Road trip de van pela Costa da Galiza
Neste artigo pretendemos partilhar a road trip que fizemos pela costa da Galiza, durante 15 dias, na nossa van, começando em A Guarda e terminando na Corunha. Há algum tempo que esta costa entrecortada de falésias, miradouros, praias e vilas piscatórias nos “pisca o olho” e, como não resistimos a umas boas tapas, decidimos que este seria o nosso destino de férias (agosto 2022).
Soou-nos perfeito.
A costa da Galiza é um dos tesouros naturais de Espanha, uma região situada no extremo noroeste da Península Ibérica, banhada pelo Oceano Atlântico e que nos oferece paisagens muito bonitas. Estende-se desde a fronteira com Portugal até a Costa da Morte, no extremo norte da região. As Rias Baixas, no sul da Galiza, são as mais famosas e populares entre os turistas, com cidades como Vigo, Pontevedra ou Sanxenxo. Mais a norte surge a inóspita Costa da Morte, uma das áreas mais selvagens e inexploradas da região. Aqui, as aldeias de pescadores misturam-se com os penhascos escarpados e as praias desertas. É um local popular e poderoso para caminhadas e trilhos, com muitos percursos que oferecem vistas espetaculares do oceano e das montanhas próximas. As águas frias da Costa da Galiza (não tão entusiasmantes para o veraneante) criam um ambiente ideal para a vida marinha e, com isso, um local privilegiado para comer peixe, marisco e frutos do mar que são um ex-libris da gastronomia galega, sempre acompanhado do seu vinho branco, como a casta Albariño, que é cultivada nas vinícolas da região.
O roteiro estava fechado, mas tudo o resto permanecia em aberto. Levamos um caderno cheio de dicas e sugestões de visita e muitas folhas em branco para as descobertas do momento.
Vamos lá embarcar nesta viagem?
CONTEÚDOS DO ARTIGO
FICHA TÉCNICA DA ROAD TRIP
SEMANA 1 – RIAS BAIXAS
Dia 1: A Guarda – Baiona
Dia 2: Vigo – Cangas
Dia 3: Cangas – Pontevedra
Dia 4: Combarro
Dia 5: Sanxenxo – O Grove
Dia 6: Cambados
Dia 7: Ilha de Arousa – Louro (Muros)
SEMANA 2 – COSTA DA MORTE
Dias 8 e 9: Carnota e Ézaro
Dias 10 e 11: Finisterra, Muxia e Camariñas
Dias 12 e 13: Laxe
Dia 14 e 15: Malpica e Corunha
FICHA TÉCNICA DA ROAD TRIP
Nome da aventura | Ir em Viagem pela Galiza
Tipo de viagem | Road trip
Meio de transporte e alojamento | Campervan chamada Borboleta
Duração | 15 dias (de 8 a 22 de agosto de 2022)
Número total de Km | 1200 km só ida (o regresso foi feito num dia)
Roteiro | Visitamos 2 regiões da Costa Galega e mais de 30 localidades (entre cidades, vilas e aldeias)
Seguro de viagem | Fizemos o seguro com a IATI seguros. Optamos pelo IATI Escapadinha, adaptado à nossa viagem.
Orçamento estimado | Gastamos cerca de 1000€ para 2 pessoas (três parques campismo, combustível, refeições, experiências culturais e desportivas)
Redes sociais | Se quiser seguir a nossa viagem, veja nos destaques do Instagram – Destaque 1 e Destaque 2. Nas stories partilhamos o nosso dia-a-dia, inclusive os locais onde ficamos a dormir, o que poderá ser bastante útil na organização da vossa aventura.
semana 1 – rias baixas
Dia 1
A Guarda (a) – Baiona (b)
Começamos a nossa road trip pela Galiza em A Guarda. Começamos por visitar o castro no Monte de Santa Trega, passeamos pela vila piscatória e comemos uma boa mariscada frente ao mar. A boa fama deu-lhe o título de capital do marisco da Galiza. Achamos que já conheceu melhores dias, mas temos de admitir que o que chega ao prato tem sabor a fresco e a mar.
Dica: Se passarem a fronteira pela Ponte da Amizade, em Vila Nova de Cerveira, recomendamos que vão com tempo para visitar a vila, que é mito gira, e que passem na @pastelariaspedro para comer um cerveirense (ou dois ou três!!).
