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6 razões para visitar a Lousã

O que nos leva a um lugar?

Não sei se (nos) fazemos esta pergunta vezes suficientes mas, se não for a causalidade, o que é que nos move a ir a um lugar?

A Lousã e a sua Serra têm-nos dado alguns motivos para ir e querer regressar. Um deles foi desencadeado por uma tragédia nacional. Logo após os grandes incêndios de junho de 2017, a revista Visão lançou dois guias “Coração no Centro de Portugal”, como movimento de apoio e promoção ao turismo na região. Lemos os guias, apaixonamo-nos pela região, e pusemos na nossa “To do List”. Nessa pesquisa, rapidamente percebemos que a Serra da Lousã é um abraço gigante para amantes de caminhadas, como é o nosso caso, e logo começamos a pesquisar os percursos pedestres da zona. E o que é que encontramos? Histórias, estórias e lendas. Daquelas que te caem no colo e que te fazem querer ir. Lembro-me de ler a história da alemã Kerstin Thom que redescobriu a aldeia de Cerdeira em 1988 e começou a sua recuperação, utilizando materiais locais como a pedra, argila e madeira autóctones. Ou os imensos descritivos falando de um nevoeiro místico que cobre, frequentemente, a serra da Lousã, e de como, quando deixamos de ver, começamos a sentir… o cheio dos pinheiros, dos eucaliptos, das mimosa e da terra molhada … e a ouvir, o silêncio absoluto da serra ou o bramido dos veados, se for tempo dele ou tiveres sorte. E até mesmo de ler, também, que a serra da Lousã tem um céu que merece honras de Rei, certificado pela Fundação Starlight, por ser um dos céus mais estrelados do Mundo, tão limpo que é possível observar a Via Láctea a olho nu, como acontece na zona do Alqueva. E depois vieram as estórias e as lendas que, sem explicar nada, revelam tudo! Pelo menos, para mim. Como entender a eterna solidão de uma Serra que criou caminhos virados para dentro, convidando-nos a parar no tempo? Caminhos que se enroscam e se encontram, quase todos, no Castelo de Arouce, onde, segundo a lenda, a princesa Peralta aguarda pelo seu príncipe. Este caminhos, juntos, levam-nos a todas as aldeias de xisto, bem escondidas na serra, como se fossem segredos sussurrados, mas onde podemos sentir o seu pulsar. E depois há aqueles motivos mais fútil, mas igualmente válidos, e que são “sinais dos tempos”, como querer tirar uma fotografia no Baloiço de Trevim, um dos spots mais “instagramáveis” do momento. O Marcelo já estava farto de me ouvir! “quando vamos à Lousã?”, “e passamos pela Lousã?”, “ohhhh, vamos lá!!!”. E fomos!

Sabia que…
A Serra da Lousã é um dos locais de eleição para assistir à Brama dos veados, que ocorre durante o seu período reprodutivo, entre os meses de setembro e outubro. Nesta altura, os veados machos emitem bramidos que ecoam pelos montes e que se ouvem a quilómetros de distância. O objetivo é atrair as fêmeas e intimidar os machos rivais. A natureza na sua exuberância. Um outro local preferencial para a ouvir a Brama é no Parque Natural de Montesinho, em Bragança

Foi neste espírito que escrevemos este artigo, partilhando seis razões para visitarem a Lousã e se encantarem por tudo o que ela tem para oferecer. Quem sabe uma delas, ou até todas, se tornem a resposta à pergunta: O que nos leva a um lugar?

Conteúdos

1. Explorar as Aldeias de Xisto
2. Fazer um trilho pedestre
3. Visitar o Castelo da Lousã
4. Aproveitar as praias fluviais
5. Baloiçar-se rumo ao infinito – o baloiço do Alto do Trevim
6. Gastronomia: de comer e chorar por mais

A Lousã é uma vila portuguesa, do Distrito de Coimbra. A vila é simples, mas tem um grande património arquitetónico e histórico. Sem se aperceberem estão a passar por séculos de história. Por isso, se forem à Lousã, deem do vosso tempo à vila. Passeiem pelas ruas e párem nas praças. Visitem as igrejas, especialmente a Igreja Matriz, e passem pelo edifício da Câmara Municipal, situados no centro da vila. Não deixem de ir ao Palácio da Lousã e visitar os seus jardins. Outrora Palácio da Viscondessa do Espinhal, hoje é um hotel  inserido num edifício brasonado do século XVIII, imóvel classificado como Património Histórico de Interesse Público. Não deixem, também, de visitar a Quinta do Meiral onde está uma das marcas mais importantes da região – o famoso Licor Beirão.

