Caminho Natural do Rio Barbantiño e Termas de Ourense
Neste artigo pretendemos partilhar o nosso roteiro de um fim de semana por Ourense, em Espanha, com direito a um trilho pelo Caminho Natural do Rio Barbantiño, visita cultural à cidade de Ourense e Celanova e banhos nas águas quentes das termas de Ourense (e não só!).
Notas importantes: Como viajamos na nossa van, o roteiro não inclui propostas de alojamento ou restaurantes em Ourense e o trajeto foi desenhado para evitar portagens/autoestradas. Se quiserem aceder ao trajeto vejam AQUI. Além disso, apesar de termos saído na sexta feira à noite, o roteiro que vos propomos pode ser realizado, perfeitamente, em dois dias/fim de semana.
roteiro simplificado
✅ Na sexta feira à noite a primeira paragem (com prenoita) foi na Caldaria ou zona termal de Lobios, que fica em Bubaces, Espanha.
✅ No sábado de manhã seguimos em direção a Ourense para fazer o Caminho Natural do rio Barbantiño, um trilho circular de 12 km.
✅ A meio da tarde seguimos para Ourense, visitamos o centro histórico da cidade e terminámos o dia nas Termas da Chavasqueira.
✅ No domingo de manhã fizemos o Paseo Termal do Rio Miño, que tem cerca de 4km, e terminámos a manhã nas piscinas termais de Outariz e Burgo de Canedo.
✅ Pela tarde, já de regresso a casa, passamos pela cidade de Celanova para visitar especificamente o Mosteiro de San Salvador.
roteiro completo com dicas e sugestões
1. Caldaria de lobios
Saímos na sexta feira depois do trabalho e seguimos em direção a Lobios, Espanha, com o objetivo de entrar a madrugada nas águas quentes e termais da Caldaria de Lobios. Para quem não sabe, Lobios é conhecida por ter uma piscina pública de água termal, quente, a céu aberto e gratuita, com o rio Caldo logo ali ao lado. É uma área preparada para banhos que é utilizada de verão e de inverno, de dia e de noite, ainda que, como dizem os locais, “à noite é muito melhor”.
Dicas
– Para o pessoal das caminhadas, há um trilho muito bom – Trilho de Padrendo – que passa por aqui. É um merecido descanso.
– Para quem viaja de van ou autocaravana, há estacionamento mesmo ao lado das piscinas termais. Foi o que nós fizemos.
– Para quem precisa de pernoitar recomendamos vivamente o Hotel Restaurante Lusitano, em Lobios, que fica a cerca de 6 km da área termal. É um hotel simples mas que oferece boas condições a quem lá fica hospedado. Quartos confortáveis, bons preços, wi-fi, estacionamento privativo, ótima localização.
– Para refeições mais ou menos ligeiras, têm a cafetaria e/ou o restaurante do Hotel Lusitano ou, logo em frente, Cafetaria-Grill Luma, para comer umas típicas tapas espanholas.
2. Caminho Natural do rio Barbantiño
No sábado seguimos para Ourense. O primeiro objetivo era fazer o Caminho Natural do rio Barbantiño que é protagonista de um trilho circular de cerca de 12 km (que pode ir até aos 15 km considerando as diferentes variações que permite), e que nos conta, através dos moinhos e represas que encontramos pelo caminho, a história da importância que teve para a economia local. As margens do rio Barbantiño, desde a Alta Idade Média, foram muito importante para a atividade de moagem e, por isso, os muíños (moinhos) são abundantes ao longo de todo o curso do rio. Uns melhor preservados do que outros, mas todos dão beleza ao caminho.
Partilhamos algumas informações técnicas e oficiais sobre o percurso e deixamos algumas dicas e sugestões, a partir da nossa experiência.
Designação: Caminho Natural do rio Barbantiño.
Localização: Punxín (Santa María), Ourense [está localizada a cerca de 20 minutos de carro de Ourense. Apanhe a auto-estrada A-52 em direção a Vigo, saia na saída 241 e tome a N-541 rumo a O Carballiño]
Distância: 12 quilómetros
Tipo de trilho: Pequena rota circular
Início do percurso: O caminho inicia-se em O Bañiño, mas como é uma zona facilmente alagada e de difícil acesso em certas épocas do ano, oferece-se a possibilidade de iniciar o percurso a partir do ramal da Igreja de Santa María. Ambos os locais têm estacionamento para o carro.
Duração prevista: Entre 3 e 4 horas
Mapa do percurso: Veja aqui o mapa oficial
Nível de dificuldade: Fácil
Época do ano mais aconselhada: Pode fazer-se em todas as épocas do ano, mas como é um percurso que beira o rio, deve evitar-se em épocas de chuva porque tende a alagar.
Características do trilho: Interesse termal, interesse histórico e cultural (moinhos, castro, ponte medieval), interesse natural e paisagístico (trilho de natureza, quedas de água, diversidade de flora.