Seguimos para as Pozas de Loureza, no rio Tamuxe. Que surpresa boa. Escondidas no meio da serra, as suas águas translúcidas sorriram para nós. Fomos ficando, entre mergulhos, banhos de sol e boa conversa.
De lá, seguimos viagem para Baiona pela EP-2202. A paisagem é fantástica.
Dezenas de garranos e vacas livres, como se quer, e felizes como podem. Chegamos a Baiona, sempre bonita e vestida de festa. Já perdi a conta das vezes que la fui, e sempre que vou é como se fosse a primeira vez.
Só não ficamos nos apartamentos Ababides, como habitual, porque nesta viagem não trocamos a nossa van Borboleta por nada.
Onde ficamos a dormir? Terminámos o nosso dia na Praia América, Baiona, só para poder adormecer e acordar com o som do mar a enrolar na areia.
Nesta viagem não fomos às Ilhas Cíes, porque já conhecemos, mas recomendamos vivamente.
Dia 2
vigo (c) – cangas (D)
Este foi um dia bastante diferente dos nossos planos iniciais que incluiam toalha na areia, sol no corpo e banhos (para os corajosos). Mas o nevoeiro teimou em ficar. Diz o ditado que há males que vêm por bem, e é mesmo!
Saimos de Baiona em direção a Vigo. Passamos pela praia de Samil, passeamos pela cidade e fomos comer umas tapas ao Mercado da Pedra. Disseram-nos que as ostras são deliciosas. Ficou comprovado e recomendamos. O grande perigo do nevoeiro é esse… passamos mais tempo à mesa. Mas quem vai a Vigo não deve perder um passeio pela cidade velha, que é cheia de charme e história, com ruas estreitas e sinuosas, prédios antigos e muitos restaurantes, bares e lojas, a Co-Catedral de Santa María, também conhecida como Co-Catedral de Vigo, ou os mercados (da Pedra e O Berbés). Vigo é uma cidade para ser calcorreada e vivida.
Na nossa visita utilizamos o site do turismo da Galiza, que recomendamos vivamente.
Daqui seguimos para Redondela com o objetivo de subir ao Miradouro onde está “el mejor banco del mundo”. Do mundo não sabemos, mas sentados naquele banco temos uma vista fantástica sobre a Ria de Vigo. Até o nevoeiro deu tréguas!
Continuamos em direção a Cangas e terminámos o dia na praia de Liméns. Não faltam praias na zona de Cangas, mas aquela foi a que nos ofereceu um vento morno na cara e a certeza que todo o dia tinha valido a pena.
Onde ficamos a dormir? Parque de campismo de Aldán.
Mas deixamos uma outra sugestão onde estivemos em junho de 2023 – Camping kampaoh, Ria de Viga, que fica em Moanã.
Outras propostas de praias na zona de Cangas:
Dia 3
Cangas a Pontevedra (e)
As praias já vêm. A verdade é que a costa da Galiza é muito mais do que as suas praias e quem por aqui passou vai concordar connosco.
Como ficamos a pernoitar em Aldán, começamos o dia a fazer um pequeno trilho no “bosque encantado” (que se situa ao quilómetro 109 da PO-315 direção Cangas-Bueu).
Por sugestão de uma seguidora do Ir em Viagem, seguimos para Bueu e espraiamo-os na praia de Portomaior, que nos seduziu num piscar de olhos. Mas foi Pontevedra o ponto alto deste dia.
A última vez que lá estivemos foi quando fizemos o Caminho de Santiago, em 2018. Foi um regresso emocional, não podemos mentir, mas a cidade é espetacular. Desde o centro histórico, que merece uma visita a cada esquina, à vida boémia da cidade, Pontevedra deixa-nos sem palavras. Não perca, particularmente, o seu centro histórico que é uma das áreas mais charmosas da cidade, com ruas estreitas, praças pitorescas e edifícios antigos. É um ótimo lugar para explorar a pé e descobrir a arquitetura e a história da cidade. A Basílica de Santa Maria que é uma igreja impressionante do século XVI, localizada no centro de Pontevedra. É famosa pelas suas obras de arte, como o Retábulo Maior, um altar barroco espetacular e a Praça da Peregrina que é um dos lugares mais emblemáticos de Pontevedra, cercada por edifícios históricos, incluindo a Igreja da Peregrina, que é uma obra-prima do barroco, e mesmo ao lado o Convento de São Francisco.
