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Cidades Criativas do Centro de Portugal: o que visitar

Neste artigo pretendemos partilhar um roteiro pelas 5 Cidades Criativas da região Centro de Portugal: Covilhã, Idanha-a-Nova, Leiria, Óbidos e Caldas da Rainha, apontando locais de interesse, experiências, eventos, curiosidades e, sempre que possível, sugerir onde comer e dormir.

Quantas vezes temos dois ou três dias livres e não sabemos o que fazer ou para onde ir? Quantas vezes precisamos de um motivo para combater a rotina? Então este artigo é para si! Faça dele um passaporte que o/a leve a (re)descobrir estas cidades nas suas diferenças e nas suas riquezas. Nós já tínhamos estado nestas cidades, mas não imaginam o que aprendemos nesta experiência e quantas coisas fantásticas o nosso país nos reserva, em beleza, acolhimento e resiliência.

Vale bem a pena o passeio por estas cidades criativas. Fica o desafio!

o que é?

A Rede de Cidades Criativas da UNESCO foi criada em 2004 e, à data, é composta por 246 cidades em sete áreas criativas – artesanato, arte folclórica, design, cinema, gastronomia, literatura, media e música.

Portugal tem nove cidades criativas no total e cinco delas estão no centro do país: Leiria e Idanha-a-Nova (ambas Cidades Criativas da Música), Caldas da Rainha (Cidade Criativa do Artesanato e Artes Populares), Óbidos (Cidade Criativa da Literatura) e Covilhã (Cidade Criativa do Design).

Curiosidade: As outras cidades criativas portuguesas são: Braga (Cidade Criativa das Artes Digitais, 2017), Amarante (Cidade Criativa da Música, 2017), Barcelos (Cidade Criativa do Artesanato e das Artes Populares, 2017) e Santa Maria da Feira (Cidade Criativa da Gastronomia, 2021)

1. Covilhã

Cidade criativa do Design, desde 2021

À beira lã plantada, a Covilhã é uma visita imperdível.

Ir em Viagem

Sabiam que a Covilhã foi a primeira cidade em Portugal a integrar, em 2021, a categoria Cidade Criativa do Design na Rede UNESCO? E que, desde 2020, integra também a rede de Geoparques Mundiais da UNESCO? Aqui entre nós, não é de estranhar. Afinal, é no romance entre a neve e a lã que a cidade da Covilhã se tem reconstruído ao longo dos tempos.

A Covilhã retira partido da paisagem de exímia beleza da Serra da Estrela, num território feito de memórias e de contrastes. Aldeias de montanha, minas (Panasqueira e Recheira), praias fluviais, piscinas naturais, lagoas encantadas, trilhos seculares, cascatas e termas. Além disso, há muita história nesta terra e grande parte dela é indissociável do vanguardismo da indústria têxtil e dos lanifícios que determinou, inclusive, a sua elevação a cidade em 1870. A lã e os lanifícios são parte do ADN da cidade há mais de oito séculos e são, hoje, fonte de inspiração e ressignificação, quer pela Arte Urbana, quer pelo Design de moda, utilizando o burel produzido com as lãs locais.

Na Covilhã, passado e presente dialogam. Nos murais que embelezam as paredes da cidade (Rota da Arte Urbana). No património industrial e arquitetónico estimado e mimado (Museu da Covilhã, Museu de Lanifícios). Nos miradouros urbanos premiados (Ponte sobre a Ribeira da Carpinteira). Nos espaços culturais feitos de bom gosto e de novas linguagens estéticas, e outros que gritam criatividade e empreendedorismo (New Hand Lab). Numa Universidade (UBI) que trouxe a juventude, a azáfama e a inovação, contrariando a interioridade e dando novo folgo à cidade. Numa gastronomia que recupera sabores antigos em iguarias modernas e na oferta de alojamentos sofisticados (como são exemplo o Hotel Pura Lã, Pena D´Água, Taberna da Laranjinha, Açafrão, entre tantos outros).

Pára tudo!! E chamem todos os antepassados da cidade para uma reunião de urgência. Há brindes a fazer à criatividade, aos sonhos concretizados e à audácia dos próximos projetos.

