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Zeneando por Marialva

Marialva é das 12 aldeias históricas a que nos conhece melhor, foi por isso que a deixámos para último, por pensar que seria mais fácil falar dela. Não sabemos se  assim será, afinal escrever com o coração é sempre mais intenso e nem sempre colocamos nas palavras tudo o que sentimos.

Marialva é uma aldeia de interior, envelhecida, romântica e esquecida como são tantas outras aldeias do nosso lindo País. Vale a estas aldeias a ternura dos que nunca abandonaram as suas raízes, dos que visitam as suas raízes e dos aventureiros que não se cansam de procurar os belos recantos históricos, culturais e ambientais. Venham daí connosco conhecer a Aldeia de Maria Alva.

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O mês de Junho é de Marialva.

Um pouco de História…

A Aldeia de Marialva dista 7 Km do concelho da Mêda, no distrito da Guarda, na margem esquerda da ribeira de Marialva. É constituída por três núcleos distintos: a Cidadela ou Vila no interior do Castelo, agora despovoada; o Arrabalde que prolonga a Vila para além da zona amuralhada; e a Devesa, situada a sul da cidadela, que se estende pela planície até à ribeira de Marialva.

As origens longínquas de Marialva parecem remontar ao tempo da antiga Cidade de Aravor, fundada pelos Túrdulos no séc. VI a.C.. Este castro, situado numa eminência rochosa sobranceira aos campos da Devesa, foi o principal núcleo da comunidade dos Aravos, sendo conhecido por Castro dos Aravos. Com a chegada dos Romanos o nome alterou-se para Civitas Aravorum, tendo sido um importante ponto de confluência e cruzamento de vias, entre as quais a Via Imperial da Guarda a Numão. A esta ocupação seguiram-se os Godos, que mudaram o nome para S. Justo. Mais tarde, os Árabes, que terão dado à cidadela o nome de Malva que, reconquistada por D. Fernando Magno de Leão em 1063, lhe chamou Marialva.

Teve o seu primeiro foral em 1179, concedida por D. Afonso Henriques. D. Sancho I reconquistou-a em 1200, altura em que o povoado extravasou a cerca amuralhada, formando-se assim o Arrabalde que apresenta uma malha urbana de traçado predominantemente medieval, onde proliferam igrejas, capelas, casas quinhentistas e senhoriais, a par de um conjunto de habitações rurais com características típicas da casa beirã. D. Dinis, que criou a Feira em 1286, e D. Manuel, que lhe concedeu Foral Novo (1512), procederam a obras no castelo, transformando Marialva numa das mais imponentes e fortes praças de guerra do reino.

Dada a localização fronteiriça de Marialva, estimulada pela Feira que concedia privilégios aos moradores e feirantes, iniciou-se, no séc. XIII, a fixação de judeus, cujo número aumentou durante o reinado de D. Manuel, formando mesmo uma judiaria.

Em 1872, Marialva foi incorporada no concelho de Mêda.

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Passeando por Marialva…

Marialva apareceu nos nossos horizontes em tempos separados. Tanto eu, como o Ernesto, conhecíamos a aldeia, mas nunca a tínhamos visitado em conjunto. Decidimos incluí-la neste nosso roteiro pelas 12 aldeias históricas de Portugal. O Ernesto guarda memórias de Marialva montado numa bicicleta, já eu tinha memória das grandes noites de bailes e romarias de verão. Foi muito giro partilharmos as vivências, enquanto viajávamos pela aldeia.

Estacionamos no largo do café “O Marquês”, seguimos pelas ruas empedradas rumo ao posto de turismo ou casa dos judeus para fazermos a admissão ao castelo.

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Pelo caminho, as casas em pedra, decoradas e restauradas, fazem a paisagem ainda mais bonita. Passamos pela fonte de mergulho, que se encontra protegida por uma cobertura em abóbada de berço e, logo acima, a Casa do Leão, um edifício quinhentista de dois pisos, com um balcão que se acede por escadaria, encimada por uma figura zoomórfica, esculpida na rocha. Na parede exterior da guarda da escadaria também existem pequenas figuras esculpidas.

A cada passo, uma surpresa.

No largo do posto de turismo, encontramos o cruzeiro e a capela de Nossa Senhora de Lourdes, que tem a muralha como quadro de fundo.

