Viajar sobre carris na Índia
É quase um lugar comum dizer que viajar de comboio na Índia é uma experiência inigualável. O que tem de enriquecedora, por fazer parte do processo de vivência cultural do país, tem de desafiante. As estações de comboio são enormes e confusas, onde circulam centenas de pessoas: viajantes, vendedores e pedintes.
É preciso chegar cedo para se ter tempo suficiente para encontrar a linha e as carruagem certas. Carruagens que estão divididas em várias classes, para todos os estratos sociais. Para os estratos mais baixos, a Classe G (Geral), carruagens com bancos em madeira, sempre sobrelotadas. Como os lugares não são garantidos, as pessoas vão chegando à estação bastante cedo, e colocam-se em “fila indiana” (pela primeira vez pensei nas origens desta palavra, e como faz sentido!!) para garantirem um lugar.
Nós viajamos na sleeper class (tivemos duas viagens de 12 horas), carruagens onde se encontra do mochileiro (como era o nosso caso) a famílias grandes e com muitas crianças. A disposição das camas é em beliche, verticalmente colocados (3+3), não tem lençóis, a janela é aberta (porque não tem AC, apenas três ventoinhas no tecto) e não tem cortinas a isolar as cabines. A classe sleeper é geralmente suja, muito movimentada, com pessoas sentadas no nosso lugar e as casas de banho são particularmente desagradáveis. Se perguntarem se foi fácil, dizemos que não!! Se perguntarem se repetiamos, a resposta é convictamente afirmativa… Ok, ok, o Ar Condicionado tinha ajudado um pouco!! Mas foi no total espírito de aventura!