LOCAIS DE INTERESSE E EXPERIÊNCIAS

✔️ Centro Histórico da cidade.

✔️ Museu dos Lanifícios da Beira Interior, que conta a história da ligação da cidade à indústria têxtil.

✔️ Museu da Covilhã, que é um projeto de museografia original que nos leva a viajar pelas origens da cidade, desde as primeiras ocupações até à atualidade.

Curiosidades: O Museu da Covilhã fez uma aposta (ganha) na acessibilidade para diminuir as barreiras físicas, intelectuais e sociais, permitindo às pessoas portadoras de deficiência fazer uma visita de forma autónoma. O Museu tem marcações no chão, legendas em braille, linguagem gestual e algumas fotografias e peças em relevo, assim como mobiliário adaptado para que pessoas em cadeira de rodas

✔️ Ponte sobre a Ribeira da Carpinteira, uma das maiores pontes pedonais em Portugal – 52 m de altura, 220 m de comprimento e 4,40 m de largura – criada pelo arquitecto João Luís Carrilho da Graça.

✔️ Galeria António Lopes, onde é possível ver vários trabalhos do artista, desde a pintura a trabalhos de fotojornalismo.

✔️ Roteiro da Arte Urbana.

✔️ New Hand Lab, um espaço que pretende promover a criatividade.

✔️ Visite a loja Tentadora, cowork, shop & gallery, um espaço vocacionado para áreas criativas e dinamização cultural.

eventos em destaque

✔️ WOOL – Festival de Arte Urbana da Covilhã

onde (gostamos de) comer e dormir

A primeira vez que visitamos a Covilhã jantamos na Taberna A Laranjinha, já muito conhecida por quem visita a cidade. Desta vez, fomos conhecer o outro restaurante de Ricardo Ramos, chamado Açafrão, que nos leva por uma viagem pela rota das especiarias. Curiosos/as?

Exatamente como a especiaria, o restaurante quer marcar a diferença no mundo da gastronomia. Com uma carta onde os produtos da região são os protagonistas principais, podemos deixar-nos “guiar” pelas mãos do Chef Gonçalo Filipe ou simplesmente seguir as indicações da carta. Entre alguns pratos absolutamente deliciosos, podemos encontrar, como entradas, o trio delicado de snacks, que inclui o cone de requeijão e doce de abóbora, as crackers de arroz com maionese de açafrão e chouriço de javali, e tostas de massa mãe com pasta de azeitonas. Como prato principal, o lombo de bacalhau, feito com grão e gema a baixa temperatura e, para sobremesa, temos a “rabanada” preparada com Bolo da Festa de Tortosendo (que é uma vila do município da Covilhã). A tudo isto juntam-se um dos melhores vinhos da região das Beiras e um espaço que data do final do séc. XIX.

O Restaurante Açafrão está integrado no recém aberto Pena D’Água Boutique Hotel & Villas, que é um mimo para os olhos. Um hotel 4 estrelas que nos faz ficar a suspirar. Mas não suspiramos menos no Puralã – Wool Valley Hotel & SPA  onde ficamos alojados. A 3 km da cidade, este hotel permite-nos a conciliação entre a natureza, saúde, bem-estar e as tradições da região. Estão a imaginar uma massagem chamada “ritual da lã”? Pronto, não precisamos de dizer mais nada!

2. idanha-a-nova

Cidade criativa da música, desde 2015

Quando nos dizem que uma vila do interior do país é a primeira Cidade Criativa da Música em Portugal, sorrimos com orgulho. O seu nome corre mundo ao lado de grandes cidades mundiais como Londres, Sevilha, Bolonha, Liverpool ou Abu Dhabi.

Idanha-a-Nova vive ao ritmo da música, que se aprende desde a creche, investiga e promove profundamente as suas tradições, aposta em infraestruturas culturais e na construção e restauro de instrumentos musicais como o Adufe, que é um filho da terra e símbolo cultural da região. O Adufe é um instrumento de percussão, tocado por mulheres, conhecidas como adufeiras, e acompanha o canto, cujo ritmo e melodia têm ancestralidade.

E voltamos a sorrir, afinal Idanha-a-Nova é o som do Adufe.

