Sintra: o que ver e fazer na vila romântica
Património Mundial da UNESCO, Sintra tem tudo para ser um destino de sonho. Como dizia Eça de Queirós, “Tudo em Sintra é divino, não há cantinho que não seja um poema”. Talvez Eça de Queiroz mudasse um pouco a sua frase se conhecesse a Sintra do turismo massificado e das filas intermináveis. Por isso, programe visitar Sintra fora dos meses de verão, para fugir às multidões. Se não der… vá na mesma. Sintra merece e o seu álbum de fotografias e memórias nunca mais vai ser o mesmo.
Sintra é para ser visitada com calma e, por isso, recomendamos que a estadia seja no mínimo de dois dias para poder viver a cidade por dentro e por fora, passear e demorar-se nos lugares. Partilhamos com vocês alguns lugares e experiências que consideramos imperdíveis numa visita a Sintra.
“[Sintra] daria um bom paraíso no caso de Deus fazer outra tentativa!”.
José Saramago, Memorial do Convento
Conteúdos
- Visitar o Parque e Palácio da Pena
- Espreitar o Chalé da Condessa D’Edla
- Entrar no admirável mundo da Quinta da Regaleira
- Visitar o Parque e Palácio de Monserrate
- Subir ao Castelo dos Mouros
- Ir ao Convento dos Capuchos
- Visitar o Palácio Nacional de Sintra
- Perder-se pelo Centro Histórico e comer os doces típicos
- Passear pela Volta Duche e surpreender-se a cada passo
- Visitar os museus
- Tomar o pequeno almoço no Café Saudade
- Ir até ao litoral: ver as praias, parar nas Azenhas do Mar e visitar do Cabo da Roca
Outras informações úteis
1. Visitar o Parque e Palácio da Pena
..o cume airoso da serra, toda cor de violeta escura, coroada pelo castelo da Pena, romântico e solitário no alto, com o seu parque sombrio aos pés, a torre esbelta perdida no ar, e as cúpulas brilhando ao sol como se fossem feitas de ouro”
Os Maias
Começamos a visita ao Palácio pelo Parque. Para nós, a melhor forma de começar. Chegar ao Palácio pode demorar meia hora ou uma hora, depende do tempo que queiramos dedicar a explorar o Parque, cheio de percursos, jardins, pontes, grutas, lagos, estufas e estátuas. É tudo em tamanho XL.
Se quiser ler mais sobre o Palácio da Pena, veja o post “Não há cantinho que não seja um poema”: uma visita a Sintra
Para mais informações sobre horários e preçário, ver aqui
2. Espreitar o Chalé da Condessa D’Edla
Não se vai arrepender de visitar este Chalé de charme, que foi construído no século XIX por D. Fernando II para a sua segunda mulher, a Condessa D’Edla. O estuque decorativo da sua fachada, o revestimento das paredes com painéis embutidos de cortiça e madeira, os jardins e a coleção botânica com centenas de espécies autóctones e exóticas, recria um ambiente de “Alice no País das Maravilhas”.
Para mais informações sobre horários e preçário, ver aqui
3. Entrar no admirável mundo da Quinta da Regaleira
A Quinta da Regaleira e o seu palácio são, provavelmente, os locais mais enigmáticos de Sintra. O poço iniciático, então, é um local místico, que apela ao nosso imaginário. À medida que descemos vai ficando mais escuro. Nove patamares que nos levam para as profundezas da terra. Uma alegoria perfeita da vida, que prova que não há recomeço sem “morte”.
No mundo do fantástico, a Regaleira seria um regalo.
Para mais informações sobre horários e preçário, ver aqui
A poucos metros do Palácio da Regaleira podem visitar o Palácio de Seteais, que funciona, hoje, como um hotel de 5 estrelas, e que retoma o luxo da Sintra oitocentista. De arquitetura neoclássica, foi construído no século XVIII por um cônsul holandês.
A unir as duas parte do palácio, mesmo ao centro, ergue-se um imponente arco triunfal que foi construído para comemorar a visita do rei D. João VI. Há monarcas com sorte!!
