Poços do Rio Teixeira em São Pedro do Sul
Em plena Serra da Arada, na área de São Pedro do Sul, há cascatas que convidam ao mergulho e à contemplação. Uma simpatia que o rio Teixeira, um afluente do rio Vouga, nos oferece. Com apenas 13 quilómetros, é um dos rios portugueses mais selvagem e com maior número de praias e piscinas fluviais – os “poços” como lhes chamam por lá.
É lá que podemos encontrar uma das cascatas mais bonitas de Portugal, o Poço Negro, que nos obriga a ir à descoberta. Mas quando lá chegamos percebemos que há mais, muito mais, e é sobre isso que vos queremos falar neste artigo, que começa com a rota dos poços do rio Teixeira e termina com questões práticas e outras curiosidades que podem enriquecer a vossa estadia.
rota dos poços do rio teixeira
O Poço Negro, o Poço Azul e os Poços da Ponte Teixeira fazem parte de um conjunto de poços ou piscinas naturais, que se localizam no rio Teixeira, afluente do Vouga, em S. Pedro do Sul.
1 – Poço negro
O Poço Negro é uma maravilha natural esculpida pelo rio Teixeira, que, ao descer em cascata de cerca de 20 metros de altura, forma um poço impressionante que, de negro, só tem o nome. Aliás, o nome nada tem a ver com a cor da água, mas sim com a grande profundidade que tem.
Se tiveres coragem, salta! Coragem e cuidado, até porque o Poço Negro não é vigiado. Para os menos ousados, não faltam alternativas para aproveitar o local. Ao longo das rochas que ladeiam a cascata, formam-se pequenas lagoas naturais, perfeitas para um banho refrescante em águas cristalinas.
O acesso ao Poço Negro é feito a pé e não é dos mais fáceis, no entanto, esta dificuldade acaba por ser parte do encanto do lugar, tornando-o especialmente atrativo para quem busca um cenário mais selvagem e menos explorado. O esforço vale a pena: o Poço Negro oferece uma beleza incomparável, rivalizando com as famosas cascatas do Gerês. Este local é verdadeiramente um oásis escondido na montanha, com tudo de cliché que comporta.
Localização e acesso:
Fica localizado perto de Sernadinha, uma pequena localidade mesmo ao lado da aldeia de Manhouce, no concelho de São Pedro do Sul. Coordenadas GPS: 40.82023336476149, -8.22803412707341
A estrada que liga Sernadinha ao Poço Negro é quase toda em terra batida e com um declive bastante acentuado. À data da nossa visita partes da estrada estavam bastante danificadas. Nós optamos por deixar o carro no início do percurso e fazê-lo a pé (é um pouco mais de 1 km para cada lado). Se tiverem um carro baixo, não recomendamos que desçam com ele.
2 – Poço azul
O Poço Azul é outra das piscinas fluviais que merece visita. É muito procurada para ir a banhos porque, além de bons acessos, tem, também, um parque de merendas, oferecendo um quadro idílico de cascata e bosque. A piscina fluvial, que foi criada pela queda de água, é ladeada por rochas enormes, polidas pela erosão de milhões de anos, e que se tornaram verdadeiros escorregas naturais utilizados pelos mais audazes. Diz o ditado que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Não sei se furou, mas que criou um parque de diversões, isso é uma verdade.
Algumas dessas pedras foram esculpidas também pelo artista Custódio Almeida (ver Curiosidades, em baixo), retratando formas de peixes e caras engraçadas.
Localização e acesso:
Fica localizado na aldeia de Sabrosa, a cerca de 4 Km de Santa Cruz da Trapa.
Coordenadas GPS: 40.780992, -8.165206 ou 40°46’51.6″N 8°09’54.7″W .
Só poderá levar o carro até à entrada do caminho empedrado que fica a cerca de 500 metros do Poço. O restante terá de ser percorrido a pé.
3 – Poços da ponte Teixeira
O Poço Azul é o mais conhecido, mas foram os poços da ponte Teixeira que nos conquistaram. Apesar de estarem mais à face da estrada e muito perto do Poço Azul, são mais selvagens e têm menos pessoas. Talvez porque quem as vê de cima não percebe a beleza que escondem. Mas quando lá chegamos, tudo à nossa volta é verde, água e pedras polidas pela erosão.
Os poços da Ponte Teixeira aproveitam as águas da ribeira da Landeira para criar piscinas naturais, que assumem diferentes formas. Não têm a queda de água ou a piscina do Poço Azul, dada a saltos acrobáticos e traquinices, mas têm o segredo da tranquilidade e da história que nos é contada pela sua ponte romano-medieval que pertencia à antiga via romana que ligava Viseu ao Porto (uma rede viária com mais de 2000 anos servia para a deslocação rápida das legiões romanas.). Aliás, o poço mais acessível é o poço Teixeira, que fica mesmo abaixo da ponte, e que é possível aceder pelo moinho. Mas se descermos um pouco mais o rio, vem o silêncio da água a correr, das folhas a cantarolar e do sol a espreitar por entre os ramos das árvores. E aqui encontramos o poço das Gravuras, que se acede por um pequeno caminho pedonal, e a 200 metros os poços Estreito e Quadrado.