Curiosidades: Sabem como se constrói um adufe?
Maria José Caroço faz Adufes desde 1991 e explicou-nos a sua arte: 1) são feitos de pele de ovelha ou borrego; 2) antes de coser colocam-se caricas para dar o som; 3) o embelezamento do adufe é feito com uma fita larga e colorida na costura e nos cantos coloca-se tecidos de diversas cores; 4) colocar ao sol para secar.

Não cabem nos dedos das duas mãos o número de grupos de música tradicional que são abraçados pela região ou a quantidade impressionante de eventos e festivais ligados à música, desde a eletrónica aos sons tradicionais, passando pelo registo erudito. É tudo lá, está tudo lá.

A música une-se à sensibilidade ambiental, num território que tem marca(s) de sustentabilidade. Uma bio-região que o chilrear de pássaros felizes ao acordarmos não deixa duvidar. Talvez o segredo esteja mesmo na ideia de que se plantarmos tradição, colhemos inovação. Que assim seja.

LOCAIS DE INTERESSE E EXPERIÊNCIAS

✔️ Centro histórico e ruínas do castelo. Idanha-a-Nova é uma aldeia histórica classificada como Monumento Nacional com um papel indelével no contexto das estações arqueológicas do país.

✔️ Centro Cultural Raiano, um espaço que partilha a cultura, a arqueológica e as artes plásticas do território.

✔️ Centro de Artes Tradicionais, aqui é possível comprar adufes e conhecer Maria José Caroço que lhes dá vida.

✔️ Conhecer o trabalhos das Adufeiras do Rancho Etnográfico de Idanha-a-Nova, da Filarmónica Idanhense e da Orquestra sem Fronteiras

✔️ Planifique a sua descoberta do território adquirindo o Idanha-a-Nova Passport, que lhe permite conhecer os espaços da Rede Museológica

✔️ Visitar a bonita Aldeia histórica de Monsanto e o Parque Icnológico de Penha Garcia, que preserva inúmeros vestígios do que foi a vida há 480 milhões de anos.

✔️ Relaxe nas Termas de Monfortinho, onde as águas são benéficas para a saúde.

eventos em destaque

✔️ Boom Festival

✔️ Fora do Lugar – festival Internacional de Músicas Antigas

✔️ Eco Festival Salva a Terra

Onde dormir? Ficamos alojados no Hotel Fonte Santa, em Monfortinho. Destacamos os quartos amplos e bem equipados, o jardim paisagístico e a piscina exterior de beiral infinito. O silêncio e a tranquilidade são rei e rainha.

3. leiria

Cidade criativa da música, desde 2019

Entre o Castelo e o rio Lis nasceu e cresceu Leiria.

Capital de distrito e localizada no centro litoral do país, a cidade de Leiria propicia a quem a visita locais inesquecíveis e de raro encanto.

Visite Leiria

Quem se lembra de aprender na escola as cantigas de amigo, de amor e de maldizer? O que não sabíamos é que tinha sido em Leiria que D. Dinis, o rei trovador, tinha composto as cantigas de amigo que marcam o cancioneiro galaico português. Desde ai, tem sido constante a presença da música na vida da cidade, o que tem sido responsável pela sensibilidade artística e criativa que a caracteriza.

Conta com três conservatórios e 11 filarmónicas, há projetos musicais para todos os gostos, as salas de espetáculos são lugares vivos e dinâmicos e os concertos multiplicam-se ao longo de todo o ano. Esta relação umbilical com a música foi o tapete vermelho para a candidatura e integração de Leiria na Rede de Cidades Criativas da UNESCO, em 2019.

D. Dinis ficaria feliz.

Curiosidades: Na visita que fizemos à cidade tivemos a oportunidade de assistir na Casa da Cidade Criativa da Música a uma apresentação de Pedro Rodrigues, guitarrista clássico, que estuda na Hochschule für Musik Franz Liszt, em Weimar na Alemanha. Na Igreja da Misericórdia, atualmente o Centro de Diálogo Intercultural, assistimos a uma inesquecível exibição musical a partir da cerâmica da Bajouca, pelo percussionista António Casal. E no Miradouro Ernesto Korrodi, ao ar livre, assistimos aos Ensemble de Metais de Leiria.