4. Visitar o Parque e Palácio de Monserrate
Mais intimista, o Palácio de Monserrate faz-nos sonhar com tempos idos. De influências medievais e orientais é, juntamente com o Palácio da Pena, um dos exemplos mais importantes da arquitetura romântica em Portugal.
Se quiser ler mais sobre o Palácio de Monserrate, veja o post “Não há cantinho que não seja um poema”: uma visita a Sintra
Para mais informações sobre horários e preçário, ver aqui
5. Subir ao Castelo dos Mouros
O Castelo dos Mouros data do século IX, foi construído pelos Mouros e conquistado pelos Cruzados Cristãos no século XII. Caiu em ruína e, durante muito tempo, ficou abandonado e esquecido. Foi restaurado apenas durante o século XIX e, hoje, recorta os céus de Sintra, namora com a cidade e oferece ao visitante paisagens fantásticas sobre a região.
6. Ir ao Convento dos Capuchos
D. Filipe II de Espanha e I de Portugal disse: “Nos meus reinos, duas coisas tenho que muito me apraz, o Escorial por muito rico e o Convento dos Capuchos em Sintra por muito pobre”. Assim é o Convento dos Capuchos, fundado em 1540. Um lugar tranquilo, um lugar de paz.
Sintra está cheia de misticismos e lendas e há atividades e passeios que exploram os segredos e o romantismo da Serra de Sintra. Nós não tivemos oportunidade de fazer, mas ficamos interessados num passeio que parte, precisamente, do Convento dos Capuchos, aos sábados às 19h30, e é animado pela empresa Lynx Travel (que não conhecemos). A ideia é percorrer, à luz da lua cheia, os caminhos ancestrais ao encontro das mais misteriosas histórias da serra. Fica a sugestão.
7. Visitar o Palácio Nacional de Sintra
O Palácio fica mesmo no coração de Sintra e é impossível ficar indiferente às suas fachadas brancas, bordadas de amarelo, às duas grandes chaminés cónicas e aos diversos estilos arquitónicos, que foram o reflexo do gosto de diferentes reis. Um pouco de gótico aqui, uma pitada de estilo manuelino ali faz do Palácio Nacional um exemplar único dos paços medievais portugueses.
“…com as suas belas janelas manuelinas que lhe fazem um nobre semblante real, o vale aos pés, frondoso e fresco, e no alto as duas chaminés colossais, disformes, resumindo tudo…”
Os Maias
8. Perder-se pelo Centro Histórico e comer os doces típicos
Todo o centro é para ser calcorreado. A calçada portuguesa que embeleza ruas e ruelas até brilha de tanto uso. Subimos e descemos uma dúzia de vezes, tantas quantos os “travesseiros” que temos vontade de comer na Casa Piriquita, que é a especialista neste doce típico.
Mas se as queijadas – doce feito com queijo fresco, açúcar, ovos, farinha e canela – forem a sua predileção, então há duas referências que não pode perder – a Casa Sapa e a Casa do Preto – que têm produção própria e que as fazem de raíz.
É razão para dizer, como gritava Cruges, em “Os Maias”, de Eça de Queiroz, “olha, não te esqueçam as queijadas”.
9. Passear pela Volta Duche e surpreender-se a cada passo
A Volta do Duche é o percurso que se inicia um pouco depois da Estação de Comboios de Sintra e da Câmara Municipal e que vai até ao centro histórico da vila. Este é um passeio recheado de surpresas.
Começa com o próprio edifício da Câmara Municipal que merece a nossa atenção. Um belo edifício, ao estilo de Sintra. Mais à frente começam a surgir as exposições temporárias que animam a rua e as feiras de artesanato e os artistas que por ali mostram o seu trabalho. Aos poucos, por entre a vegetação, começamos a vislumbrar o centro histórico e o Palácio Nacional de Sintra.
Mais à frente, surge a Fonte Mourisca. Impossível não a ver. Edificada em 1922, é um exemplar do modernismo revivalista dos anos 20. Ao lado encontrará a entrada para o Parque da Liberdade que é o parque público da vila, de entrada gratuita. É um parque amplo, com várias fontes, lagos e árvores, ideal para passear. Quem recusa um passeio à Liberdade?