Dicas:
💡O Poço Azul e os Poços da Ponte Teixeira ficam a pouco mais do que 1 km do alojamento onde ficamos hospedados, abraçam com orgulho as gravuras feitas por um artista local @custodioalmeida.pt (ver e baixo nas Questões práticas e outras curiosidades) e fazem parte da Rota da Água e da Pedra (RAP) que, para quem não sabe, é uma rota de natureza que atravessa o território de sete municípios. Do Douro até ao Vouga passando pelas serras da Freita, Arada e Montemuro, convida a uma descoberta do património natural e cultural das tão faladas Montanhas Mágicas. São nove linhas com 114 pontos de visitação. Interessante, não é?
💡O Poço Negro faz parte de um conjunto de poços, conhecidos como “Poços de Manhouce” que se localizam no alto do rio Teixeira. Além do poço Negro, há os poços da Cilha/Silha e da Barreira na ribeira da Vessa, e o poço da Gola na ribeira de Manhouce, que são alguns dos mais conhecidos e frequentados.
💡Visite a aldeia de Manhouce que já mereceu, no passado, o segundo lugar na eleição da “aldeia mais portuguesa de Portugal”. É lá que pode encontrar a ponte de Manhouce, que foi construída no período Romano, uma Ponte de um arco simples de volta inteira e que se presume ter sido construída entre o século II a. C. e o século I d. C.
questões práticas e outras curiosidades
como lá chegar?
A forma mais prática de visitar os Poços de Manhouce é de carro, pois oferece maior flexibilidade para explorar a área de São Pedro do Sul.
- Do Porto: A viagem tem cerca de 1h30 (120 km). Podem seguir pela A1 até ao nó de Estarreja, depois apanhar a A29 e a A25, saindo para São Pedro do Sul e seguindo depois para Manhouce.
- De Lisboa: A viagem dura aproximadamente 3 horas (cerca de 300 km). Pode seguir pela A1 em direção ao Porto, depois sair para a A25 em direção a Viseu, e seguir na direção de São Pedro do Sul. Ao chegar a São Pedro do Sul, deve seguir em direção à aldeia de Manhouce.
O acesso por transporte público é mais limitado. Existem autocarros que ligam as principais cidades portuguesas a São Pedro do Sul (Rede Expressos, por exemplo). Contudo, a partir de São Pedro do Sul para Manhouce, pode ser difícil encontrar transporte público direto.
onde ficar alojado?
Nós fomos um fim de semana e passamos uma noite no alojamento Sowilo.
Sowilo significa “Sol” e é uma runa que representa brilho, sucesso e vitalidade. Um nome bonito para se dar a uma casa que se reconstruiu do que era antigo e que está sempre virada para o sol. Assim é Sowilo, um alojamento localizado em Santa Cruz da Trapa, São Pedro do Sul. Uma casa simples e rústica, mas cheia de criatividade, não fosse grande parte do mobiliário e decoração criado e idealizado por Custódio Almeida, um artista local que esculpe com as mãos o que lhe sai da alma. Está totalmente equipada, tem dois quartos, uma casa de banho, uma sala e um espaço exterior gigante, mas foi aquele quarto no mezanino que nos encheu as medidas. Tudo é amplo, tudo é luz, tudo é ninho.
💡 Dicas:
Nas redondezas há muito para ver e fazer. A natureza mima-nos com o Poço Azul, os Poços da Ponte Teixeira, o Poço Negro e vários trilhos que nos permitem explorar os tesouros de São Pedro do Sul (e arredores). Tem o espaço Arte Dança Nua, a 200 metros do alojamento, o Bioparque em Carvalhais, freguesia onde decorre, também, o conhecido festival de Tradições, Dança, Música e Natureza – Tradidanças, ou as Termas e a ecopista do Vouga em São Pedro do Sul. Ou então não faça nada e aproveite o “slow living” que a House Sowilo proporciona.
onde comer?
Em Santa Cruz da Trapa há alguns restaurantes, mas deixamos a sugestão de fazerem cerca de 23 km até à Aldeia da Pena, para ir à Adega Típica da Pena. Um restaurante familiar que tem as carnes grelhadas como especialidades da casa. Por encomenda, fazem vitela (à moda de Lafões) e cabrito assados no forno, arroz de cabidela, feijoada e cozido à portuguesa. Bacalhau à lagareiro é o único prato de peixe e as sobremesas são caseiras. Convém sempre reservar.
Curiosidades
Esperamos que as nossas sugestões e imagens vos inspirem a ir e ajudem a preparar a viagem.
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E já sabem… o importante é IR!
Detalhes
Agradecimentos
À Casa Sowilo e ao Custódio Almeida pelo acolhimento e simpatia
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