Mas a história e a cultura da cidade surpreende e quem lá vai não deve perder os vários roteiros que foram desenhados para podermos adentrar a cidade, do Roteiro cultural d’O crime do Padre Amaro ao Roteiro cultural da Judiaria de Leiria, passando pela Rota Leiria histórica. D. Dinis sonhou Leiria com tudo isto, e ela concretizou.

3 curiosidades sobre Leiria: A rua direita é torta, o rio Lis corre para norte em vez de se dirigir para o mar e os sinos não estão na Catedral mas no Castelo.

LOCAIS DE INTERESSE e experiências

✔️ Castelo de Leiria, o ex-libris da cidade.

✔️ Sé de Leiria, a única Sé que não tem sino, mas apresenta-nos um imponente orgão de tubos.

✔️ Igreja da Misericórdia que é, atualmente, o Centro de Diálogo Intercultural de Leiria.

✔️ Mercado de Sant’Ana que é um espaço de eventos e exposições.

✔️ M|I|MO – Museu da Imagem em Movimento, um espaço de homenagem à fotografia e ao cinema
✔️ Museu de Leiria é “uma janela aberta sobre a memória de um território longamente habitado”.  
✔️ Roteiro Cultural d’O Padre Amaro que nos leva pelos lugares emblemáticos que fazem parte daquela que é uma das mais reconhecidas obras literárias de Eça de Queirós.

✔️ Roteiro Cultural da Judiaria de Leiria que nos conta sobre a presença judaica na cidade, que remonta a inícios do século XIII.

✔️ Rota Leiria Histórica que nos leva a mergulhar nas estórias da cidade e do seu castelo.

✔️ Beber um café e ler um livro no Espaço Eça – Coffee & Wine, Books.

✔️ Visitar a Centenária Chapelaria Liz que é testemunha da história da cidade.

✔️ Ao passar pelo Centro Cívico de Leiria olhe para o telhado onde está instalada a escultura de um gato preto, da autoria do artista Ricardo Romero.

✔️ Provar as Brisas do Lis, o doce tradicional de Leiria que é feito com 3 ingredientes – ovos, açúcar e amêndoas.

eventos em destaque

Leiria criou vários eventos relacionados com a música:

✔️ Ópera na Prisão

✔️Concertos para Bebés

✔️ LIZBRASS, que é um Festival de Metais que mostra a versatilidade destes instrumentos

✔️ Festival Extramuralhas que leva a música para fora das muralhas do Castelo

Onde comer? Sugerimos a Mata Bicho – Real Taverna que fica situada no centro histórico de Leiria e o seu espaço transporta-nos para as antigas e tradicionais tavernas portuguesas. Como dizia Júlio César Machado, em 1874, “o Povo gosta do teatro com moderação, vai ao circo de tempos a tempos, e aos toiros de vez em quando, mas gostar, gostar – da taberna!”. O que podemos comer? Desde tapas ou pizzas feitas em forno a lenha, bem acompanhadas com um copo de vinho, a pratos mais elaborados como um Bacalhau na telha com batata a murro e migas ou um Entrecote maturado (aprox. 300g) com batata a gomo, espetada de padron e salada roxa. A qualidade e o atendimento são as bandeiras da Taverna Mata Bicho que nos oferece toda uma experiência onde a cozinha ganha o papel principal.

4. óbidos

Cidade criativa da literatura, desde 2015

Óbidos é uma encantadora vila histórica, de origem romana, circundada por fortes muralhas, situada no centro da região Oeste, a 50 minutos de Lisboa

Turismo do Centro

Óbidos será, sempre, um livro raro.

Já perdemos a conta das vezes que fomos a Óbidos e não há vez que não tenhamos a sensação que é a primeira vez. Acho que esse é o mistério dos locais amuralhados, feitos de lendas e mitos. Há sempre uma janela entreaberta, há sempre um lugar fantástico, há sempre um “coelho branco de relógio na mão” que nos convida a embarcar numa viagem fantástica. Temos a certeza que foi isso que aconteceu com a Livraria Ler Devagar e o Município de Óbidos quando criaram o Projeto literário e artístico “Óbidos Vila Literária”, em 2011, que transformou velhos espaços abandonados em livrarias temáticas.

