desenhamos a jornada. Uma das melhores formas de viajar pela Bélgica, mas nem sempre muito fácil. Sem saber, o comboio contou-nos um pouco da história de um país cheio de fronteiras simbólicas, linguísticas e culturais que fazem do passado ainda muito presente. Das janelas vislumbramos paisagens e cores diferentes à medida que nos deslocávamos para norte ou para sul. Pelas suas gentes, que entravam e saíam a cada apeadeiro, desvelamos a Bélgica dos flamengos, falantes do neerlandês, e a Bélgica dos valões que falam o francês.
Cheguei por Bruxelas. Dela guardo a imagem da Grand Place que é Património Histórico da Humanidade pela UNESCO desde 1988, e dos passeios obrigatórios pelas ruas e ruelas do centro. Cheias de gente e multiculturalidade. Em cada esquina, lojas de chocolates e de frite (batatas fritas), mas são as waffles que definem o cheiro da cidade. Sim, Bruxelas cheira a waffles. Não precisamos de muita atenção para encontrar os imensos murais espalhados pelas ruas com obras de artistas belgas famosos, como Hergé, autor do Tintim, mas precisamos de algum esforço para esconder a desilusão sentida quando encontramos o Manneken Pis. Tira-se a foto, mas os olhos não crescem de admiração.
Leuven acolheu-me. Uma cidade universitária, a Coimbra da Bélgica (deve ser por isso que é a capital da cerveja) que cresce sob uma arquitetura imponente, mas repleta das regalias da urbanidade. Uma cidade que tem tudo: história, cultura, modernidade e animação. Não há como não se fascinar com a Town Hall (Câmara Municipal), edifício de estilo gótico, construído no século XV, com as paredes todas ornamentadas e esculpidas, que mais parece um bordado.
Para norte, Ghent e Bruges. Cidades que nos levam por passeios tranquilos e imersões históricas. Fica a ideia de que, se lermos um pouco de história, é possível reviver as trocas comerciais entre os mercadores da época. Cidades medievais, bem preservadas, com edifícios históricos, de traçado original, e fachadas trabalhadas e pontiagudas, de um colorido tímido mas bem marcado, que recorta o céu. Castelos, torres medievais e igrejas centenárias. Ruelas ondulantes por entre os bucólicos canais que atravessam a cidade. Grandes praças, sorridentes quando o sol espreita. Ghent, também conhecida como “pérola de Flandres”, é uma cidade charmosa, daquelas que nos pisca o olho, como que a convidar para ficar.
Ficamos indecisos/as… mas visitar primeiro Bruges, não é justo para Ghent. Quando chegamos a Bruges a sensação que temos é que o tempo parou, uma espécie de “bela adormecida” desperta pelo beijo do turismo que hoje a caracteriza. Talvez isso lhe tenha garantido os títulos de Património da Humanidade pela UNESCO, em 2000, e de Capital Europeia da Cultura, em 2002. Para uns, a “jóia da coroa da velha Flandres”, para outros “a Veneza do Norte”. Qualquer um dos predicados lhe cai bem. Para mim, uma pintura inspirada quando Deus decidiu criar o mundo.
Para sul de Bruxelas, duas horas de comboio leva-nos a Dinant. Uma cidade na beira do rio Meuse que só podia fazer parte de uma província chamada Namur, não fosse o encantamento que sentimos quando a vemos. Desenhada numa “montanha de pedra”, tem na Igreja gótica de Notre-Dame Collégiale e na Citadelle, a sua magia. Não uma magia de “conto de fadas” como alguns (d)escrevem, mas a magia que sai do som de um qualquer saxofone que embeleza a ponte central da cidade (nota de curiosidade: Dinant é a terra natal do inventor do saxofone).
Se há algo que é apaixonante na Bélgica é, sem dúvida, a diversidade do seu património histórico, cultural, linguistico e a diversidade das suas gentes. Regressei com o sentimento de que muito ficou por conhecer… e ainda bem! Precisamos sempre de um motivo (ou não!) para regressar.
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