A vila está aos pés da Serra da Lousã, que esconde alguns tesouros bem guardados.  Falamos das paisagens naturais e dos miradouros,  da fauna e da flora, mas também da vertente cultural e humana das Aldeias do Xisto, que lhe dão identidade e personalidade.

1. Explorar as Aldeias do Xisto

Sabiam que só a Serra da Lousã alberga 12 das 27 Aldeias do Xisto da Região Centro do país? São elas Aigra NovaAigra VelhaCandalCasal NovoChiqueiroFerraria de São JoãoPenaCasal de São Simão, Cerdeira, ComareiraGondramaz e Talasnal. Atualmente com poucos habitantes, e algumas delas já desabitadas, vão-se animando com o turismo que as procura como refúgio. Algumas abrigam ateliers de artistas, pequenas lojas de artesanato e cafés/ restaurante acolhedores. Estas aldeias aninham-se na Serra da Lousã e algumas delas parecem desafiar as leis da gravidade, pela forma como se equilibram serra acima.

Das 12 aldeias, visitamos Candal, Casal Novo e Talasnal. 

As Aldeias de Xisto têm mais ou menos as mesmas características. São pequenas e vêem-se rápido. Por isso, o segredo é permanecer por um tempo. Respirar fundo, apreciar o silêncio da natureza, conversar à soleira de uma porta, namorar, ou então simplesmente parar.

Em Candal estivemos à conversa com Samuel, um jovem, formado em Higiene e Segurança no Trabalho, que fala 4 línguas, mas que a paixão pela terra não o deixa ir embora. Ele e o pai são dos poucos moradores (resistentes) na aldeia de Candal. Na sua cabeça, “dezenas” de projetos, todos eles voltados para a recuperação da aldeia. Com grande sensibilidade ambiental e para a manutenção da traça original das casas, eles são uma espécie de arquitetos do rústico, especializados nas Casas de Xisto (ver Casa da Carvalha). Samuel é um jovem que não “era suposto” estar ali, mas ainda bem que está!

Pernoitamos no Talasnal, a aldeia mais conhecida das Aldeias do Xisto na Lousã. É mais movimentada do que as outras aldeias e isso reflete-se na oferta turística: alojamentos, cafés e restauração. Não desilude quem a visita. Os seus balcões panorâmicos permitem-nos desfrutar de uma paisagem única, com a cor do frio, com o cheiro a lareira acesa e sabor a um bom petisco português. Os gatos são moradores permanentes da aldeia, preenchendo o silêncio e aquecendo os espaços vazios. Para nós o Talasnal será sempre a aldeia dos gatos (gordos).

Como visitar as Aldeias de Xisto?

Podem traçar um circuito de carro que passe por todas aldeias. Os acessos estão bem sinalizados desde a vila da Lousã. Será um passeio excelente que nos leva a adentrar a Serra da Lousã, cheia de locais mágicos, paisagens inesquecíveis e surpresas ao virar da esquina, com é exemplo as instalações de madeira do Projeto “Isto é Lousã” (de que vos falaremos mais em baixo).

Uma outra possibilidade é fazer um dos Trilhos Pedestres que atravessam as Aldeias do Xisto. E essa é a sgunda razão para visitarem a Lousã.

2. Fazer um trilho pedestre

A Serra da Lousã tem quilómetros de trilhos pedestres de pequena rota, que atravessam as Aldeias do Xisto. Para quem gosta de fazer caminhadas e ser desafiado/a pela natureza, esta é uma forma perfeita para conhecer a riqueza ambiental e patrimonial que se esconde na Serra e nas Aldeias de Xisto. As rotas são variadas, desde caminhadas mais leves por trilhos bem marcados até trilhos mais desafiadores mas que nos recompensam com vistas panorâmicas de tirar o fôlego. A sensação de estar completamente imerso na natureza é incomparável e os sons que ecoam das entranhas da serra são a banda sonora perfeita para a nossa visita.

