Da Lousã a Tomar: uma road trip pelo Centro de Portugal
Prepare-se para uma aventura inesquecível pelo coração de Portugal, numa road trip que o levará da encantadora Serra da Lousã até a histórica cidade de Tomar. Mas o segredo está no caminho.
Pegamos na van Borboleta e fomos. Feita a digestão de 4 horas de estradas nacionais (saídos do Porto), chegamos à Lousã a tempo de fazer o “check-in” no parque do Castelo. Daqui até Tomar, que era o nosso destino final, o percurso foi feito de descobertas (das boas). Já tínhamos estado na Lousã, mas aproveitamos para revisitar a aldeia do Talasnal, lá onde se quebra o silêncio da serra. Descemos em direção à Serra do Espinhal (Penela) e paramos no Miradouro da Pedra da Ferida. Desces das alturas e mergulhas na cascata. Continuamos para sul e a placa a dizer Dornes fez-nos desviar o caminho, afinal ninguém vira as costas à “Terra Mítica dos Templários” que é acarinhada pela albufeira do rio Zêzere. Respiras fundo com a beleza que vês. Tomar estava mais perto, mas como perder a Praia Fluvial e os passadiços do Penedo Furado, em Vila de Rei? Finalmente chegamos a Tomar, o berço dos templários, com o Convento de Cristo a fazer xeque-mate nesta viagem.
Roteiro
1. Lousã e as Aldeias de Xisto.
2. Miradouro e Cascata da Pedra da Ferida (Penela).
3. Dornes (Ferreira do Zêzere)
4. Praia Fluvial e passadiços do Penedo Furado (Vila de Rei).
5. Tomar
1. Lousã e as aldeias de Xisto
A Lousã é uma vila portuguesa, do Distrito de Coimbra. A vila é simples, mas tem um grande património arquitetónico e histórico. Sem se aperceberem estão a passar por séculos de história, por isso, se forem à Lousã, deem do vosso tempo à vila. Aos pés da Serra da Lousã, ela que esconde alguns tesouros bem guardados. Falamos das paisagens naturais e dos miradouros, da fauna e da flora, mas também da vertente cultural e humana das Aldeias do Xisto, que lhe dão identidade e personalidade.

2. Miradouro e Cascata da Pedra da Ferida
Da Lousã à Cascata da Pedra da Ferida distam cerca de 25 km para sul. A cascata fica em plena Serra do Espinhal, no concelho de Penela, e vale cada quilómetro que se percorre. Fomos até ao miradouro, que fica à face da estrada, e encavalitamo-nos montanha abaixo até à cascata. Por aqui, o trilho é muito curto, mas um pouco pedregoso e técnico. Mas há um outro caminho (o oficial), que é mais tranquilo, que sai da vila de Espinhal em direção ao Parque de Merendas da Ribeira da Azenha. Pode ser feito a pé ou de carro, por uma estrada em terra batida. Chegando ao parque de merendas, o caminho a pé até à cascata é de cerca de 1,5 km adentrando a serra.

💡Dicas
Para quem quiser desafios maiores, tem sempre a possibilidade de percorrer o PR2 PNL Espinhal – Cascata da Pedra da Ferida – Praia Fluvial da Louçainha (13 km ida e volta).
3. Dornes
Dornes é uma encantadora vila portuguesa situada no Município de Ferreira do Zêzere, no distrito de Santarém. Rodeada pelo rio Zêzere e com uma rica história que remonta aos tempos dos Templários, Dornes é um destino perfeito para quem procura um refúgio tranquilo com belas paisagens e património cultural. Foi eleita uma das 7 maravilhas de Portugal, na categoria aldeias.
Não tem muitos pontos turísticos porque ela é, só por sim, o adorno turístico. Apesar disso, tem algumas atrações turísticas interessantes:
– Torre Pentagonal que é um dos seus pontos mais icônicos. Esta torre única tem cinco lados e oferece uma vista panorâmica deslumbrante sobre o rio Zêzere.
– Igreja de Nossa Senhora do Pranto que possui elementos arquitetónicos que datam dos séculos XIII e XVI. É um local de peregrinação importante e possui um ambiente sereno e inspirador.
– Moinhos de Água que ainda estão presentes na região e que oferecem uma visão sobre a vida rural tradicional.
– Atividades e passeios de Barco no rio Zêzere.
Respire fundo e oiça o silêncio… está em Dornes!