Uma road trip pelo litoral galego deve incluir, obrigatoriamente, Pontevedra. Fica a dica.
Convento de São Francisco Igreja da Peregrina
Centro histórico
Onde ficamos a dormir? No Parque de Autocaravanas de Pontevedra, mesmo ao pé do rio.
SABIAM QUE…
É mais ou menos consensual que a melhor época para visitar a Galiza é entre abril e outubro, apanhando as três estações (primavera, verão e outono). As temperaturas são mais amenas e os dias mais longos. A primavera e o outono são ótimos para quem gosta de fazer caminhadas e atividades de natureza. É também a melhor altura para fazer os Caminhos de Santiago. Mas o verão traz-nos o calor e os banhos de mar e a Costa da Galiza é um ótimo destino balnear. Tem praias lindíssimas e selvagens, águas transparentes (apesar de frias) e muita “movida”, ao estilo espanhol. Mas não podemos esquecer que a Galiza tem um clima imprevisível durante todo o ano, por isso, temos de contar poder ter as quatro estações no mesmo dia.
Dia 4
Combarro (f)
Combarro fica a cerca de 7 km de Pontevedra e é paragem obrigatória. É uma pequena vila de pescadores e é considerado Património de Interesse Cultural por conservar três bens arquitetónicos da Galiza: os espigueiros ou Hórreos, as casas marineras e os cruzeiros. É verdade que é um lugar turístico e encontramos muita gente, mas passear pelas suas ruas estreitas é fazer uma espécie de viagem no tempo onde se guardam (as) raizes da Galiza.
Combarro é um lugar diferente e um pueblo cheio de personalidade. A mesma que alimenta a crença das “bruxas da sorte”, mas abraça com carinho os peregrinos que fazem a “Variante Espiritual” do Caminho de Santiago que por lá passa.
Por isso, não perca esta visita?
Onde ficamos a dormir? Camping das Paxariñas, Porto Novo.
Dia 5
Sanxenxo (g) – O Grove (H)
Os dias 4 e 5 foram passados entre Sanxenxo, Porto Novo e O Grove. Todas conhecidas como zonas balneares concorridas. Vê-se pelo números de hotéis e campismos que decoram a beira das estradas. Vê-se pela azáfama dos dias e das praias cheias de gente. Há de tudo, para todos! As pessoas andam sorridentes e à noite vestem-se a preceito. O Verão tem destas coisas!
Como já conhecíamos Sanxenxo e Porto Novo (como grande parte dos portugueses, pelo menos os que moram no norte do país) apostamos em explorar O Grove e Ilha da Toxa. Um passeio mais do que recomendado.
A ilha da Toxa é um SPA, com os seus balneários termais e espaços terapêuticos de talassoterapia. Mas tem também uma encantadora capela revestida de conchas, um bonito parque florestal onde vivem Grobits “que são seres termais que aparecem em alguma épocas do ano” e as suas margens oferecem vistas privilegiadas da ria de Arousa.
Capela das conchas Parque dos Grobits
Já O Grove oferece-nos praias com água azul turquesa, como as de Area Grande, Carreiro ou Barreiriño. Só mais um mergulho, dizia o Marcelo! E por lá ficamos até ao pôr-do-sol.
Onde ficamos a dormir? Camping das Paxariñas, Porto Novo.
Dia 6
Cambados (i)
O destino era a Ilha de Arousa mas, pelo caminho, paramos em Cambados, uma vila piscatória muito conhecida pela qualidade do marisco e por ser considerada o berço do Albariño.
Basta andar pelas suas ruas para perceber porquê! Restaurantes, bodegas/ caves, museus dedicados ao vinho e vinotecas. A cada esquina há pessoas de copo na mão a brindar e em qualquer bar “te regalam pinchos com la bebida”. Para comer, navalhas, mexilhões, amêijoa, zamburiñas, ostras, vieiras, gambas… é à escolha do freguês. Pela manhã ou pela tarde (ou quando quiseres!), uns churros com chocolate quente, mesmo ao lado do mercado.
A juntar a tudo isto, a monumentalidade dos Paços, como o Paço de Fefinãns, a beleza das casas senhoriais e de fidalguia galega, as ruínas da Igreja de Santa Mariña Dozo e um Passeio Marítimo cheio de palmeiras e espaços verdes.