10. Visitar os museus
Sintra oferece-nos três museus imperdíveis. o MU.SA, o Museu da História Natural de Sintra e o Newsmuseum.
O Museu das Artes de Sintra – MU.SA – é um espaço recente na vila que propõe uma viagem pela arte contemporânea, dedicado a pintores e escultores portugueses e residentes em Portugal.
O Museu da História Natural de Sintra, localizado em pleno Centro Histórico da Vila Velha, é um espaço moderno e didático.
O Newsmuseum foi inaugurado em 2016 e ocupa as antigas instalações do Museu do Brinquedo, no centro histórico de Sintra. É ideal para quem seja apaixonado por Media, permitindo aos visitantes interagirem com a Rádio e a TV.
11. Tomar o pequeno almoço no Café Saudade
“Não tomo café. Venho aqui para encontrar amigos e falar de coisas de Arte”, lê-se no Menu.
Situado no centro histórico, perto da Câmara Municipal de Sintra e da Estação de Comboios, o Café Saudade deixa saudades. O edifício não é novo, mas o espaço é feito de novidade. Fora e dentro a decoração é pitoresca e criativa, com andorinhas, galos de Barcelos, artigos do Bordalo Pinheiro e querubins pintados à mão no tecto. Consegue imaginar? No menu, difícil é escolher. Scones gigantes, bolos deliciosos, iogurte com muesli e fruta, chás e torradas de pão variado.
“Vida, Arte e Amor”, a conjugação perfeita da saudade.
12. Ir até ao litoral: ver as praias, parar nas Azenhas do Mar e visitar do Cabo da Roca
Tem várias opções para se deslocar até ao litoral e cada uma delas vai permitir-lhe experiências diferentes.
– Pode ir de carro próprio e andar à sua velocidade;
– Pode contratar um tour guiado ou excursão:
– Pode fazer um passeio histórico no eléctrico de Sintra, que é um dos ex-líbris da região. Surgiu em 1904 para ligar a vila à Praia das Maçãs, em Colares. São cerca de 13 quilómetros de uma viagem que dura cerca de 45 minutos. Como é um transporte turístico convém informar-se primeiro dos horários, que funcionam por temporadas.
O concelho de Sintra tem inúmeras praias. As águas são frias e com ondulação forte, mas vale a pena conhecê-las. As mais conhecidas são a Praia das Maçãs, a Praia Grande e a Praia da Adraga.
A mais inacessível é a Praia da Ursa, junto ao Cabo da Roca. Mais do que fazer praia, o que torna este passeio fantástico é o recorte da encosta e a forma como a estrada a serpenteia. Numa das curvas aparece a aldeia pitoresca das Azenhas do Mar, “à beira-mar plantada”. O efeito cascata, o casario empoleirado, a luz única. Não faltam argumentos para passar pelas Azenhas. Mas tem de admitir: é um verdadeiro postal ilustrado.
O Cabo da Roca é outra das visitas obrigatórias. Situado na freguesia de Colares, é considerado o ponto mais ocidental da Europa Continental. A cerca de 150 metros do mar, permite-nos uma vista deslumbrante sobre a Serra de Sintra e sobre a costa.
Outras informações úteis
[Transportes]
No centro histórico de Sintra não é fácil encontrar estacionamento e, muito menos, estacionamento gratuito. Por isso, se quiser levar carro próprio deve levar isso em consideração. Como Sintra dista cerca de 30 quilómetros de Lisboa, uma outra possibilidade para chegar a Sintra é de comboio, a partir de Lisboa. Esta é uma opção cómoda e barata. São cerca de 45 minutos na Linha de Sintra da CP [Oriente – Sintra ou Rossio – Sintra têm ligação direta]. Da estação até ao centro histórico são dez minutos a pé
[Bilhetes combinados]
Procure informações sobre o Sintra Green Card, um bilhete integrado que inclui viagens nos Comboios Urbanos de Lisboa na Linha de Sintra, circuito da Pena (carreira 434 da Scotturb) e visita aos principais pontos de interesse do concelho de Sintra.
