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Rota das Faias – Serra da Estrela

Procuram inspiração para uma escapadinha de outono? Então temos uma sugestão incrível para vocês. Fazer o PR13 MTG Rota das Faias, em Manteigas, na Serra da Estrela, que é um dos trilhos mais bonitos de se percorrer na estação dourada.

As Faias são árvores de folha caduca ou caducifólias e, no outono, mudam de cor e as folhas verdes ganham novos pigmentos, que vão dos amarelos aos avermelhados. Do alto das suas copas, as folhas vão caindo lentamente, recebendo as visitas com um “tapete vermelho”. Estão a imaginar a experiência sensitiva?  

Sabiam que…
a Floresta de Faias em Manteigas foi plantada pelos Serviços Florestais no início do século XX?

Mas não há só faias. Podemos encontrar outras espécies, como castanheiro, a giesta, os famosos “Pinheiros do Oregon” e os imponentes carvalhos que rodeiam a Capela de S. Lourenço. Os povoamentos florestais, os matos e as linhas de água vão estar sempre presentes, o que nos oferece uma diversidade fantástica e, se tivermos sorte, podemo-nos cruzar com raposas, fuinhas ou doninhas, corvos e corujas. Sim, se tivermos sorte, porque a natureza é assim, existe para além de nós e vai continuar a brindar-nos com esta beleza se nós a soubermos preservar.

Estar nestes lugares, que mais parecem uma “masterpiece” da natureza, reconecta-nos com a nossa própria natureza, porque também nós somos árvores de folha caduca, mas com medo de perceber a beleza das estações da vida.

INFORMAÇÕES técnicas do trilho

Designação:  PR13MTG – Rota das Faias
Localização: Manteigas
Distância5,4 quilómetros
Tipo de trilho: Pequena rota circular
Início do percurso: Junto à Cruz das Jugadas – 7º30’58.95″W 40º25’24.79″N
Duração prevista: cerca de 3 horas
Mapa do percurso:  Veja aqui o mapa proposto pelo site do Green Tracks
Nível de dificuldade: Médio
Época do ano mais aconselhada: Todo o ano, mas o outono reserva paisagens inesquecíveis, com as suas cores douradas.
Características do trilho: Paisagens do vale Glaciar do Zêzere, floresta das faias, paisagens agrícolas e de pastorícia.

A Rota das Faias é de pequena rota circular, classificado como de dificuldade média, com cerca de 5,5 quilómetros de extensão, que pode aumentar dependendo de onde se iniciar o percurso. O início oficial do percurso é junto à Cruz das Jugadas e, para lá chegar, sigam de carro em direção às Penhas Douradas (a partir de Manteigas), pela EN232,  saiam no cruzamento para o Covão da Ponte e sigam até encontrar a placa “PR13 – Rota das Faias”. Se optarem por começar o trilho aqui, vão descer algumas dezenas de metros em terra batida e, quando surgir uma bifurcação, recomenda-se que o trilho se faça no sentido dos ponteiros do relógio. A verdade, e pelo que nos apercebemos, esta indicação é quase sempre ignorada uma vez que, chegando à bifurcação, as pessoas tendem a tomar o caminho da direita. Não sabemos se é porque querem chegar mais rápido ao bosque das faias ou se assustam com a subida íngreme e mais austera, que o inicio da Rota lhes oferece.

Para quem não queira pegar no carro, pode começar na vila de Manteigas, junto ao posto de turismo, seguindo em direção a Pandil (ver no mapa a linha verde escura). Foi o que nós fizemos. Se escolherem esta opção, recomendamos que, ao chegar ao trilho propriamente dito (linha verde clara), sigam a indicação da placa que diz “Faias 1 km e São Lourenço 2 km”.

vista sobre a vila de Manteigas

Esta primeira parte do percurso, sempre a subir, faz-se pela floresta e leva-nos até “Casa do Leite” (que é uma espécie de abrigo que antes servia para os pastores guardarem as bilhas do leite e hoje tem a função de pequeno abrigo da chuva que pode ser utilizado por caminhantes, pastores, fotógrafos ou qualquer outra pessoa que passe por ali). Decore este nome. Nesta primeira parte do percurso sentimos a força dos incêndios de agosto de 2022. O que deveria ser uma floresta verde, viva, a entrar no outono, estava despida e desolada.