O dia estava ensolarado.
Iniciamos o trilho na localidade de O Bañiño e os primeiros quilómetros são, de facto, muito bonitos. Além de termos sempre o rio como companhia, somos surpreendidos com passagens em pontes suspensas, antigos moinhos invadidos pela vegetação, áreas de lazer, bosques ricos em vegetação e árvores diversas e pequenos açudes de pedra, feitos à mão, que serviam para desviar as águas para aproveitamento hidráulico.
Mais ou menos a dois quilómetros do percurso há um passadiço metálico. Atenção que se quiser manter-se na mesma margem do rio, deve passar por baixo da ponte, por um pequeno caminho que existe ao lado de um moinho.
Dica: Chamamos a atenção para o facto de que, apesar de ser um trilho bem sinalizado, não é usada a sinalética internacional, mas sim placas informativas.
Perto dos 4 km do percurso chegamos à “Fervenza do Barbantiño” ou cascata de Cachón, que é um dos pontos altos deste percurso. Cascatas são sempre cascatas! Aqui é possível fazer-se um pequeno passeio até ao topo da cascata que nos oferece algumas piscinas de água cristalina. Para lá chegar é preciso subir umas escadas junto aos moinhos. Foi ali que decidimos fazer a nossa pausa para almoçar e contemplar um pouco a beleza e o silêncio do local.
A partir daqui tem duas opções, fazer o percurso pedestre completo, continuando a subir a montanha, ou regressar pela outra margem do rio até ao ponto de partida. Nós decidimos pela primeira opção e continuamos por uma subida um pouco mais exigente até ao “Alto de San Fiz” que nos leva até um túnel que foi construído para contornar a linha férrea que passa por cima. Do outro lado do túnel espera-nos a bela ponte medieval de “San Fiz”, que era muito importante no antigo caminho real que unia Ourense a Santiago de Compostela. É impossível, ao trilhar aquele caminho, não soltar a imaginação e ver-se no meio de uma qualquer cena de “Robin dos Bosques”.
Uma vez no topo deste caminho, vai aparecer uma encruzilhada que vos permite ou seguir pelo ramal de San Fiz e visitar a povoação (mas terá de voltar para traz para retomar o trilho), ou continuar no trilho e seguir em direção ao castro e à cascata. Essa foi a nossa opção. Descemos até à cascata, passamos para a outra margem do rio e começamos o caminho de regresso. O que mais nos surpreendeu nesse regresso, além da bonita paisagem que é marca deste trilho, é que apesar de estarmos apenas na outra margem do rio, parece que estamos a trilhar outro caminho, com outras belezas e encantos.
Como terminamos o trilho na outra margem, temos duas hipóteses para regressar ao estacionamento. Ou passamos numa ponte que fica a cerca de 450 metros do final (está sinalizada), ou continuamos sempre em frente e passamos o rio nas poldras. Só temos de verificar, no inicio do percurso, se o caudal do rio não está muito alto e/ou as poldras estão visíveis e transitáveis.
Nota: Se é verdade que todo o caminho é feito em plena relação com a natureza, encontraremos também algumas estruturas menos amigas do ambiente como o grande viaduto da rodovia AG-53 que liga Ourense a Santiago de Compostela e as ruínas de uma piscicultura que está ao lado de um edifício de um gerador elétrico.
Recomendamos vivamente este trilho.
3. centro histórico de ourense
A meio da tarde seguimos para a cidade de Ourense para visitar o seu centro histórico. Ele não é muito grande, mas tem muita vida. Partilhamos alguns dos “imperdíveis” numa visita à cidade.
– Visitar a Catedral de Ourense (quando fomos a fachada principal estava em obras, foi possível entrar pela lateral, mas a visita estava condicionada).
– Visitar as muitas igrejas que decoram a zona histórica como, por exemplo, a Igreja de Santa María Madre, a Igreja de Santa Eufemia ou a Igreja de Santo Domingo
– Passear pelas ruas de pedra do “casco antigo”, que ficam à volta da Praza Maior onde está a Câmara Municipal de Ourense e o Museu Arqueológico. A Praza Mayor tem muitos cafés e bares o que se torna um lugar privilegiado para sentar um pouco e tomar uma Estrela Galicia!
– Passar a ponte Ponte Vella ou Maior, de origem romana, mas muito reformada nos séc. XIII e XVIII. Desta ponte temos uma vista privilegiado sobre o rio e as várias pontes que ligam as margens da cidade, particularmente a Ponte do Milénio, uma obra de estética vanguardista que se destaca pela sua forma de gaivota realçado na iluminação nocturna.
– Relaxar nas águas termais de Ourense e fazer o Paseo termal do rio Miño.
