Aceredo: a aldeia congelada no tempo
Neste artigo pretendemos partilhar a nossa visita à Aldeia de Aceredo, na Galiza, e propor-vos um roteiro de um dia para que possam aproveitar ao máximo.
Como íamos fazer um trilho no domingo, que começava na Portela do Homem, no Parque Nacional Peneda-Gerês, decidimos por-nos à estrada no dia anterior. Tínhamos ouvido falar que uma das aldeias que tinha ficado submersa em 1992, com a construção da barragem do Alto Lindoso, estaria à vista por causa da seca que se tem feito sentir. Esse foi o mote…. tudo o resto foi descoberta.
Começamos em Lindoso, seguimos para a aldeia de Aceredo e terminamos o dia nas termas romanas de Bande. Querem saber mais? Então venham connosco.
o roteiro
📍 Começamos a nossa visita pela aldeia de Lindoso, que fica no concelho de Ponte da Barca, uma aldeia de montanha conhecida por ser uma das mais emblemáticas do Parque Nacional Peneda-Gerês, não estivesse nela uma das Portas “sagradas” de entrada no Parque. Ficam a saber que a água e a geologia é a temática desta Porta, cujo complexo integra o famoso castelo de Lindoso, o cruzeiro e o maior conjunto de espigueiros do Parque Nacional, edificados em granito, e datados dos séculos XVIII e XIX.
Quase setenta, acreditam?
Passeamos pelas ruas da aldeia, perdemos-nos por entre os espigueiros da eira comunitária e visitarmos o Castelo que é um dos mais importantes monumentos militares portugueses principalmente pela sua localização estratégica. Apesar de ainda se discutir as suas origens, é unânime que seja obra do reinado de D. Afonso III ( século XIII). Lá dentro, podemos encontrar o Núcleo Museológico, de visita gratuita, que nos conta a história da região, das tradições e das suas gentes de sotaque muito próprio.
📍 Seguimos para Aceredo que fica a cerca de 10 quilómetros de Lindoso. Não sabíamos muito da sua história, apenas que tinha desaparecido do mapa em 1992, juntamente com mais quatro aldeias – O Bao, Reloeira Buscalque e Lantemil – com a polémica construção da barragem do Alto de Lindoso. Pelo caminho vínhamos a ler que era uma das mais interessantes aldeias da Galiza, onde muitos portugueses e espanhóis se deslocavam para passar o fim de semana. Mas as vozes de descontentamento dos habitantes de Aceredo não foram suficientes e a aldeia foi submersa, e assim ficou durante 30 anos.
o mellor sitio da Baixa Limia. Todos os domingos viña xente a pé de todas partes arredor
Domingo González, antigo morador de O Bao, no La Voz de Galicia
Mas a descida repentina das águas, devido à seca severa que temos atravessado, deu vida às memórias ao trazer à tona a aldeia que parou no tempo. Há quem lhe chame aldeia fantasma, mas esta é uma imagem que contraste com a atração turística em que se tornou, que tem levado imensos curiosos (como nós) a visitá-la porque o cenário é, de facto, impactante.
Quando lá chegamos e vemos a aldeia de Aceredo do miradouro, a primeira sensação é de espanto. Ao longe, tudo tem a mesma cor, cinzento, que contrasta com o azul da água que beira as casas. Quando nos aproximamos vem o silêncio, o cheiro da terra molhada de há muito tempo e os troncos das árvores ressequidos. Pelas ruas lamacentas, passamos por construções intactas, vemos sapatos perdidos no chão e outros objetos pessoais e ladrilhos que brilham com o sol. Um fontanário que continua a deitar água, um carro que viu o tempo passar e grades de cerveja pousadas no chão, à espera que alguém as vá buscar E rapidamente parece que somos transportados para dentro de um filme e o que sentimos é um misto de emoções.
Vidas e sonhos suspensos pela invasão das águas. Assim é Aceredo…
Apesar de ser uma atração turística, o passeio e a visita à aldeia deve ser feita com precaução e cuidados de segurança. Não podemos descurar o facto do lugar ter estado muitos anos submerso.