Sobre os incêndios de agosto de 2022
Têm-nos perguntado recorrentemente se a floresta das faias, por onde passa um dos mais conhecidos trilhos da zona, a Rota das Faias, foi afetada pelos incêndios que consumiram quase metade do concelho de Manteigas, em agosto de 2022.
Estima-se que se perdeu 5% das Faias, e isso é notório em alguma partes da Rota mas, na generalidade, o bosque está intacto e resistiu ao avanço das chamas. Mas esse “milagre” não retira a tristeza do que vemos à sua volta. O Vale Glaciar do Zêzere é um dos geossítios de maior relevância na Serra da Estrela, classificada como Geopark Mundial pela UNESCO.
Um outro milagre parece ter sido, também, o incêndio não ter afetado outros pontos valiosos da região, como as Penhas Douradas, o Poço do Inferno e o Covão d’Ametade. Haverá certamente explicações técnicas… nós por cá queremos acreditar que o inferno não entra nos paraísos.
A área ardida foi brutal, fala-se de 24 mil hectares só nos municípios da Covilhã, Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira. E como nos dizia a Lurdes da Casa d’Avenida, onde ficamos alojados, “o grande problema é que vamos precisar de muitos anos para recuperar, se recuperarmos”. Mas onde há verde, nasce sempre esperança, e ela está lá, nos brotos verdes que crescem na terra queimada.

Mas chegados lá acima, começamos a entrar no bosque centenário das faias. Chamam-lhe bosque encantado e com toda a razão. Não sei por quanto tempo andamos perdidos por lá mas, na cabeça, a certeza das palavras de Saint-Éxupery, escritas no livro Terre des Hommes: “É certo que todo aquele que luta apenas na expectativa de bens materiais nada colhe digno de ser vivido (…)”. E esta é uma dádiva da natureza.

A Rota faz-se devagar.

Junto da placa “Casa do Leite”, há uma curva à esquerda, em cotovelo, e é por aí que devemos começar a subir. Um pouco mais à frente outra curva e começamos a entrar numa das partes mais cénicas do bosque, onde a ramagem está mais serrada e os raios de sol se esforçam por irromper. E nós não as vimos na sua maturidade outonal.

Ainda distraídos com tanta beleza, entramos na floresta dos Pinheiros-de Oregon. Parecem gigantes ali plantados para guardar o tesouro.

Houve um momento que guardamos a máquina fotográfica e o telemóvel porque não há fotografia que capte a experiência sensorial que se vive ali. O bosque das faias revela-se assim apenas uma vez por ano e, este ano, por causa dos fogos, estivemos na eminência de nem as ver. Sejamos gratos quando as visitamos.

Faça o trilho devagar. Respire, Contemple e Desfrute.

Ir em Viagem

Mais um esforço e chegamos ao posto de vigia, onde temos uma paisagem fantástica sobre o Vale Glaciar do Zêzere, a Torre, o Cântaro Magro, o Cântaro Gordo, o maciço central e as Penhas Douradas.

Aproveitamos para descansar e almoçar.

uma das vistas do Posto de Vigia

Seguimos em direção à Capela de São Lourenço e os seus carvalhos centenários, também eles nos pedem paragem, afinal eles são os guardiões desta montanha. Ficamos a saber que aqui foi lugar de culto, de reminiscências pagãs, relacionado com a adoração das árvores e do Sol. Ficámos por ali um pouco, afinal não pode haver melhor lugar no mundo do que aquele onde se reza às árvores.

Começamos a descer para a Cruz das Jugadas. Cá em baixo, na bifurcação, devem seguir em frente, em direção ao início do trilho (se virarem à esquerda vão em direção à casa do leite) porque é lá, ao lado do painel, que vão encontrar um caminho de terra batida que vos vai levar ao ponto onde começaram o percurso. Lembram-se? A descida é acentuada e um pouco técnica, mas com cuidado faz-se bem. Que digam as imensas  famílias com crianças que vimos a subir e a descer, e as gargalhadas que ecoavam. 

Sabiam que…
O Município de Manteigas possui mais de 200 km de percursos pedestres, que incluem dezasseis pequenas rotas e duas grandes rotas? O Manteigas Trilhos Verdes, a Grande Rota do Zêzere e a Grande Rota das Aldeias Históricas de Portugal.

onde comemos?

Fomos jantar à Covilhã a um novo restaurante chamado Açafrão, de Ricardo Ramos, que também é proprietário da afamada Taberna A Laranjinha. A proposta era irrecusável e ousada. Fazer uma viagem à gastronomia do sopé da Serra da Estrela inspirada na rota das especiarias dos Descobrimentos. Nem Pêro da Covilhã, explorador português que andou pelas Índias, teria tido genial ideia.

Tudo sai das mãos do Chef Gonçalo Filipe e da sua equipa. Cada prato é uma obra de arte que testa os nossos sentidos. Em terra onde a fartura está no prato cheio, o projeto é arrojado e pretende oferecer uma experiência diferenciadora. A degustação pode ser feita à carta ou ficando nas mãos do chef. Escolhemos a segunda opção e viajamos por 6 experiências gastronómicas harmonizadas com uma bebida pensada ao pormenor.

Para mim, o polvo frito com pasta de feijoca e especiarias emocionou-me. Para o Marcelo, a bochecha de vitela com puré de aipo tirou-lhe as palavras. A cada prato, um brinde às experiências da vida.

