Açores: Guia Prático pelas ilhas do Grupo Central
Em Agosto de 2021 decidimos atirar-nos às montanhas, aos trilhos, à natureza e ao descanso dos Açores. 15 dias, 4 ilhas do Grupo Central. Pico, Faial, São Jorge e Terceira. Visitar os Açores é uma experiência incrível e como só conhecíamos a Ilha de São Miguel decidimos alargar as vistas. Não foi uma viagem fácil de organizar, mas as férias foram espectaculares. Os Açores trataram-nos muito bem e deram-nos o melhor dos “certificados digitais”: a montanha para respirar e a liberdade da natureza. Por lá tínhamos ficado mais uns dias, numa qualquer casa com alpendre virado para o mar a ver os golfinhos pass(e)ar.
Neste artigo pretendemos compilar algumas informações práticas que possam ser úteis na organização da sua viagem aos Açores. Circular entre diferentes ilhas foi o maior desafio que encontramos, por isso, em cada ponto, partilhamos também a nossa experiência.
CONTEÚDOS DO ARTIGO
1. As ilhas açoreanas do Grupo Central
2. Quando ir
3. Como chegar
4. (Re)encaminhamento entre ilhas
5. Transferes entre as ilhas
6. Alugar carro, sim ou não?
7. Seguro de viagem
8. Dicas e (F)utilidades
1. As ilhas açoreanas do grupo central
O Arquipélago dos Açores situa-se em pleno Oceano Atlântico, faz parte da região da Macronésia, e é composto por 9 ilhas divididas por três grupos: o Grupo Oriental, o Grupo Central e o Grupo Ocidental. Cada ilha é diferente e tem o seu encanto. Em comum, paisagens deslumbrantes. O Grupo Central é o maior e é constituído por 5 ilhas: Terceira, Graciosa, São Jorge, Faial e Pico.
>> A nossa experiência: Voamos do Porto para a Ilha Terceira. Daqui pedimos reencaminhamento para a Ilha do Pico, onde ficamos seis dias, uma vez que dois deles foram passados na Ilha do Faial. Do Pico apanhamos o barco para São Jorge, onde ficamos 3 dias, e daqui voamos até à Terceira, que nos acolheu por 5 dias.
2. Quando ir
Devido ao seu clima moderado, os Açores podem ser visitados durante todo o ano, mas a melhor altura será entre junho e outubro. Porquê?
✔️ Há maior e melhor visibilidade, melhor temperatura da água e é a melhor altura para as principais atividades a fazer nas ilhas. O clima estará mais quente, o que permitirá aproveitar melhor a zona balnear, as piscinas naturais e ter melhores condições para fazer os tantos trilhos que as ilhas nos oferecem. Se estiver nos seus planos subir à Montanha do Pico, esta altura também pode ser a melhor. Se é verdade que a ocorrência de nuvens e chuva é possível em qualquer altura do ano, os meses de verão apresentam períodos mais prolongados de sol e temperaturas mais altas.
✔️ É a melhor altura para ver as hortênsias na berma das estradas ou a dividir muitos dos campos verdes das ilhas.
✔️ É, também, a melhor altura para a observação das baleias e dos golfinhos. Na primavera começa a migração das grandes baleias e no verão há mais espécies de golfinhos e os grupos tendem a ser maiores. Apesar disso, é importante sublinhar que os cetáceos podem ser avistados em qualquer altura do ano, principalmente os cachalotes, que são a espécie icónica dos Açores (para mais informações, consulte aqui)
>> A nossa experiência: Viajamos na primeira quinzena de Agosto e isso permitiu-nos ver e experienciar tudo aquilo que falamos em cima. Mas viajar em agosto tem alguns inconvenientes. A organização das férias foi mais exigente do que um jogo de xadrez, tantas foram as estratégias e táticas para encontrar alojamento (mais económico), conseguir carro para alugar, comprar bilhetes para fazer as travessias de barco entre ilhas, marcar visitas em espaços esgotados até ao final do mês ou tentar reservar em restaurantes que não servem mais por falta de pessoal. Até para subir à Montanha do Pico havia lista de espera. Tivemos de tirar as Flores e o Corvo do nosso roteiro inicial, diminuir o número de dias e (re)ajustar o orçamento a um agosto que nem sempre vem a gosto. Se viajar no mês de agosto, organize a sua viagem com antecedência.