📍 De Aceredo seguimos caminho para o nosso próximo destino, a zona termal de Os Baños de Bande que fica nas margens do rio Limia, ao passar pela aldeia de Porto Quintela, no município de Bande.
O objetivo era alcançar as termas romanas, mas antes de lá chegarmos fomos surpreendidos com um complexo arqueológico brutal chamado Aquis Querquennis, conhecido popularmente como A Cidá. Construído entre 69 e 79 d.C., durante o reinado do Imperador Vespasiano, este assentamento do antigo Império Romano é dos mais bem conservados da Península Ibérica. A finalidade do acampamento era albergar os soldados que construíam a Via Nova, estrada que ligava as antigas cidades de Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astroga).
Como os romanos já nos habituaram, esta foi uma escolha estratégica porque, nas imediações, havia todo um complexo termal de águas com propriedades medicinais que tinha grande importância para a recuperação dos legionários e para lazer. Podemos encontrar, então, quatro piscinas, onde a temperatura da água varia entre os 36º e os 48º graus. Tudo à volta respira natureza e serenidade. Um encontro feliz entre arquitetura natural e arquitetura humanizada.
Dica: Na estrada principal vai aparecer, do vosso lado direito, placas com as indicações Praia fluvial de Porto Quintela e Aquis Querquennis. Sugerimos que virem aí e estacionem na zona da praia fluvial e/ ou do Centro Interpretativo. O estacionamento é gratuito e permite-vos, por um lado, conhecer a praia fluvial que é um bonito espaço de lazer que ofereceum parque de merendas e, por outro, percorrer parte da Via Nova, por meio de um bosque, em direção ao complexo arqueológico. Daqui, e continuando a caminhar a pé, alcançam as termas. Atenção que é possível ir ter diretamente às termas de carro.
mapa (do roteiro)
Saímos do Porto de carro e conduzimos pela A3 em direção a Ponte da Barca. Daqui seguimos pela N203 e pela M530, seguindo as indicações de Lindoso. São cerca de 120 km, feitos em 1h30.
A aldeia de Aceredo fica a pouco mais de 20 minutos de Lindoso e, para lá chegar, apanhamos a N304-1, passamos a fronteira, e seguimos pela OU540. Não há nenhum placa identificativa, mas o GPS é o nosso melhor amigo. Podemos parar no Miradouro do Encoro de Lindoso, que fica antes da aldeia, ou no Miradouro da antiga aldeia de Aceredo. Ambos no lado esquerdo da estrada, no sentido Portugal – Espanha.
Seguindo sempre pela OU540, 20 quilómetros chegam para alcançar a zona termal de Os Baños de Bande.
onde comer e dormir: a nossa sugestão
Para quem quiser ficar a pernoitar e/ ou procure um bom sítio para fazer as refeições, nós recomendamos vivamente o Hotel Restaurante Lusitano, em Lobios. O Hotel é um alojamento de 1 estrela, que oferece boas condições a quem lá fica hospedado. Quartos confortáveis, bons preços, wi-fi, estacionamento privativo, ótima localização. Oferecem, também, de forma independente, um bar onde podemos ir tomar o pequeno almoço (que não está incluído na tarifa diária) e um restaurante com uma carta muito completa. Aliás, o restaurante ganhou, em 2014, um prémio de Gastronomia pela sua trajetória culinária. E se por lá estiver o João Dias peçam um chupito que ele traz vos a garrafa.
Para refeições mais leves ou deliciarem-se com as típicas tapas espanholas, têm o Cafetaria-Grill Luma, que fica mesmo em frente ao Hotel.
Cafetaria-Grill Luma Restaurante Lusitano
Dica: Lobios também é conhecida por ter uma piscina pública de água termal, quente, a céu aberto e gratuita, com o rio Caldo logo ali ao lado, chamada Caldaria de Lobios. Uma área preparada para banhos, que é utilizada de verão e de inverno, de dia e de noite, ainda que, como dizem os locais, “à noite é muito melhor”. Para o pessoal das caminhadas, se fizerem o Trilho de Padrendo passam por aqui. Um merecido descanso.
Esperamos que as nossas sugestões e imagens vos inspirem a ir e ajudem a preparar a viagem.
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E já sabem… o importante é IR!
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