4. Praia Fluvial e Passadiços do Penedo Furado
Tomar estava bem mais perto, mas não podíamos perder a oportunidade de ir ao Penedo Furado, em Vila de Rei. Lemos que era um local de grande beleza natural e que oferecia uma combinação única de bonitas paisagens, trilhos e piscinas naturais.
Penedo Furado fica em Vila de Rei e é um três em um: praia fluvial, cascata e passadiços. A praia fluvial é um convite à permanência, pela sua beleza mas, também, pelas ótimas acessibilidades e infra-estruturas. Ela pede para ficar… e nós ficámos. De lá acedemos aos passadiços que, num trilho circular de 1,8 km, nos leva até à cascata do Penedo Furado e à cascata da Bica Negra que, tímida, se esconde na vegetação; ao Miradouro das Fragas do Rabadão, que nos oferece umas vistas privilegiadas sobre o vale e o Zêzere; e ao lugar que dá o nome a tudo isto, um enorme penedo com um buraco no meio.

Se tiverem oportunidade vão! Eu que gosto tanto de adjetivos, faltam-me uns tantos para descrever o quanto foi bom o tempo que passamos por lá. Somos sempre felizes nos lugares que nos dão paz, ar puro e um céu estrelado para ficar… e nós ficamos.
💡Dicas
Uma nota para os amantes de caminhadas, os Passadiços do Penedo Furado fazem também parte do Trilho das Bufareiras, Rota das Conheiras, Grande Rota da Prata e do Ouro e Grande Rota do Zêzere. Ver todos os trilhos oficiais de Vila do Rei, aqui

5. Tomar
Tomar, uma cidade no coração de Portugal, é um destino imperdível para os amantes da história, arquitetura e cultura. Fundada em 1160 pelos Cavaleiros Templários, Tomar é um testemunho vivo do legado templário e do período da Reconquista. Visitar Tomar é uma ótima ideia para quem deseja um destino completo. Está estrategicamente bem localizado (a cerca de uma e meia de Lisboa e duas horas do Porto) e tem muitas coisas para viver e experienciar.

Vamos enunciar aqui os nossos 7 imperdíveis emTomar.
1. Convento de Cristo e Castelo de Tomar
Na passagem por Tomar um dos grandes objetivos era visitar o Convento de Cristo. A história dos Templários sempre nos fascinou, particularmente pelos misticismos criados à sua volta. Sei que há muito Dan Brown à mistura, mas o Castelo e o Convento de Cristo são um marco ímpar da presença dos Templários na Península Ibérica e têm origens quase tão remotas como o próprio país. O castelo existe desde 1160 e o Convento começou a ser construído já durante o século XIV e ampliado ao longo de vários séculos. Os vários estilos arquitetónicos, tornam o Convento uma “peça única” e de valor inestimável, o que lhe permitiu ser classificado como Património da Humanidade pela UNESCO em 1983.