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Check-in feito… a visita ao castelo é imperdível. Mal entramos naquele ambiente sentimo-nos a viver aquela época. A cada passo podemos ver os encantos do que outrora fora uma cidade dentro de muralhas. Nem todos os pontos da muralha são de fácil acesso, mas vale a pena desbravar e fazer um pouco de escalada para ficar com as melhores vistas.

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Cisterna

De um dos pontos altos pode ver-se o Largo da Antiga Câmara Municipal, que testemunha a autonomia administrativa e judicial que o concelho de Marialva possuía no séc. XVI e XVII, o Pelourinho, um monumento de construção quinhentista, a Igreja de Santiago e a Capela do Senhor dos Passos.

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De salientar que, em Maio, numa das nossas visitas por Marialva, tivemos a sorte de poder participar no Mercado Medieval. Ficamos fascinados com todo o enquadramento à época. Os espaços estavam decorados a rigor e os figurantes vestidos de forma irrepreensível. Adoramos a festividade e os grupos de animação, desde as gaitas de fole, os grupos de percussão, de teatro, entre outros.

Ficamos com vontade de voltar a viver essa experiência e quem sabe de a complementar com uma estadia nas Casas do Côro (turismo rural) que, enquadradas na beleza da aldeia, fazem sonhar qualquer casal. O Boutique Hotel Eco Friendly Concept SPA Casas do Côro tem tudo ao dispor dos seus hóspedes, desde um ambiente intimista,  atividades radicais, espaços de lazer, piscina, restaurante e Spa.

O passeio continuou pelas ruas da aldeia. Cruzamo-nos com os seus habitantes que conversavam nas soleiras das suas portas ou à porta da Igreja de S. Pedro. Junto à Igreja e pela rua da Corredoura podemos visitar a fonte com o mesmo nome.

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A visita estava a chegar ao fim. Voltamos ao ponto de partida num passo leve e firme, com o coração cheio de bons momentos que ficam na memória.

A integração de Marialva no programa das 12 Aldeias Históricas de Portugal e o Mercado Medieval  concedeu-lhe nova vida. Desde então tem crescido no panorama turístico, o que nos deixa muito felizes.

Onde ficar?

  • Casas do Côro
  • Casa das Freiras
  • Longroiva Hotel Rural & Termal Spa (Longroiva)

Onde comer?

  • Restaurante das Casas do Côro
  • O Mercado (Mêda)

Calendário de festividades?

  • Festa “Maria Alva, a Dama dos Pés de Cabra” (a acontecer nos dias 20, 21 e 22 de Julho de 2019)
  • Mercado Medieval (aconteceu nos dias 17, 18 e 19 de Maio de 2019)

Locais próximos a visitar?

  • Longroiva
  • Ranhados
  • Vila Nova de Foz Côa

Despedimo-nos das 12 Aldeias Históricas com este destino.
Vemo-nos numa próxima viagem 🙂

Até lá boas descobertas.


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Comentários

  • Pedro Correia
    1 de Maio, 2020

    Boas.
    Gostaria de deixar aqui umas palavras para parabenizar o vosso trabalho sobre Marialva.
    Gostei muito de ler e acho que está muito concreto e realista, tanto mais que eu conheço muito bem Marialva porque os meus pais são daqui mesmo, tenho muitos familiares a viver ou seja, sou visitante assíduo e tenho assistido ás alterações e melhorias que esta aldeia teve ao longos dos últimos (quase 50) anos.
    Adoro “perder-me” por entre as ruelas do castelo, saltitar pela muralha, sempre de câmara na mão. Seja a cores, seja a preto e branco, os cenários aqui são ilimitados.
    A quem não conhece, recomendo e acreditem: esta cronica é um retrato fiel à Aldeia de Marialva.
    O que dizem sobre o projecto Aldeias Históricas e o Mercado Medieval é muito verdadeiro, Marialva ganhou muito reconhecimento com isso.
    Aliás, duvido que haja outro Mercado Medieval tão real e que nos transporte para uns séculos atrás como este porque o cenário natural do castelo proporciona isso mesmo, autenticidade.

    Obrigado, excelente trabalho.
    Pedro Correia

    Responder

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