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Visitar o Douro: Régua ao Pocinho de Comboio

O dia acordou bem disposto. Para visitar o Douro isso é importante, porque quando a luz é a certa a imagem rouba-nos as palavras, que já são poucas para o que os olhos veem. O outono tinha chegado ao Douro e nós não podíamos perder aquela bela paleta de amarelos e castanhos, a que se juntam tons laranja, vermelho e roxo. No Outono a natureza faz magia e química! A proposta era um passeio de comboio da Régua ao Pocinho, mas acabou por ser muito mais do que isso. Venham connosco à descoberta deste Douro maravilhoso.

…volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir.

Miguel Torga

PROPOSTA

> Ir de carro até à Régua
> Apanhar o comboio que liga a Régua ao Pocinho e regressar
> Fazer uma prova de vinho
> Visitar o Miradouro de São Leonardo da Galafura

Fomos de carro até ao peso da Régua…

A opção por ir de carro até à Régua foi pensada com pormenor. Queríamos adentrar o Douro Vinhateiro e deliciarmo-nos com as suas paisagens panorâmicas que foram classificadas como Património de Humanidade UNESCO, em 2001. Uma comunhão perfeita da natureza com a ação humana. O que vemos? Socalcos de vinha que ladeiam o rio e que produzem um dos vinhos mais conhecidos do mundo. O vinho do Porto. E todos os outros vinhos do Douro que fazem furor em qualquer festa de Baco.

Pare nos vários miradouros que vão aparecendo e aprecie esta vista única.

Se chegar com tempo, visite a cidade ribeirinha da Régua. Como negar a visita ao maior entreposto de comércio e transporte do Vinho do Porto? Em Portugal, vinho é cultura!

Dicas
Se não quiser ir de carro, tem mais duas opções igualmente boas. Pode ir de comboio, a CP – Comboios de Portugal tem ligações Porto-Régua (ver site CP). Ou pode fazer um Cruzeiro no Douro (Porto-Régua; Régua-Pinhão; Régua-Pocinho). Se optar pelo comboio recomendamos que parta da Estação de São Bento, que é uma verdadeira obra-de-arte.

“All aboard!”

O grande objetivo deste passeio era fazer a ligação de comboio entre a Régua e o Pocinho, que é uma estação terminal. 1h40 de viagem que passou num abrir e fechar de olhos. Todos/as querem o lugar à janela que tem vista rio. Do outro lado, só se sentam as pessoas da terra que conhecem aquela vista como a palma das suas mãos enrugadas do tempo. Lá dentro são mais os turistas do que os autóctones, mas é por eles que ouvimos as histórias de quando a Linha do Douro era cheia de gente. _”Quando me casei este comboio ia até Barca d’Alva”, contava-nos uma senhora mais velha que viajava ao nosso lado.

Curiosidade
Linha do Douro, que foi inaugurada em 1887, é uma linha de caminho de ferro que liga Ermesinde ao Pocinho, numa extensão de cerca de 160 Km. Na sua extensão máxima, a Linha do Douro terminava em Barca d’Alva, junto à fronteira com Espanha (o lanço entre Pocinho e Barca d’Alva fechou em 18 de Outubro de 1988). A linha segue o vale do Rio Douro o que a torna numa das mais belas de Portugal e com fortes potencialidades turísticas.

O dia estava morno.

Abrimos as janelas e pusemos a cabeça de fora, afinal é (lá) fora que o mundo passa. Sabiam que o comboio beira tanto o rio Douro que parece querer beijá-lo? Um rio que serpenteia a terra e que deixa que o céu, vaidoso, se espelhe. Depois da estação do Tua a paisagem vai mudando e o rio como que se adelgaça… ficamos sem saber se é ele que se estreita ou se são as margens que o comprimem. Da encosta verde e socalcada, passamos a paisagens mais agrestes, rochosas e acastanhadas. Belas à sua maneira.

Adentramos o interior e chegamos à estação final. Pocinho. Estamos no km 171, 913. A partir dali a linha do Douro está desativada.

Se quisermos regressar no mesmo dia, temos duas hipóteses: ou apanhamos o mesmo comboio que pára cerca de 30 minutos na estação do Pocinho, ou esperamos pelo próximo comboio que nos permite uma estadia de mais ou menos 4 horas. Se optar por esta última, explore os trilhos e a ponte de ferro, ambas desativadas. Atenção ao sinal “Proibido passar”! A ponte de ferro, melancólica e sozinha, está lá a forçar diálogos entre margens. Desde que construíram a barragem, o rio já não lhe faz festa(s).

Está na hora de regressar e temos de apressar o passo para não perder a “boleia”. O comboio não espera por ninguém. Fitamos o horizonte, campesino e acastanhado, e quase jurava que dali a uns minutos poderia passar um cowboy a galope, não fosse o cenário tão parecido com o faroeste.

Dicas
O custo da viagem de ida e volta Régua – Pocinho é de 13,70€ por pessoa. Não há muitas opções de horário, por isso recomenda-se a consulta prévia do horário no site da CP – Comboios de Portugal

No Douro, bebe um douro

De regresso à Régua, procure um local onde possa saborear e degustar um bom copo de vinho ou fazer uma prova de vinhos numa das muitas quintas renomadas que disponibilizam tours às suas caves e adegas. Sugerimos uma passagem pelo Cais de Mercadorias da Refer, que preserva a construção original, mas com um traço elegante, tanto quanto os restaurantes que o compõem. Espaços com “rótulo de marca” onde o melhor da região é servido à mesa (e no copo). Se quiser fazer a visita e uma prova de vinhos numa quinta não lhe faltam opções. Deixamos como sugestão a 100HECTARES, uma empresa familiar que produz um vinho que vale muito a pena experimentar.

Mira (o) Douro

O Douro é tão lindo que até a palavra miradouro parece ter sido feita para ele. A poucos quilómetros da Régua, por uma estrada curvilínea, chegamos a São Leonardo da Galafura que, dos seus 630 metros de altitude, nos oferece uma das vistas mais bonitas do rio e da região. Na fotografia não se sente o bem que se respira lá em cima ou o silêncio que “nem o rio se atreve a quebrar”. Tirem as fotografias todas, mas depois sentem-se por lá e contemplem este “excesso de natureza”.

E assim se passou um dia. Regressamos a casa de coração cheio e conquistados por este Douro que é ouro.

Detalhes
outubro de 2020
Marcelo Andrade @iremviagem
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Comentários

  • Fernanda
    14 de Junho, 2021

    Olá! A única forma de subir o miradouro é alugando um carro?

    Responder
    • 14 de Junho, 2021

      Boa noite Fernanda. O ideal será ter um carro. Não sabemos se há transportes públicos. Mas sem dúvida que o mais prático é ter um carro.

      Responder

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