Sabiam que podemos encontrar livros em espaços improváveis como Livrarias em Igrejas (Igreja de Santiago), mercados biológicos (Livraria do Mercado), adegas (Livraria da Adega), hotéis (The Literary Man) ou escolas primárias (O Bichinho de Conto)? E até poetas rendeiras, como a D. Natália Santos, que nos fazem acreditar que nunca devemos desistir dos nosso sonhos?

Pelos vistos, não há improváveis quando se trata de leitura. Espaços híbridos onde o valor das coisas está na dimensão simbólica da troca. Caixas de madeira que são estantes, coleções raras em prateleiras comuns, livros que partilham espaço com garrafas de vinho, numa espécie de embriaguez literária, só possível em locais como estes. Não fosse a distância geográfica, e passaríamos parte dos nossos dias aqui.

Óbidos é um livro raro que foi reconhecido pela UNESCO, em 2015, quando a integrou na Rede de Cidades Criativas da Literatura.

LOCAIS DE INTERESSE E EXPERIÊNCIAS

✔️ Veja a nossa sugestão de visita AQUI

Curiosidades: Óbidos tem um Programa de Residências Literárias criadas para acolher escritores de todo o mundo, entre duas semanas e dois meses, criando um ambiente de refúgio propício para relaxar e criar. Neste momento, existem duas residências disponíveis: a Residência Literária Ruy Belo e a Residência Literária Josefa de Óbidos.

eventos em destaque

vida cultural de Óbidos é intensa e única. Tem sempre grandes eventos temáticos que marcam os dias do ano e, sem dúvida, a Literatura veio dar novo fôlego.

✔️ Semana Santa de Óbidos

✔️ Festival Internacional de Chocolate

✔️ Mercado Medieval de Óbidos

✔️  F(O)LIO – Festival Literário Internacional de Óbidos

✔️ Latitudes – Literatura e Viajantes

✔️ Óbidos Vila Natal

Onde dormir e comer? Óbidos tem imensas opções de alojamento e restauração, para todos os gostos e carteiras, por isso, deixamos aqui a proposta de uma experiência diferente que nos é oferecida pelo The Literary Man – Óbidos Hotel, uma Estalagem do Convento que deu lugar a um hotel temático, repleto de livros em todos os seus espaços (corredores, espaços comuns, quartos). O hotel aceita doações e já conta com um espólio de mais de 70 mil livros. Além do alojamento oferece, também, um restaurante chamado Book & Cook, um espaço renovado com cozinha ao vivo. Este grupo tem também o Rio do Prado (hotel e restaurante) e o The History Man – Casa de Pasto.

5. Caldas da rainha

Cidade criativa do artesanato e artes populares, desde 2019

Fundada no século XV, as caldas da rainha, onde se encontra o mais antigo Hospital Termal do mundo, é conhecida pelas suas águas e por cinco séculos de tradição cerâmica

Turismo do cCentro

Somos fãs de artesanato e quando viajamos é muito comum perdermo-nos nas lojas de artes populares e colocar na mala aquela peça que sabemos que traz pessoas e culturas dentro.

Já conhecíamos a cerâmica das Caldas, desde a figuração naturalista das loiças de Bordalo Pinheiro à cerâmica fálico-satírica que tem colocado a cidade no mapa das malandrices. Mas daí a ganhar, em 2019, o título de Cidade Criativa do Artesanato e Artes Populares da UNESCO, deixou-nos curiosos e cheios de vontade de a conhecer melhor.

A indústria cerâmica das Caldas é um encontro feliz entre uma terra rica em águas milagrosas, barro/ argila de qualidade e uma forte comunidade criativa, o que a transformou num refúgio terapêutico, com o seu Complexo Termal e Artístico.

Curiosidades: Corria o século XV e reza a história que, a caminho da Batalha, a Rainha D. Leonor terá aqui parado nestas terras e confirmado as maravilhas destas águas termais ao ver sarada uma feriada que há muito a afligia. No ano seguinte mandou erguer um Hospital e, a partir daí, começou a fama das Caldas da Rainha e a razão do seu nome.

