Óbidos : Visitar a Vila Medieval
Óbidos é um cartão postal.
Já perdi a conta das vezes que fui a Óbidos e não há vez que não tenha a sensação que é a primeira vez. Acho que esse é o mistério dos locais amuralhados e feitos de lendas e mitos. Sentes-te uma espécie de Alice prestes a entrar no “País das Maravilhas”. Há sempre uma “toca” secreta e uma janela entreaberta. Há sempre um lugar fantástico que pode ser povoado pela nossa imaginação. Há sempre muita História.
Entrar naquelas muralhas é regressar ao passado dos romanos, dos visigodos e dos árabes. É voltar às conquistas de D. Afonso Henriques e às valentes batalhas que a mantiveram de pé. É mergulhar nos encantos que a tornaram presente de casamento de reis para rainhas. Como escreve Vítor Cintra:
“(…)
Contam teus muros histórias
De sangue, heróis e pelejas,
De resistência, vitórias.
E, dessas tuas memórias,
Renasces, como desejas.
Óbidos é “menina e moça” em corpo de mulher, que se recria sem perder a sua identidade. Quem a visita perde-se no seu centro histórico e não resiste ao castelo medieval. Demora-se no charme do seu casario caiado de branco, com faixas de cores diferentes e trepadeiras de flores. Passeia-se pelo empedrado das suas ruas e ruelas, que pede mãos dadas e uma dose extra de romantismo. Afinal, até as paredes falam de amor. Quem a visita não resiste à ginja e ao chocolate, que fazem um match perfeito.
Vai um passeio por Óbidos?
Se quiser informações sobre a vila, as visitas guiadas e obter mapas da zona vá ao Posto de Turismo de Óbidos que se encontra na Rua da Porta da Vila, fora do Centro Histórico, junto ao Parque de Estacionamento principal.
Óbidos é uma vila portuguesa do distrito de Leiria e visita-se num dia. É pequena, mas intensa. Conquista logo à entrada, quando passamos pela Porta da Vila, um portão duplo com o interior revestido de azulejos do século XVIII. É certo que vais parar ali por uns minutos e vais perceber que a beleza ainda agora começou.
A Porta da Vila leva-te à Rua Direita, que é a rua principal, o coração comercial da vila. É uma rua estreita, mas cheia do glamour de uma passerelle. Como é que uma rua tão pequena demora tanto tempo a ser percorrida? À esquerda e à direita há lojas de artesanato, restaurantes e galerias de arte. Enquanto bebes a Ginginha de Óbidos em copo de chocolate, já estás a por o olho no menu do restaurante, que te oferece a caldeirada de peixes da Lagoa de Óbidos e o ensopado de enguias, pratos típicos da região.
Sabiam que Óbidos foi classificada como Vila Literária pela UNESCO? E que podemos encontrar livros em espaços improváveis, como Livrarias em Igrejas e em Mercados Biológicos? Pelos vistos, não há improváveis quando se trata de leitura e há projetos que dão asas aos livros, como a LER DEVAGAR que criou diversos locais culturais espalhados pela vila de Óbidos, em edifícios que estavam abandonados.
Uma das livrarias transformou a Igreja de Santiago, datada de 1755, num local de visita obrigatória, por toda a sua ligação histórica e cultural. Outro exemplo é o Mercado Biológico onde vinhos, pêras, maçãs e azeites, partilham o espaço com obras de poesia, psicologia e gastronomia. Um espaço híbrido, onde o valor das coisas está na dimensão simbólica da troca. Não fosse a distância, passaria parte do meu dia nesta livraria. Gosto de cada canto, de cada detalhe. Caixas de madeira que são estantes e onde livros partilham espaço com garrafas de vinho, numa espécie de embriaguez literária, só possível em locais como este. Um brinde à originalidade!
Continuando pela Rua Direita, encontrarás o Museu Municipal de Óbidos, que guarda algumas das produções artísticas e religiosas da Vila. Entre várias peças, destacam-se algumas pinturas dos séc. XVI e XVII, especialmente de Josefa de Óbidos, uma pintora que marcou a época pela sua irreverência. Vale uma visita atenta e demorada.
Um pouco mais à frente, abre-se um largo. À tua direita, o pelourinho, classificado como Monumento Nacional deste 1910, e a Igreja Matriz de Santa Maria, que é a igreja principal da vila. Foi mandada erigir imediatamente após a conquista de Óbidos aos Mouros, em 1148, mas o templo que hoje se ergue data do século XVI. À tua esquerda, tens o aroma doce dos bolos, cozidos em forno de lenha, da Confeitaria Capinha d’Óbidos. Broas de azeite, bolinhos de limão, biscoitos e as famosas capinhas, uma receita familiar com mais de 100 anos. O que visitar primeiro? A escolha não foi fácil 🙂
Seguimos em direção ao Castelo de Óbidos que é um dos monumentos mais marcantes e bem preservados da história de Portugal. É daqueles castelos que fazem parte do nosso repertório de desenhos infantis. De pedra robusta, muralhas altas, ameias, torres e fortificados. A sua edificação é atribuída aos Árabes, passou pelas mãos dos mouros e, em 1148, D. Afonso Henriques incorporou-o ao reino de Portugal. Resistiu ao terramoto de 1755. Hoje recebe a visita de milhares de turistas e é Rei nas grandes festas da vila.
É Monumento Nacional, desde 1951, e tem instalada a Pousada do Castelo de Óbidos, que ocupa o paço de estilo Manuelino (séc. XVI), que foi recuperado depois do terramoto.