Contudo, o mês de maio pode ser também uma boa opção se quiser vivenciar as festividades do Espírito Santo, que se realizam anualmente entre o fim-de-semana de Pentecostes (ou seja sete semanas após a Páscoa) e a Trindade, e que são uma celebração que se enraizou em todas as ilhas dos Açores, apesar de apresentarem variantes entre as várias ilhas. São compostas por cerimónias religiosas e profanas: desde a “coroação” do Imperador Menino, ao desfile de cortejos, a distribuição de rosquilhas ou pães, bem como a realização de grandes almoços oferecidos às centenas de convidados, onde se saboreiam as típicas Sopas do Senhor Espírito Santo.
3. Como chegar
Para o Grupo Central há voos diretos do Porto e de Lisboa para a Terceira e de Lisboa para a Ilha do Pico. Os voos têm uma duração aproximada de 2h45. Também é possível voar para a Ilha de São Miguel (que fica no grupo Oriental) e pedir o encaminhamento para a ilha do Grupo Central que pretende. Ou então pode deslocar-se por mar, numa ligação de ferry operada pela empresa Atlânticoline (ver os dois pontos seguintes).
4. (Re)encaminhamento entre ilhas pela sata
À data da nossa viagem, era possível pedir o encaminhamento gratuito entre as diferentes Ilhas do Arquipélago? Entretanto, tivemos a informação que essa situação foi alterada e que esse pedido tem agora algumas limitações. O ideal é consultar o site.
>> A nossa experiência: compramos voo para a Ilha Terceira, por estar mais acessível a nível de preço, e pedimos um encaminhamento para a Ilha do Pico. Ele pode ser feito no mesmo dia ou no dia seguinte, porque está dependente da disponibilidade de voo da SATA naquele período de tempo. Se for no dia seguinte, terá de assegurar a pernoita na ilha, como foi o nosso caso. O voo Terceira-Pico durou 25 minutos. Dica importante: se viajarem de mochila e não a quiserem despachar, ela não podem pesar mais de 8kg.
5. transfer inter-ilhas
Se pretender visitar mais do que uma Ilha nos Açores, convém saber como circular entre elas.
Uma opção é usar os barcos regulares entre ilhas, que são operados pela empresa Atlânticoline, e que disponibiliza serviço de ferry entre as nove ilhas.
✔️ É uma solução mais económica.
✔️ Tem várias linhas, uma de operação regular, como as ligações entre Faial, Pico e São Jorge, que são de ordem diária (dica: convém sempre verificar no site se as ligações estão todas operacionais), e outra sazonal, que é a ligação entre as 9 ilhas de maio a outubro.
✔️ Pode comprar bilhetes individuais (só de passageiro e/ou com carro) ou passes de viagem, como é o caso do Sea Pass (Azores for You).
Outra opção é utilizando a companhia aérea local, a SATA, que opera regularmente entre as ilhas, com pequenos aviões a hélices. É mais rápido, mas bastante mais caro do que a travessia por barco.
>> A nossa experiência: nós fizemos duas travessias de barco. A primeira foi entre as ilhas do Pico (Madalena) e Faial (Horta). Durou cerca de 25 minutos e, como é uma travessia regular, oferece muitas opções de horários durante o dia. Os bilhetes custaram 7,20€ por pessoa (ida e volta). A segunda travessia foi entre a ilha do Pico (Madalena) e São Jorge (Velas). Durou cerca de 1h20 m, tem menos opções diárias e custou 10,5€ por pessoa (só ida). À data da nossa visita não se estavam a realizar as travessias a partir do cais de São Roque (no Pico). De São Jorge para a Terceira, compramos um voo da SATA que nos custou 60€ por pessoa e durou 30 minutos.