Depois de visitar o Convento de Cristo, caminhar pelos claustros, ficarmos impressionados com a Charola dos Templários e perder as horas a olhar para a Janela Manuelina e a sua simbologia, percebemos que, afinal, o Convento é muito mais do que a história dos Templários, ele é um livro vivo da História de Portugal. Ele é uma viagem no tempo.
Charola dos Templários dentro do Convento Janela Manuelina
Partilhamos aqui algumas dicas, não sobre o que visitar, mas como tirar melhor proveito da visita. Afinal, quanto vale uma viagem no tempo?
💡Dicas
– Se quiserem uma visita mais informada, um/a guia pode ser uma boa solução.
– Vá com tempo. O Convento merece!
– O Convento integra os monumentos nacionais que têm entrada gratuita aos domingos e feriados, para quem vive em território nacional.
– Da Mata Nacional dos Sete Montes têm uma vista privilegiada para o Convento. Passeiam por lá!
– Visitem também o Castelo Templário.
– À saída do Convento, há sempre produtores locais com frutas e produtos frescos. É hora de repor energias!!
2. Aqueduto dos Pegões Altos ou do Convento de Cristo
O Aqueduto do Convento de Cristo foi mandado construir por Filipe I, com o objetivo de abastecer de água o Convento de Cristo. O projeto deste aqueduto foi realizado em 1584 apesar de os trabalhos terem começado apenas no ano de 1593. O Aqueduto estende-se ao longo de cerca de seis quilómetros, fazendo a ligação da água a partir de quatro nascentes situadas nos arredores da cidade de Tomar. É composto por um total de 180 arcos de volta perfeita e representa uma das mais importantes obras públicas do século XVII, em Portugal. O Aqueduto do Convento de Cristo está classificado como Monumento Nacional desde 1910.
O Aqueduto fica na periferia da cidade, neste sentido, para o visitar podem ir de carro, de tuk-tuk (que encontram no centro da cidade) ou então fazer o trilho a partir do Convento de Cristo (que foi o que nós fizemos).
💡Dicas
Para quem gosta de caminhar, façam o trilho do Aqueduto de Pegões. Começa no centro da cidade, passa pelo Castelo e pelo Convento e termina no aqueduto, que tem cerca de 6 km de extensão, e foi construído com a finalidade de abastecer de água o Convento.
3. Mata dos Sete Montes
A Mata dos Sete Montes é um dos principais pontos turísticos da cidade de Tomar, de fácil acesso e gratuito, oferecendo um espaço de tranquilidade e beleza natural. Este parque tem uma história rica e está intimamente ligado à história dos Cavaleiros Templários, que, como sabemos, tiveram uma presença significativa em Tomar. É conhecida pela sua densa vegetação, incluindo uma variedade de árvores e plantas e é, por isso, um ótimo lugar para caminhadas e passeios tranquilos a desfrutar da natureza, para observação de pássaros e fotografia de natureza.
Dentro da mata, existem várias construções históricas, incluindo tanques de água antigos (Charolinha) e a Ermida de Nossa Senhora da Conceição. Além disso oferece-nos uma vista privilegiada do Convento de Cristo. Passear por esta Mata é abrir os livros sobre Camelot, Rei Artur, os cavaleiros do Santo Graal e a Távola Redonda.




4. zona histórica da cidade
A zona histórica de Tomar é rica em pontos de interesse, refletindo sua história ligada aos Cavaleiros Templários e à Ordem de Cristo.
O coração da cidade está na Praça da República onde está localizada a estátua de Gualdim Pais, fundador de Tomar. A praça é rodeada por edifícios históricos e é um ótimo lugar para começar a explorar a cidade.
Curiosidade
A Estátua de D. Gualdim Pais está no coração do centro histórico de Tomar, no centro da Praça da República, entre o edifício dos Paços do Concelho e a Igreja de São João Batista. Gualdim Pais foi um cruzado português, nascido em Amares em 1118, que acabou por ficar inexoravelmente associado à história de Tomar. Foi Cavaleiro de D. Afonso Henriques entre 1128 e 1185, e o fundador da cidade de Tomar, onde ficou sediada a Ordem do Templo, da qual se tornou grão-mestre. Quando lá chegamos estranhamos ver várias pessoas a andar à volta da estátua e a olhá-la de vários ângulos. Perguntamos e as pessoas da terra responderam com outra pergunta? O que é que o Gualdim Pais tem de fora”? Quem sabe qual é o segredo da estátua de D. Guadim Pais?