Por tudo isto, Cambados merece um brinde especial neste dia.
Onde ficamos a dormir? Parque de autocaravanas, Ilha de Arousa
SABIAM QUE…
Os Furanchos são casas particulares que disponibilizam parte do seu jardim, garagem ou terraço para “oferecer” aos visitantes uma cozinha caseira e familiar, feita com produtos locais. Dizem por aqui que são um dos segredos mais bem guardados dos galegos.
Devem incluir a ida a um Furancho na vossa “to do list”.
Fomos ao O Furancho de Pancho, em Cambados, e, sentados debaixo de uma ramada, com o sol a espreitar por entre as folhas, comemos navalhas, pimentos padron e revueltos com setas e gambas, acompanhados de albariño caseiro. Por lá estivemos até às 5 da tarde e é certo que regressamos ainda mais contentes do que o que fomos.
Dia 7
ILHA DE AROUSA (J)
Pernoitamos na Ilha de Arousa, num parque de fim de estrada, mas que é entrada para o Parque Natural de Carreirón. Quem viaja de van ou autocaravana sabe bem o bem que sabe dormir no meio da natureza.
Uma das questões que mais nos surpreendeu neste Parque foi a forma harmoniosa como a natureza pura e os turistas se completam, uma vez que existe um grande respeito pelo espaço, a sua limpeza e pelos animais desta zona protegida.
Queríamos fazer o trilho demarcado das praias, que tem cerca de 5 km. Passamos pelo menos por 9 praias identificadas. De manhã, a maré baixa despe-as da cor azul e mostra-as na crueza da sua nudez. Igualmente belas. À tarde, com a maré, vêm as pessoas, as gargalhadas das crianças e a azáfama do verão.
No Verão há sempre menos silêncio, mesmo onde a paisagem pede, mas a alegria das pessoas é tão boa que acho que é por isso que o verão será sempre o nosso primeiro amor, mesmo antes dos amores de verão.
Daqui, o objetivo era seguir para Louro (Muros), mas decidimos seguir uma sugestão que nos foi dada e seguimos em direção a Caldas de Reis para ir à Fervanza de Segade, em Caldas de Reis. Ainda apanhamos as festas da cidade e demos uns mergulhos na cascata.
semana 2 – Costa da Morte
Seguimos viagem em direção a Louro, uma pequena vila situada numa colina com vista para a Baía de Muros e Noia, cercada por belas paisagens naturais, incluindo florestas, montanhas e praias. Estávamos a deixar as Rias Baixas e entramos na Costa da Morte.
SABIAM QUE…
Dizem que o nome Costa da Morte foi criado pelos tablóides ingleses no final do século XIX dado o grande número de naufrágios que existiam nesta zona. Sabiam que nas suas escarpas chegaram a naufragar cerca de 950 barcos? E que os diferentes pueblos recriam nas suas festividades, crenças e lendas e na bravura que lhes dá a identidade?
Se há característica desta região da Galiza são as paisagens mais agrestes e selvagens, moldadas por uma orografia recortada de escarpas e praias infinitas, que nem o passar dos anos consegue domesticar (e ainda bem!).
A Costa da Morte é aquele lugar onde podes escutar o silêncio, dizem! Se não acreditas, vai lá!
Tínhamos lido que a Praia de San Francisco, em Louro, era muito bonita, e é! Mas quando lá chegamos percebemos que era, também, muito turística e decidimos continuar viagem em direção à Praia de Area Maior, que é uma praia mais selvagem e com ondas maiores. Decidimos pernoitar por lá.
Onde ficamos a dormir? Na praia O Ancoradoiro, em Muros
Praia O Ancoradoiro Praia Lariño Faro de Lariño
DiaS 8 e 9
louro/muros (b), CARNOTA (C) E ÉZARO (D)
Seguimos em direção a Carnota mas, pelo caminho, ainda paramos na praia e no farol de Lariño, hoje transformado num hotel (Hotel Faro Lariño). Vale bem a visita uma vez que todas as praias desta região – Praia do Louro, Area Maior, Ancoradoiro, Lariño – representam uma das principais características da Costa da Morte, as suas praias selvagens, as falésias impressionantes e a beleza natural.