6. alugar carro, sim ou não?
Sim, sim, sim!
As ilhas dos Açores são para ser visitadas de carro para que possa ter mais autonomia na sua visita e parar nos locais que quiser. Além disso, as ilhas têm dimensões e orografias diferentes e nem sempre os transportes públicos têm horários compatíveis com as nossas necessidades e com o tempo de estadia. Claro que tudo depende do seu estilo de viagem, mas nós recomendamos o aluguer de carro ou motorizada.
Temos trabalhado com a Hertz, mas não faltam sugestões de rent-a-car disponíveis, inclusivé de empresas locais.
>> A nossa experiência: alugamos carro nas Ilhas do Pico, São Jorge e Terceira. No caso da Ilha do Faial decidimos fazer a travessia com o carro da Madalena, no Pico, para a Horta, no Faial. Geralmente não compensa fazer o transfer do carro pelo barco por dois grandes motivos: 1) normalmente é fácil e vantajoso alugar um carro ou uma mota diferente em cada ilha; 2) porque os seguros dos carros alugados não têm cobertura nas outras ilhas, o que é sempre um risco. Nós optamos por fazer a travessia com o carro porque à data da nossa visita não havia muita oferta de carros disponíveis para alugar e os preços estavam bastante inflacionados. Na travessia de barco pagamos 51,40€/ ida e volta (1 veículo e 2 pessoas).
7. Seguro de viagem
Nunca viajamos sem seguro e como temos trabalhado com a IATI seguros foi com eles que contratamos o seguro. Optamos pelo IATI Escapadinha, adaptado à nossa viagem e com coberturas COVID-19. Por 15 dias, para 2 pessoas, pagamos 16.87€.
Se quiser saber mais sobre os Seguros da IATI, leia o nosso post “Viaja (com) seguro, como nós” e, se quiser contratar um seguro, utilize o nosso link e terá 5% de desconto (e ainda ajuda o nosso blogue).
8. Dicas e (f)utilidades
Aqui pretendemos partilhar algumas dicas que possam melhorar a vossa experiência
✔️ Antes de começar a conhecer a Ilha, pegue num mapa e marque os lugares que quer visitar. Assim pode organizar-se e aproveitar melhor o seu dia.
✔️ As travessias de barco nem sempre são tranquilas, por isso, se costuma enjoar, não se esqueça de comprar comprimidos para o enjoo.
✔️ Nas diferentes ilhas dos Açores a utilização de um carro ou de uma mota é imprescindível. As distâncias entre os diferentes locais de interesse é considerável. Por exemplo, na Ilha do Pico, da Madalena às Lajes leva-se cerca de 35 minutos de carro e pode custar uma média de 30€ de taxi.
✔️ Mesmo que viaje no verão, leve vestuário para as 4 estações do ano. E se estiver nos seus planos fazer um trilho/ percurso pedestre vá bem preparado (vestuário, botas…).
✔️ Estude os percurso pedestres antes de se meter neles e quando os painéis informativos indicarem “Nível de dificuldade: fácil”, leia sempre “moderado”.
✔️ Se pretende poupar algum dinheiro na alimentação, veja no post do Instagram algumas das ideias que partilhamos.
Outros artigos sobre os Açores:
Ilha do Pico (Açores): o que visitar na Ilha Montanha
Ilha de São Miguel: dez perguntas… as nossas respostas!
Prometemos voltar: crónica sobre a Ilha de São Miguel
Trilho do Salto do Prego (São Miguel, Açores)
Esperamos que as nossas sugestões e imagens vos inspirem a ir e ajudem a preparar a viagem.
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E já sabem… o importante é IR!
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