[Circular em Sintra]
Sintra engana os olhos mais desatentos. Se é verdade que o centro da vila se faz muito bem a pé, os lugares que ficam no topo da Serra são mais difíceis de alcançar dessa forma. Não que seja impossível, porque há trilhos adentrando a floresta, mas é mais exigente fisicamente. Se quiser poupar energia, tempo ou não se enquadrar nesse perfil mais aventureiro, Sintra oferece um cardápio extenso de formas mobilidade:
– Táxis
– Autocarros da empresa Scotturb – Linhas 434 e/ou 435, percorridas em autocarro Hop-on Hop-off (ou seja, podemos embarcar e desembarcar nos locais sem precisar de adquirir novo bilhete). Cada uma destas linhas faz um trajeto circular que passa pelos principais pontos turísticos (Linha 434: Estação de comboios – centro histórico – Palácio Nacional de Sintra – Castelo dos Mouros – Palácio da Pena; Linha 435: Centro histórico – Quinta da Regaleira, Palácio de Seteais, Palácio de Monserrate). Confirmar horários e preços no site da empresa.
– CitySightseeng Sintra – empresa que organiza circuitos turísticos em autocarro;
– Comboio Turístico de Sintra;
– SightSintra – veículos ecológicos, com capacidade para duas pessoas, que oferecem uma forma diferente, divertida e inovadora de conhecer a região;
– E os controversos Tuk-Tuk – olhamos para qualquer lado e lá estão eles. Muitos, imensos. São práticos, económicos (preço médio de 5 euros por pessoa) e levam-nos a qualquer lado. São uma boa opção, mas mantenha-se atento a questões de segurança.
[Percursos Pedestres]
Consulte aqui informação sobre alguns dos percursos pedestres que a Serra de Sintra tem para oferecer.
[Alojamento]
Sintra não tem apenas “travesseiros” doces, dos que se comem, tem também dos outros, feitos de penas, onde pode descansar e recuperar as energias. Há alojamentos para todos os gostos e carteiras, dentro e fora da vila. Faça a sua pesquisa aqui. Na altura, ficamos na M.J. Guest Home Sintra também conhecida como “Casa dos Azulejos”. Um espaço acolhedor e com uma ótima localização.
Impossível não querer regressar, não acham?
Esperamos que as nossas sugestões e imagens vos inspirem a ir e ajudem a preparar a viagem.
Sigam as nossas redes sociais e alguma dúvida ou questão, partilhem connosco. Escrevam nos comentários e nós responderemos brevemente.
E já sabem… o importante é IR!
Detalhes
Planeie a sua viagem
Se fizer a reserva através dos seguintes links, não paga mais por isso e ajuda o Ir em Viagem a continuar as suas viagens
- Faça um seguro de viagem com a IATI (e ainda recebe 5% de desconto)
- Encontre o melhor alojamento no Booking. É onde fazemos as nossas reservas.
- Alugue carro, ao melhor preço, na Discover Cars. Entre e explore.
- Quer evitar filas? Reserve no GetYourGuide os seus bilhetes para monumentos e tours.
Este post pode ter links afiliados
Vera e Marcelo
É verdadeiramente uma maravilha não só da natureza mas do homem que em dada altura construiu autênticos monumentos dignos de serem apreciados. Um regalo para os olhos de quem nunca visitou Sintra.
Miguel A. Gonçalves
Sintra é uma terra muito bonita, mesmo! As vossas fotografias estão excelentes e transmitem toda a beleza do lugar 🙂 Parabéns!
Vera e Marcelo
Obrigada pelo feedback, Miguel!! Sempre que podemos passamos por lá… vale mesmo a pena.
Cristina
É completamente impossível fazer toda a lista que descrevem em dois dias… mesmo que o pudesses fazer sem dormir. Com calma e tranquilidade como referem pelo menos cinco dias, ou então não viram metade das coisas…
Vera Duarte
Olá Cristina, obrigada por ter lido a nossa crónica e pelo seu feedback. O objetivo era dar às pessoas um conjunto de possibilidades do que se pode visitar em Sintra e que pudesse “servir” diferentes gostos e objetivos de passeio/ viagem.
Concordamos consigo… Sintra merece sempre muito tempo. Quando não o temos, pelo menos dois dias já dá para uma visita simpática :-). Este post é o resultado de várias visitas que fizemos a Sintra.