Seguimos viagem. Diziam que em Carnota íamos encontrar uma das praias mais bonitas da costa e o maior espigueiro da Galiza. “Pagamos para ver” e lá fomos. Gostamos tanto que, sobre Carnota e Ézaro escrevemos um artigo independente onde apresentamos uma proposta de visita de dois dias, para que possam aproveitar ao máximo esta região que tanto nos conquistou.
Onde ficamos a dormir? Praia de San Pedro, O Pindo (1 noite) e Praia Boca do Rio, Carnota (1 noite)
Dia 10 e 11
FINISTERRA, Muxia e Camariñas
De Ézaro a Finisterra são cerca de 25 quilómetros, sempre pela costa (pela por AC-550 e AC-445).
Chegamos a Finisterra ao final do dia para vivenciar uma das suas grandes atrações: ver o por-do-sol sobre “o mar do fim do mundo”. Sim, os romanos pensavam que era aqui que o mundo acabava e, por isso, chamaram-lhe “finis terrae”. Sentados no mirador do farol, não vimos o por-do sol mais incrível, mas um dos mais místicos. Talvez por percebermos que estamos a participar numa espécie de ritual que atrai milhares de pessoas, há milhares de anos, sem haver grandes explicações.
Não visitamos muito mais de Finisterra porque, também nós, queremos lá voltar a caminhar. Dizem que os peregrinos do Caminho de Santiago não dão por terminada a sua viagem até chegar aqui, ao chamado KM 0. Por alguma razão será! Nós descobriremos a nossa.
Seguimos caminho porque ainda tínhamos o “vilão do norte” para visitar. Falamos da costa que liga o Cabo Vilán, em Camariñas, onde o mar manda mais do que a terra, a Muxia, onde a Nossa Señora da Barca pede ao mar que seja clemente com os marinheiros. A mesma Virgem que, hoje, acolhe os peregrinos que percorrem os Caminhos de Santiago e que, por razões diferentes, também pretendem deixar aqui, onde a terra termina, as suas tormentas. Muxia e Camariñas merecem visita, ainda que por motivos diferentes.
Primeiro paramos em Muxia que é um destino popular para os peregrinos que seguem o Caminho de Santiago, mas também para os turistas que procuram relaxar na praia e desfrutar da paisagem costeira espetacular da região.
O que ver em Muxia?
– O Santuario da Virxe da Barca é imperdível. É um santuário católico que fica na beira do mar e é um dos locais mais emblemáticos da cidade. Além de sua importância religiosa, é um local de grande beleza natural.
– Praia de Lourido é uma das praias mais populares da região, com uma extensão de mais de um quilómetro e meio de areia branca e fina. É ideal para caminhar, nadar e desfrutar do sol.
– Farol de Muxia é um farol que oferece uma vista panorâmica da costa da cidade e é um ótimo local para apreciar o pôr do sol.
– Paseo Marítimo que se estende ao longo da costa e onde pode encontrar algumas praias e bons restaurantes. A região é conhecida pela sua culinária local, com pratos à base de frutos do mar frescos, como polvo, lula e caranguejo.
Seguimos para Camariñas sempre pela costa (AC-440). O passeio é espetacular. Ainda parámos na Praia do Lago (perto do camping Lago-Mar) para um mergulho. Já em Camariñas, vale a pena passear pela vila, visitar o Museu do Encaixe (Camariñas é a capital do Encaixe – tipo a nossa renda de Bilros), ir até ao Cemitérios do ingleses, ao Museu dos alemães e ao Cabo Vilán onde está o Farol Vilán e o seu Centro Interpretativo. Camariñas também tem umas praias muito bonitas como a praia de Lingunde, Area Longa e Balea.
Onde ficamos a dormir? Em Finisterra pernoitamos num parque gratuito, no fim da praia da Langosteira. No dia seguinte paramos na praia de Traba, em Laxe.
Dias 12 e 13
Laxe
Saímos de Camariñas em direção a Laxe e quando estávamos quase a chegar decidimos parar na praia de Traba. Não estava nos planos, mas foi amor à primeira vista e decidimos que ali ficaríamos pelo menos duas noites e que, a partir de lá, exploraríamos a zona de Laxe que tem algumas particularidades que tornam a sua visita obrigatória.
– Laxe tem uma das maiores praias urbanas da Costa da Morte, com 2 km de extensão.
– Além da praia de Laxe, existem outras praias, como as praias de Soesto e de Traba. Ambas são muito grandes e totalmente virgens. Estivemos na praia de Traba e decidimos passar lá o dia e a noite.
