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Os “algarves” da minha vida

Desde pequena, o Algarve sempre foi o destino de férias da família. Lembro-me com saudades das viagens… viagens longas, como era a distância! Primeiro de comboio, depois de carro. Viagens inesquecíveis, onde só a criatividade de se ser criança conseguia sobrepor-se a viagens de carro sem ar condicionado pelas nacionais povoadas de um qualquer Agosto, a ouvir as músicas do Beach Boys. Ainda hoje, quando as oiço, a minha memória leva-me para aquele carro, onde o caminho era feito de sonhos.

Todos os anos rumávamos de norte a sul, como milhares de outros/as portugueses/as. Era a garantia certa de umas boas férias de praia. Conheci o Algarve de lés-a-lés, mas era na confusão e na animação de Portimão, Albufeira, Vila Moura ou Armação de Pêra que gostávamos de estar. Os dias e as noites fundiam-se com a água salgada do mar, o calor do sol, as festas, os sunsets, os drinks e os ice-creams. Sim, já na altura precisávamos de falar inglês para nos safarmos ☺ Depois crescemos… (pensamos nós!!) e começamos a querer passar férias com os nossos amigos e amigas. Nesse momento deixei de ir para o Algarve com os meus pais… não porque não gostasse, mas porque crescemos (pensamos nós!!). Juntou-se a isto a sensação de que o Algarve já não era para os “seus”, mas para os “outros”. E rapidamente tornei-me “outra” noutras terras.

Depois crescemos mais um pouco, e sentimos a necessidade de fazer regressos. E passados alguns anos volto ao Algarve e reapaixono-me. Já não pelo movimento e pela confusão, mas pela paz e pela tranquilidade de lugares como a Fuseta (vila inserida no coração do Parque Natural da Ria Formosa) e as suas praias, planas, de água quente e areia branca e limpa – como as praias da Ilha da Fuseta, da Barra Nova ou da Barra Velha. A travessia faz-se de barco (aqua-taxi), a partir do cais, perto do porto de pesca, feito de gentes simples. Dez minutos e chegamos a uma espécie de paraíso.

A brisa bate-nos no rosto, a areia é tão branca que o sol faz reflexo. O mar, calmo e quente, chama por nós. Não há como lhe negar uma estadia prolongada. Fechas os olhos e sentes que podes viajar para onde quiseres… mas quando os abres, percebes que não queres ir para lado algum, apenas aproveitar aquele lugar, de uma boniteza sem fim. Na realidade, muitas destas praias, pelo seu acesso mais difícil, eram um segredo bem guardado. Daqueles para onde o “Algarve” ia descansar do turismo! Hoje mais massificadas e conhecidas, não deixam, contudo, de ser das mais protegidas do litoral algarvio. Aliás deviam ter uma placa a dizer: “De uso moderado” ou “Frágil”.


E tudo (se) encaixou, perfeitamente!

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Há regressos que têm sabor a vida, e é certo que haverá outros regressos ♥

Comentários

  • Manuela Duarte
    18 de Junho, 2018

    São estes pequenos pedaços de vida que nos dão vida! A alegria que nos unia, o tão pouco que nos bastava para nos fazer rir até às lágrimas,o aproveitar da melhor maneira todos os momentos, a liberdade com responsabilidade e depois, o regresso já a pensar no ano seguinte. E o ano seguinte chegava e tudo se recriava…

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