Numa das ruas perpendiculares à praça da República situa-se a Sinagoga de Tomar, uma das mais antigas em Portugal e é, agora, um museu judaico. A sinagoga data do século XV e apresenta elementos arquitetónicos únicos.
E uma das ruas mais conhecidas é a Rua Serpa Pinto, mais conhecida como Corredoura, que é a rua pedonal e comercial da cidade, onde podemos encontrar as lojas tradicionais, cafés e restaurantes. Um destaque para o centenário Café Paraíso e a pastelaria Estrelas de Tomar que reclama para si ter inventado os doces típicos da cidade.
O início da Corredoura cumprimenta, simpaticamente, o Parque do Mouchão que é um parque pitoresco, de visita obrigatória, com um moinho de água e áreas verdes, perfeito para um passeio relaxante junto ao rio Nabão, e a Levada de Tomar, do tempo dos Templários, que desviava a água do rio Nabão para fornecer energia aos moinhos e lagares nas margens do rio. Hoje é um complexo cultural onde podemos encontrar o Museu da Levada de Tomar.

Um pouco mais afastado (mas ainda no centro da cidade), o Convento de São Francisco que se destaca pela bela capela maneirista e que acolhe, atualmente, o Museu dos Fósforos, um museu singular que possui uma vasta coleção de caixas de fósforos de todo o mundo, exibindo a diversidade de design e cultura. Paredes meias com o Museu, uma pequena oficina de olaria e azulejaria que empresta o seu espaço a artistas locais.
Não deixe de visitar o Posto de Turismo de Tomar cujo edifício foi classificado como monumento nacional e merece destaque pela relevância e originalidade arquitetónica da sua construção e pelo importante detalhe da Janela de cunhal quinhentista.

5. Adoçar a boca com umas “Fatias de Tomar” ou uns “Beija-me Depressa”
Tomar é conhecido não só por sua história, mas também por sua deliciosa doçaria e há duas iguarias tradicionais que não podemos deixar de experimentar que são as “Fatias de Tomar”, um doce conventual com uma história associadas ao Convento de Cristo. Como bom doce conventual que é, as fatias são suaves, amarelas e muito doces, com uma textura delicada e um sabor intenso a ovo e açúcar. Já os “Beija-me Depressa” são uma espécie de biscoito ou bolinho, onde a mistura da amêndoa e açúcar cria uma textura crocante por fora e macia por dentro.
💡Dicas
Um dos locais mais conhecidos para comprar estas iguarias é na Pastelaria Estrelas de Tomar, conhecida pela qualidade dos seus produtos tradicionais.
6. Jantar na Taverna Antiqua
A Taverna Antiqua oferece uma experiência gastronómica única que remonta aos tempos medievais. Este restaurante é conhecido por recriar uma autêntica atmosfera temática (medieval), com os funcionários vestidos em trajes de época, com uma decoração rústica (mobília de madeira pesada, tapeçarias, velas, e armaduras…) e pratos inspirados na culinária tradicional portuguesa e medieval (Pão artesanal com azeite e azeitonas, Ensopado de borrego, Bacalhau à Taverna, Javali estufado, entre outros) e, para beber, uma seleção de vinhos portugueses, hidromel (uma bebida alcoólica antiga feita de mel), e cervejas artesanais. Vale bem a experiência.


7. festa dos tabuleiros e outras festividades

Tomar celebra várias festividades ao longo do ano, mas é a Festa dos Tabuleiros, que se celebra a cada quatro anos (a última foi em maio de 2023), que coloca Tomar nos holofotes (inter)nacionais. Uma das festividades mais emblemáticas que envolve a decoração de tabuleiros com flores e pão, desfilando pelas ruas. É uma celebração de devoção à Nossa Senhora da Conceição. A Festa Templária, que acontece em julho, faz recriações, visitas, mercados, entre outras atividades, para evocar a história, as lendas, os segredos e os mitos, da mais rica e poderosa instituição medieval, a Ordem dos Templários.
Foi uma aventura que celebrou as belezas do Centro de Portugal, onde cada quilómetro percorrido nos traz novas descobertas. Foi uma road trip que ficou bem marcada na nossa memória e que vale a pena repetir.
Esperamos que as nossas sugestões e imagens vos inspirem a ir e ajudem a preparar a viagem.
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E já sabem… o importante é IR!
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