– Tem uma praia sui-generis, a Praia dos Cristais, que tem cristais de vidro em vez de areia. A sua origem não tem nada de mítico, apenas a certeza que o mar devolve tudo o que lhe lançamos. Antigamente esta praia era um aterro de objetos de vidro, como garrafas e jarras. A erosão das correntes marinhas transformaram os pequenos pedaços de vidro que surgem totalmente polidos.
– Tem vários trilhos. Por lá passa o Camiño dos Faróis (8 etapas, 200 km, de Malpica de Bergantiños a Finisterre). Dizem que é brutal! E inaugurou há pouco tempo a Ruta do Percebe de Laxe. Um trilho circular, de 3 km, que dá a volta à península da Insua, passando pela praia dos cristais e pelo farol. As vistas, essas, só vendo!
Onde ficamos a dormir? Praia da Traba, Laxe
Dias 14 e 15
malpica e Corunha
Com algum custo deixamos a praia da Traba para trás e seguimos em direção a Malpica que é uma tradicional vila piscatória com um farol que impõe respeito. Apesar de Laxe a Malpica distarem apenas 25 km, as paisagem são tão bonitas que nos pedem muito tempo. Correndo o risco de sermos repetitivos, a Costa da Morte oferece-nos praias selvagens, faróis perdidos, mar bravo a bater nas rochas, vilas piscatórias cheias de história. A Costa da Morte é lendária.
A caminho da Corunha decidimos parar em Baldaio, onde acabamos por pernoitar devido à beleza do local.
Baldaio é praia, lagoa e pântano. Um lugar onde se respira fundo e se encontra a paz no contacto com a natureza. É uma zona de especial proteção ambiental na Galiza, onde podemos encontrar um Observatório Ornitológico por ser possível observar centenas de aves de espécies únicas na Galiza. A barra de dunas que liga Baldaio a Razo estende-se por três quilómetros. É um lugar abençoado.
Chegamos à Corunha, o nosso destino final.
Uma cidade cheia de belezas naturais e arquitetónicas que a tornam um destino turístico por excelência. Ambos já conhecíamos a cidade e, por isso, aproveitamos, acima de tudo, para passear. Mas há sempre atrações imperdíveis, como por exemplo:
– A Torre de Hércules que é um farol romano antigo, Património Mundial da UNESCO, situado no topo de uma colina com vista para o oceano.
– A Praia de Riazor e Praia de Orzán, ambas praias de areia branca e águas cristalinas (mas frias), ideais para caminhar, nadar ou praticar desportos aquáticos, como o surf, windsurf e kitesurf.
– Passear na Cidade Velha pelas suas ruas estreitas e sinuosas repletas de edifícios históricos, praças pitorescas e lojas charmosas.
– Visitar a Praça de Maria Pita que é a praça central da cidade e que recebeu o nome de uma heroína local que liderou a defesa da cidade contra os ingleses no século XVI. Nesta praça pode encontrar muitos edifícios históricos, incluindo a Câmara Municipal.
Onde ficamos a dormir? Campismo do Baldayo
Chegamos ao fim do nosso roteiro.
O regresso foi feito num só dia com uma paragem em Tui, que é outra cidade que recomendamos vivamente a visita. Agora já não têm desculpa para não ir conhecer a Galiza e os seus encantos.
Sonhos que se concretizam
Esta viagem à Galiza só foi possível porque em 2020 experimentamos, pela primeira vez, o conceito de “vanlife” numa road trip pela fronteira portuguesa e, desde essa altura, começamos a sonhar em ter a nossa van. Em 2021 compramos uma Volkswagen t4 e começamos o processo (lento) da reconversão. Chapa, pintura e mecânica, numa primeira fase. Depois o interior, com a ajuda fantástica do Pedro dos @mochileiros_vc . E agora os pormenores que a tornam a “nossa cara”. Não há processos fáceis quando a sonhos diz respeito, mas, talvez por isso, quando se concretizam, tenham sabor a pipocas em dia de festa. Claro que ajuda estarmos alinhados nestas maluquices, tu e eu, num sentimentos quase infantil de que o mundo se esgota nas nossas brincadeiras.
Chamamos-lhe borboleta 🦋
Esperamos que as nossas sugestões e imagens vos inspirem a ir e ajudem a preparar a viagem.
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E já sabem… o importante é IR!