Óbidos é para ser passeada e sentida na ponta dos dedos (dos pés). Por isso, uma visita a esta vila medieval não fica completa se não fizermos um passeio pelas suas muralhas centenárias e se não nos perdemos pelo enredo das suas ruas e ruelas. As muralhas têm uma extensão de 1,5 quilómetros e podem ser percorridas gratuitamente. Podemos aceder às muralhas em vários pontos da vila, inclusive, no próprio Castelo de Óbidos. Do alto da cerca amuralhada podemos admirar a sua solidez e grandiosidade e ter uma vista privilegiada sobre a vila e toda a região.
Dica: as muralhas são altas e não têm proteção, por isso o passeio deve ser feito com cuidado.
A vila de Óbidos tem muitos segredos, mas visitá-la não tem segredo. Basta andar pelas suas ruas e travessas, sem pressa. Se fugires um pouco da Rua Direita, que é feita de movimento, numa espécie de babel de línguas, nacionalidades e frenesim, vais encontrar ruelas que andam devagar. Não vais ter mãos a medir com tantas fotografias que lhes vais querer tirar, porque elas são fotogenia. Paredes pintadas, jardins escondidos, pequenas igrejas que compõem esquinas. E se esperares pelo fim da tarde, a cor da vila muda… vais ter de ir para ver!
Todo este legado histórico, em diálogo com a programação cultural da atualidade, faz de Óbidos um destino turístico de excelência, considerado uma das 7 Maravilhas de Portugal. Durante todo o ano, a vila enfeita-se de festa(s):
- Festival Internacional de Chocolate [março e abril] – realizado desde 2002, é um festival para miúdos e graúdos, onde os mais gulosos são reis. As ruas tornam-se montras, onde podemos ter um contato mais de perto com o mundo do chocolate. Comprar, provar e ver como se trabalha a arte do chocolate.
- Mercado Medieval [julho e agosto] – entre Muralhas, e com um castelo tão imponente, Óbidos regressa ao tempo medieval. As ruas enchem-se de figurantes vestidos a rigor. Nobres, almocreves, mendigos ou malabaristas recriam todo um cenário de época. Há torneios a cavalo, ceias medievais, lutas e combates e o mercado, onde podemos comprar vários produtos medievais.
- Festival Literário Internacional de Óbidos [outubro] – o FOLIO teve a sua primeira edição em 2015 e nasceu da iniciativa da Vila Literária de Óbidos de 2013. De nada servem os livros senão tiverem presentes os seus autores, editores, leitores, alunos e todos os curiosos do mundo literário. Um aposta ganha.
- Vila Natal [novembro a janeiro] – todos os anos, Óbidos recebe o Natal de braços abertos. A viagem é ao mundo dos sonhos e do imaginário, onde todos são convidados a visitar uma vila cheia de luzes e cores, onde o Pai Natal é o ator principal.
Nestas épocas vai encontrar uma vila repleta de gente e muita animação. Por isso, a melhor época do ano para visitar Óbidos dependerá muito dos seus objetivos. Se pretender uma visita tranquila ou uma escapadela romântica, fuja das épocas altas e festivas.
Fora das muralhas, o que pode visitar?
Óbidos merece uma visita exclusiva, mas ao seu redor tem alguns monumentos que pode visitar e atividades que pode fazer. Deixamos aqui algumas sugestões.
- O Aqueduto da Usseira que é o primeiro sistema de abastecimento de água de Óbidos, mandado construir em 1573 por D. Catarina, mulher de D. João III. É avistado das muralhas do Castelo.
- O Santuário do Senhor Jesus da Pedra que foi construído integralmente em pedra em 1747, em memória de D. João V. É um edifício de estilo barroco, de estrutura hexagonal que permanece incompleto até aos dias de hoje. Na capela-mor não deixe de admirar a cruz de pedra com a imagem de cristo.
- A Lagoa de Óbidos fica entre os Concelhos de Caldas da Rainha e Óbidos. Tem uma área total aproximada de 6.9 km2, o que faz dela o sistema lagunar costeiro mais extenso da costa Portuguesa. É onde se pescam os peixes e as enguias para a caldeirada e o ensopado, pratos típicos da região.
- Tem as praias de Peniche, da Nazaré e de São Martinho do Porto, a cerca de 15 minutos de carro.
- Para os amantes de caminhadas e/ou passeios de bicicleta há a Eco-Pista Várzea da Rainha, que liga a praia do Bom Sucesso à Vila de Óbidos. É um circuito em piso de terra batida, de 15,6 quilómetros, caracterizada pela proximidade ao rio Arnóia e à Lagoa de Óbidos.
Óbidos é um cartão postal e é certo que vamos regressar.
Detalhes
Planeie a sua viagem
Se fizer a reserva através dos seguintes links, não paga mais por isso e ajuda o Ir em Viagem a continuar as suas viagens
- Faça um seguro de viagem com a IATI (e ainda recebe 5% de desconto)
- Encontre o melhor alojamento no Booking. É onde fazemos as nossas reservas.
- Alugue carro, ao melhor preço, na Discover Cars. Entre e explore.
- Quer evitar filas? Reserve no GetYourGuide os seus bilhetes para monumentos e tours.
Este post pode ter links afiliados
João Batista
Parabéns pela Vossa excelente reportagem sobre Óbidos que também não me canso de visitar . Obrigado.
Vera e Marcelo
Muito obrigada pelo seu feedback João. Nós é que agradecemos. Também não nos cansamos de lá ir. Sempre que uma ida ao sul se proporciona, fazemos “a” paragem estratégica 🙂
Ana Lúcia de Lemos Furtado
Por mais que tenha estado em Óbidos, não tive essa riqueza de informações que me ofereceram aqui ,muito grata.
Vera Duarte
Muito obrigada pela sua mensagem. Que bom que gostou da nossa crónica e que a achou útil 🤗