Ourense é a cidade da água. Oito pontes atravessam o rio Minho, que no tempo dos romanos era uma mina de ouro. Agora já não há ouro mas sim umas águas muito valiosas: as águas termais.
Turismo da Galiza
Depois da visita, terminamos o dia nas Termas de A Chavasqueira onde pernoitamos num parque de van/ autocaravanas a poucos metros de lá. Sobre as termas já falaremos!
4. termas de ourense e o paseo termal do rio miño
Quem vai a Ourense não pode perder uma das essências da cidade e que esteve na base da sua origem, falamos das águas termais que brotam das diversas “burgas” espalhadas pela cidade. A maior parte das fontes termais encontram-se nas margens do rio Minho, são ao ar livre e de usufruto gratuito. As que se pagam é porque oferecem ao visitante piscinas abertas e fechadas, áreas de sauna e circuito termal e tratamentos de beleza. Mas já vamos falar disso.
As termas de Ourense mais conhecidas são:
- Termas de A Chavasqueira
- Termas de O Tinteiro
- Burga do Muíño das Veigas
- Termas de Outariz (privadas)
- Termas de Outariz e Burga de Canedo
Como perder esta oportunidade de aproveitar as águas mineromedicinais que brotam livres e quentes para nós?
Todos estes espaços são acessíveis de carro e contam com aparcamento nas imediações. Foi o que nós fizemos nas Termas de A Chavasqueira. Mas a melhor forma de percorrer todos os espaços termais é fazendo o Paseo Termal do Rio Miño que percorre a margem direita do rio, começando no Campo da Feira (a poucos metros da Ponte do Milénio) e acabando em Outariz.
Dica: Este passeio está integrado num percurso maior chamado Paseo del rio Miño. Um percurso circular, com 12.7 km, perfeito para descobrir melhor a zona, ao unir as duas margens do rio numa grande artéria verde. Se quiser saber mais sobre este e outros percursos, consulte o site do Turismo de Ourense.
Ao longo de quase 4 quilómetros podemos aceder aos quatro espaços termais.
O primeiro é a zona de A Chavasqueira que é, também, a que fica mais perto da zona urbana. Tem três piscinas médias e é uma varanda privilegiada para o rio. Não tem vigilância apesar de ter horário de abertura e encerramento,
A cerca de 500 metro encontramos a fonte O Tinteiro de onde brota água termal que o cheiro sulfuroso não deixa enganar.
Dois quilómetros à frente aparece o Muíño da Veiga que tem quatro piscinas viradas para o sol. À data da nossa visita estavam encerradas para limpeza e controlo da temperatura, mas de facto têm uma localização excecional.
E o caminho continua a fazer-se sempre com o rio Minho como companhia.
A Chavasqueira O Tinteiro Muíño da Veiga
A pouco metros à frente entramos no espaço termal de Outariz que nos oferece as Termas de Outariz, que são privadas e pagas.
Dica: Na nossa opinião, a entrada nas Termas de Outariz são bastante acessíveis (5,70€ por pessoa) considerando o que oferecem: instalações, bar/ restaurante, balneários, circuito termal, tratamentos de beleza, saunas, piscinas termais aberta e fechadas. As entradas são controladas (e bem!) o que pode significar ter que aguardar algum tempo para entrar. Escolher bem o horário parece ser uma boa estratégia.
Se não quiser pagar pode encontrar, um pouco mais à frente, as piscinas termais de Outariz y Burga de Canedo, que são de uso gratuito e com ótimas condições. Várias piscinas, balneários públicos, infraestruturas de apoio e vigilância. Estas piscinas ficam mesmo debaixo de umas das pontes que nos liga à outra margem do rio. Foi neste espaço terminal que terminamos a nossa manhã de domingo.
Termas de Outariz (privadas) Piscinas termais de Outariz y Burga de Canedo
5. mosteiro de san salvador, celanova
À tarde, já de regresso a casa, seguimos em direção a Celanova. O grande objetivo era visitar o Mosteiro de São Salvador, que é um mosteiro medieval beneditino que foi fundado por São Rosendo, em meados do século IX. Claro que Celanova não se reduz ao seu mosteiro, mas ele é tão incrível que visitá-lo é obrigatório. Celanova é, também, terra de poetas, como Curros Enríquez ou Celso Emilio Ferreiro e nos seu arredores tem a vila medieval Vilanova dos Infantes, com as suas casas senhoriais à volta de uma antiga torre.
Mosteiro de São Salvador
Em suma, o Rio Barbatiño e as Termas de Ourense são tesouros naturais que devem ser valorizados e protegidos. Esperamos que este artigo o tenha inspirado a explorar a beleza e a riqueza natural de Ourense e a contribuir para a conservação destes preciosos recursos.
Esperamos que as nossas sugestões e imagens vos inspirem a ir e ajudem a preparar a viagem.
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E já sabem… o importante é IR!
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