A cerâmica e as artes não passam despercebidas a ninguém que visite as Caldas. Seja nas loiças e faianças ou lojas de comércio local. Seja nos painéis de azulejos que (re)vestem edifícios ou nos museus e ateliers onde a cerâmica é abordada sob vários prismas (Museu da Cerâmica, o Museu Bordallo Pinheiro). Seja nos parques, como o Parque D. Carlos I, que abraçam espaços museológicos e naturais, ou no Centro de Artes da cidade. Seja na mais recente Rota Bordaliana, onde o Zé Povinho e os animais de Bordalo Pinheiro (rãs, andorinhas, caracóis) andam à solta pela cidade. Seja no Bordado das Caldas, tão querido para D. Leonor e para quem, hoje, o recria como se de um legado se tratasse. Em todos, um encontro geracional onde tradição e modernidade tecem novos diálogos.

Mas não há Zé Povinho igual ao das Caldas da Rainha e esse é um legado que nunca pode ser esquecido.

LOCAIS DE INTERESSE E EXPERIÊNCIAS

✔️ Complexo Termal que inclui o antigo Hospital Termal Rainha D. Leonor, considerado o mais antigo hospital termal do mundo,  e o Museu do Hospital e das Caldas.

✔️ Parque D. Carlos I que está mesmo no centro da cidade. Nele é possível descobrir um jardim romântico, criado pelo arquiteto Rodrigo Berquó, filho da terra, responsável, também, pela revitalização do parque e pela criação do lago artificial e das alamedas arborizadas. No interior do Parque podemos visitar um importante espaço museológico da cidade – Museu José Malhoa que conserva o acervo de obras deste célebre pintor caldense.

Curiosidades: Quando passeamos pelo Parque Dom Carlos I é impossível ficar indiferente a um complexo de belos edifícios, atualmente abandonados, mas outrora cheio de sonhos. Rodrigo Maria Berquó, um engenheiro e arquiteto de origens açorianas que nasceu em 1839, chegou às Caldas da Rainha com vontade de mudar a cidade e uma dessas mudanças seria o projeto de construção de sete pavilhões que pretendiam ser uma estância termal. Em junho de 1892, o Parque D. Carlos I era inaugurado, ano em que foi aprovado oficialmente o projeto do novo Hospital Termal. Um ano depois foi lançada a primeira pedra, mas as obras arrancaram a sério após a época balnear de 1894. Ainda em obras, a 17 de março de 1896, Rodrigo Berquó sofreu um ataque cardíaco e teve morte imediata. Tinha 57 anos. A partir daqui, o futuro destes pavilhões foi sempre incerto. Entre más gestões, guerras, e a implantação da República nunca chegou a ser o Hotel Termal, como sonhado. No início do século XX recebeu a Escola de Boéres, entre as décadas de 20 e 50 tornou-se na casa do Regimento de Infantaria N.º 5 e, nas décadas seguintes, foi ainda espaço para o Posto de Turismo, a primeira redação da “Gazeta das Caldas”, associações e até uma biblioteca. O seu residente mais duradouro – e o último a sair – foi a Escola Técnica Empresarial do Oeste que ocupou os edifícios, embora não na totalidade, durante 85 anos. O adeus aconteceu em 2005 e, desde então, o edifício está ao abandono. Diz-se que este incríveis pavilhões serão um hotel de 5 estrelas num futuro próximo. Será? Foi pena que J. K. Rowling não tivesse visto estes edifícios enquanto escrevia o Harry Potter, digam lá se não dava um bom cenário para a Hogwarts School of Witchcraft and Wizardry?

✔️ Nas imediações do parque podem visitar também o Centro de Artes onde está o Museu Leopoldo de Almeida onde podemos visitar 80 esculturas e 50 desenhos do espólio doado pelos herdeiros do escultor Leopoldo de Almeida (1898-1975). Também fazem parte do Centro de Artes, o  Museu Barata Feyo, o Atelier-Museu António Duarte, o Atelier-Museu João Fragoso e Espaço Concas. E a entrada em todos estes espaços é gratuita.

✔️ Museu da Cerâmica está instalado num palácio romântico do século XIX e nele podemos iniciar uma viagem pela história da cerâmica desde o século XVIII à contemporaneidade. Podemos encontrar também um conjunto de obras importante do famoso Raphael Bordallo Pinheiro.

