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Do Poço do Inferno ao Covão d’Ametade – Serra da Estrela

Neste artigo pretendemos partilhar a nossa experiência em dois dos pontos mais valiosos da Serra da Estrela – o Poço do Inferno e o Covão d’Ametade – localizados em Manteigas. Entre estes dois pontos espraia-se o Vale Glaciar do Zêzere que é um dos geossítios de maior relevância na Serra da Estrela, classificada como Geopark Mundial pela UNESCO.

Tiramos um fim de semana e rumamos até Manteigas. As cores do outono e a floresta das faias chamava por nós. No sábado fizemos a Rota das Faias e, no domingo, logo pela manhã, rumamos ao Poço do Inferno, que é uma cascata natural com cerca de 10 metros, que pode ser vista à face da estrada. Não estava nos nosso planos fazer o trilho, mas quando vimos o painel não resistimos e acabamos por calçar as botas e percorrer o PR1 MTG – Rota do Poço do Inferno, que é uma pequena rota circular com 2,5 km, mas que parecem muitos mais!

INFORMAÇÕES técnicas do trilho

Designação:  PR1 MTG – Rota do Poço do Inferno
Localização: Manteigas
Distância2,5 quilómetros
Tipo de trilho: pequena rota circular
Início do percurso: junto ao parque de estacionamento do Poço do Inferno – 7º31’03,88″W  40º22’24,81″N
Duração prevista: 1h30 (sem fotografias ou grandes paragens)
Mapa do percurso:  poderá consultar a brochura e informação disponível aqui e no site.
Nível de dificuldade: médio (o trilho não é difícil, mas a primeira parte é mais técnica e não aconselhada a pessoas com vertigens)
Época do ano mais aconselhada: primavera e outono por causa das cores da paisagem e do tempo mais ameno. Com chuva poderá ser um trilho mais perigoso, principalmente no início do percurso que é muito empedrado.

Ao contrário da Rota das Faias, não tínhamos grandes expectativas sobre este trilho, mas rápido mudamos de ideia quando iniciamos o percurso. Surpreendente é o seu “nome do meio”. Começa íngreme e vertiginoso, mas é de lá que temos uma vista única do Vale do Rio Zêzere, do Vale da Ribeira de Leandres e das linhas de água que correm destemidas encosta abaixo. Ao longe, parecemos “cabras do monte”🐐 em elegantes equilibrismos em pedras pontiagudas. O percurso é absolutamente incrível, e não estamos a exagerar.

E de repente, enquanto te distrais com a paisagem, entras num bosque de bétulas, castanheiros, entre outras árvores, que te acompanham (quase) até ao final do percurso. O silêncio só é interrompido pelo som da água e o barulho dos teus pés a pisar as folhas secas. Conseguem imaginar?

O tempo passado entre as árvores nunca é desperdiçado

A parte final do percurso é feita em asfalto, mas o caminho é igualmente cénico.

Chegamos ao Poço do Inferno. É bonito e percebemos porque é considerado um ex-líbris do Concelho. Mas, para nós, o Poço do Inferno será sempre o caminho até lá.

Não estava nos nossos planos, mas foi o melhor plano que poderíamos ter.

Sabiam que…
O Município de Manteigas possui mais de 200 km de percursos pedestres, que incluem dezasseis pequenas rotas e duas grandes rotas? O Manteigas Trilhos Verdes, a Grande Rota do Zêzere e a Grande Rota das Aldeias Históricas de Portugal.

Saímos do Poço do Inferno e retomamos a EN338 que acompanha o Vale Glaciar do Zêzere, por mais de 10km, em direção ao Covão d’Ametade.

Não há muitas palavras que descrevam a beleza deste trajeto. O Vale tem 13kms de extensão (da vila de Manteigas ao Covão d’Ametade), é um dos maiores da Europa e é uma maravilhosa dádiva da natureza. A austeridade das rochas graníticas vive harmoniosamente com as zonas verdes de pastoreio, agricultura e lazer, que dão encanto ao vale. Tem a forma de «U» e, no silêncio, parece que ouvimos a serra respirar.

Vale Glaciar do Zêzere

Estamos a 1500 metros de altitude.

É no início do Vale e no sopé do Cântaro Magro que repousa o Covão d’Ametade onde o rio Zêzere, ainda criança, finta vidoeiros e ganha corpo e força para percorrer tantos quilómetros até confluir com o rio Tejo. Descrito como “um cenário paradisíaco carregado de sentimento bucólico e poético, um dos locais mais icónicos da Serra da Estrela”, o Covão d’Ametade é sinónimo de harmonia, afinal é aqui que o coração da serra bate com mais força. Nada nele fica pela metade, porque ele é inteiro.

Visitamos o Covão d’Ametade com as suas cores outonais e acreditamos que no inverno, com neve, deve ficar místico. Mas ficamos a sonhar lá voltar na primavera e no verão para poder usufruir do fresco da sombra das suas bétulas, enquanto fazemos um piquenique em família ou descansamos na nossa van Borboleta.

Informações úteis:
– É muito fácil aceder ao Covão d’Ametade uma vez que fica próximo da estrada e o seu parque de estacionamento acaba por funcionar, também, como miradouro privilegiado sob o vale glaciar.
– Apesar de estar localizado a 1500 metros de altitude, podemos visitar o Covão d’Ametade em quase todas as épocas do ano, exceto nos dias de neve que obriguem ao corte de estradas. Também vimos que é possível lá chegar através de trilhos e percursos pedestres, que estão devidamente sinalizados, como o caso da Rota do Glaciar (linear, 17 km, que liga a Torre à vila de Manteigas) e a Rota do Maciço Central (circular, 10 km sem derivações podendo ir até quase 20 km).
– É um dos melhores locais em Portugal para praticar escalada ou alpinismo.
– É possível acampar e o espaço tem estruturas de apoio (mesas, churrasqueiras, casas de banho) que tornam mais confortável a permanência no local.

No artigo que escrevemos sobre a Rota das Faias partilhamos outras propostas de visita e recomendamos locais para dormir e comer. Se tiver interesse, espreite.

E quando nos perguntam como foi o fim de semana, a nossa resposta é esta!

⭐⭐⭐⭐

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