Viajamos pela rota das especiarias, com os pés bem assentes na serra.

Mas há toda uma gastronomia para experimentar porque a par da paisagem natural, a região convida-nos a sentar à mesa e a saborear os paladares da terra. Estamos na serra e, por isso, os enchidos e os queijos de ovelha e de cabra nunca podem faltar. Em Manteigas, os pratos com a feijoca, que é um produto enraizado na agricultura local, ganham expressão. Feijoca guisada com carnes de porco, feijoada de feijoca, sopa de feijoca, pastéis de feijoca… haja criatividade, barriga e um copinho de aguardente de zimbro para ajudar á digestão.

Sabiam que…
a feijoca de Manteigas é uma variedade de feijão graúdo que, ao ser cultivada em altitude e regada pelas águas da bacia do Zêzere, ganha um sabor único e uma de textura aveludada?

Destaca-se, também, as trutas, o cozido à serrana, as febras de porco em vinha d’alho e o feijão cozido no forno. E como em mesa portuguesa nunca falta pão, por aqui não falta o pão de centeio e a broa de milho. Nos doces, o requeijão com doce de abóbora, o arroz doce e o bolo de crista.

onde dormimos?

Ficámos a dormir na Casa d’Avenida, que é um alojamento familiar, gerido pela D. Josefa e a sua filha Lurdes, mesmo no centro da vila de Manteigas. Recomendamos vivamente este alojamento por 4 grandes razões. Pelo conforto que nos oferece (quartos totalmente equipados, com casa de banho privativa, televisão, ar condicionado e wi-fi). Pela simpatia de quem nos acolhe à chegada, que no deixa saudades à partida. Por um buffet de pequeno-almoço servido para dez, mesmo quando só somos dois. A humildade serrana vê-se sempre nas mesas fartas. E, por fim, por nos sentirmos em casa, e esse sentimento é impagável.

D. Josefa, Casa d’Avenida

Um pouco mais afastado de Manteigas (a cerca de 43 km), em Tranvacinha – Seia, fica um outro alojamento que recomendamos vivamente, o Chão do Rio – Turismo de Aldeia. Como escrevemos, na altura, são “oito casas que te recebem a sorrir, alpendres que convidam a ficar, camas preguiçosas e redes dorminhocas. Uma piscina biológica, uma horta comunitária, um galinheiro portátil, trilhos e sendeiros… uma imersão na natureza. À porta, pão quente cozido em forno de lenha, para acompanhar a compota de abóbora da D. Emília, o requeijão e o mel da Serra da Estrela que te são oferecidos num cesto de boas vindas”.

Mas há muitos outros alojamentos nas imediações onde podem ficar hospedados. Vejam no mapa:

outras propostas de visita

✔️ Passear pela vila de Manteigas e visitar o Centro Interpretativo do Vale Glaciar do Zêzere.

✔️ Visitar a cidade da Covilhã e a sua criativa arte urbana. Sabiam que a Covilhã é cidade criativa do Design na Rede de Cidades Criativas da UNESCO?

✔️ Percorrer a EN338 que acompanha os 13 quilómetros do Vale Glaciar do Zêzere que liga a vila de Manteigas ao Covão d’Ametade. Logo depois de saírem de Manteigas parem para visitar o Poço do Inferno. Apesar de ele estar à face da estrada, aconselhamos vivamente que façam o PR1 MTG – Rota do Poço do Inferno, que é uma pequena rota circular, com 2,5 km. Voltem à estrada e sigam para o Covão d’Ametade, que é “um cenário paradisíaco carregado de sentimento bucólico e poético, um dos locais mais icónicos da Serra da Estrela”.

✔️ Como estão tão perto da Torre da Serra da Estrela, não percam a oportunidade de a visitar (com ou sem neve). Estamos no ponto de maior altitude da Serra da Estrela e de Portugal Continental. No caminho (EN339) parem no Covão do Boi por três grandes motivos: primeiro, pela paisagem que nos oferece da serra; segundo, porque é lá que irão encontrar o maior conjunto de blocos pedunculados da serra da Estrela. Basta alguma imaginação e parece que as pedras vão ganhar vida, a qualquer momento; e, terceiro, porque podemos admirar a padroeira dos pastores, a “Senhora da Boa Estrela“, com mais de 7 metros de altura, esculpida na rocha do Cântaro Raso. Esta imagem foi inaugurada em 1946.

✔️ Vistar a Praia Fluvial de Loriga

⭐⭐⭐⭐

Esperamos que as nossas sugestões e imagens vos inspirem a ir e ajudem a preparar a viagem.
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E já sabem… o importante é IR!

Detalhes
4 a 6 de Novembro de 2022
Marcelo Andrade, do Ir em Viagem
Agradecimentos

Restaurante Açafrão

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