✔️ Casa Museu de São Rafael é um espaço onde se pode ficar a conhecer a história da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, criada por Bordallo Pinheiro em 1884, e a evolução da marca.

Curiosidades: Raphael Bordallo Pinheiro ficará para sempre ligado à caricatura e à cerâmica artística apresentando obras que, segundo a crítica, toca a genialidade. Em 1884 começou a sua produção cerâmica na Fábrica de Faianças nas Caldas, revelando peças com grande qualidade técnica, artística e criativa, com as suas cores vivas e motivos naturalistas. Também popularizou a imagem do Zé Povinho, representado de diferentes formas, ainda hoje uma referência nacional. Graças à contínua reinvenção da sua produção, ao nível estético e técnico, as peças decorativas da marca continuam a alimentar o imaginário coletivo nacional e a levar para fora o prestígio da cultura e da indústria portuguesas.

✔️ Rota Bordaliana é uma proposta divertida de se conhecer a cidade das Caldas da Rainha ao mesmo tempo que se homenageia a obra de Bordallo Pinheiro, que vê as suas obras espalhadas pela cidade. São cerca de 20 obras escultóricas à escala humana, num roteiro pensado para ser feito a pé e que demora cerca de 2 horas. É certo que os/as visitantes se vão surpreender.

✔️ Praça da Fruta onde se realiza o único mercado diário ao ar livre de Portugal. Todas as manhãs, os comerciantes reunem-se neste espaço para vender os seus produtos (e.g. produtos hortícolas, flores e cerâmica).

✔️ Projeto Silos – Contentor Criativo está sediada na antiga fábrica de moagem Ceres e pretende ser uma espécie de incubadora para jovens artistas. Neste espaço podemos conhecer os trabalhos desenvolvidos pela ADOC – Associação Design Ofícios e Cultura, um coletivo que nasceu da iniciativa de vários jovens artistas e que pretende dar a conhecer o seu trabalho, promover workshops, conversas e exposições. Das mãos de artistas como Eneida Tavares ou Samuel Reis, que tivemos a oportunidade de conhecer e ver criar, saem peças que tentam aliar a tradição com a modernidade e ampliar a criatividade.

✔️ Provar a doçaria como as Trouxas das Caldas (influência conventual), as Cavacas, os Beijinhos e o Pastel Bordallo

Onde comer? Sugerimos o Trigo e Bolota, um restaurante onde está presente toda a experiência e paixão de Paulo Santos, uma das referências ligadas à pastelaria e padaria nas Caldas da Rainha. Há mais de nove anos que tem uma das casas com mais sucesso na região, a padaria Forno do Beco. No novo espaço querem trazer para a mesa as tradições, as origens e os sabores da terra onde estão presentes algumas influências dos pratos da sua avó, que recorda com tanto carinho. Os petiscos são, sem dúvida, uma das apostas do espaço. Farinheiras, alheiras, pica-pau, bucho, pataniscas entre muitas mais. Nos pratos principais destacamos as carnes temperadas com 24 horas de antecedência. O Cozido à Portuguesa é uma das especialidades bem como o cabrito estonado (só por encomenda), um prato especial que vem de família. Durante a semana encontrará o prato do dia e alguns produtos referência da padaria Forno do Beco.

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Esta visita foi realizada no âmbito de uma press trip organizada pelo Turismo do Centro de Portugal, que promoveu uma visita de jornalistas (Fugas, Boa Cama Boa Mesa, Evasões, Revista Mutante) e bloggers da ABVP (Ir em Viagem, Passaporte no Bolso, A Cachopa e Lovely Lisbonner), durante três dias (27 a 29 de setembro), às cinco regiões do Centro do país que integram a Rede das Cidades Criativas da UNESCO.

Grupo de jornalistas e bloggers que participaram na press trip

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Detalhes
setembro 2022
Pedro Cerqueira | Marcelo Andrade
Agradecimentos

Esta visita foi realizada no âmbito de uma press trip organizada pelo Turismo do Centro de Portugal, para assinalar o Dia Mundial do Turismo, que promoveu uma visita de jornalistas e bloggers da ABVP, durante três dias (27 a 29 de setembro), às cinco regiões do Centro do país que integram a Rede das Cidades Criativas da UNESCO.

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