Fizemos o Trilho Pedestre  PR2 LSA – Rota das Aldeias do Xisto da Lousã, um percurso circular, de 6 quilómetros, que nos leva  numa viagem no tempo. Parte do Castelo da Lousã e embrenha-se pelas encostas da Serra até às duas das mais emblemáticas Aldeias do Xisto: o Talasnal e o Casal Novo. O regresso faz-se pelo complexo natural e paisagístico da Nossa Senhora da Piedade.

3. Visitar o Castelo da Lousã

Além da beleza natural, a Serra da Lousã é rica em história. O Castelo de Lousã, também conhecido como Castelo de Arouce, é uma impressionante fortificação medieval, toda em xisto, incrustada num penhasco rodeado de verde. Tem algumas particularidades que o tornam especial. É um castelo altaneiro, mas que fica num vale e, por isso, não consegue ser visto da vila ao contrário do que acontece em outras regiões. Além disso, é sempre impressionante seja visto de cima, quando estamos a descer do Talasnal, por exemplo, seja visto da Ermida da Nossa Senhora da Piedade, que lhe pisca o olho, ou de baixo, da praia fluvial, que surge imponente.

O Castelo é paragem obrigatória. Envolto em lendas e mistérios, oferece-nos uma viagem no tempo.

4. Aproveitar As Praias fluviais

Uma das praias fluviais mais conhecida e procurada no Verão é a Praia da Senhora da Piedade, que se situa a poucos metros do Castelo e a aproximadamente 2 km da Lousã. As suas boas infraestruturas de apoio, aliado à beleza natural da cascata e das piscinas que se formam de água corrente da ribeira de São João, tornam esta praia fluvial num local ideal para se passar um dia em família e/ou com amigos/as. 

Do baloiço suspenso na árvore, criado pelo projeto “Isto é Lousã“, só encontramos o coração. Quem sabe no próximo verão o baloiço regressa para recriar mais um cenário idílico, em que a natureza é rainha.

As outras praias fluviais (que não chegamos a visitar) são: a praia fluvial da Senhora da Graça, também conhecida como a Praia Fluvial de Serpins, que fica a 10 km da Lousã; e a Praia Fluvial da Bogueira que está localizada nas imediações da aldeia de Casal de Ermio, a 6 km da Lousã. A Rede de Praias Fluviais das Aldeias do Xisto apresenta infraestruturas de apoio de alta qualidade, que lhe tem valido a atribuição de galardões como a Bandeira Azul ou a Medalha de Ouro da Quercus.

5. Baloiçar-se rumo ao infinito – o baloiço do Alto de Trevim e o projeto “Isto é Lousã”  

É no Alto do Trevim, nos  seus cerca de 1200 metros de altitude, que encontramos o ponto mais alto da Serra da Lousã. E é lá que está  baloiço mais “instagramável” do momento. Uma das muitas instalações artísticas criadas pelo projeto “Isto é Lousã” que deram enquadramentos diferentes a lugares que, de outra forma, não teriam tanta visibilidade. Algumas destas instalações são temporárias e outras permanentes. Nós encontramos algumas danificadas/ partidas e outras que tinham sido retiradas.

6. Gastronomia: de comer e chorar por mais

A gastronomia é um dos ex-libris da região: a chanfana, que é rainha, o Cozido do Talasnal na broa, o cabrito assado e os pratos de caça – javali com castanhas e veado com tortulhos – acompanhados pelo vinho de Foz de Arouce. E há restaurantes que devem fazer parte do roteiro de visita, como O Burgo, que fica a caminho da Ermida de Nossa Senhora da Piedade, junto a umas piscinas naturais, o Restaurante Casa Velha, no centro da Lousã, o Restaurante Ti Lena, no Talasnal, e o Restaurante Sabores da Aldeia, em Candal. Para garantir a ida a um desses restaurantes, aconselhamos que reserve com antecedência. Por um lado, porque são restaurantes bastante concorridos e, por outro, porque alguns deles, ao serem sazonais, só funcionam ao fim de semana e só abrem se tiverem um número mínimo de pessoas (foi o que nos aconteceu com o Restaurante Ti Lena).

O que nos leva a um lugar? Agora que vos contamos a nossa experiência pela Lousã, já têm a vossa resposta?

Boas viagens!

[Nota: este artigo foi atualizado no dia 20 de outubro de 2023, após a nossa última visita à região]

⭐⭐⭐⭐⭐

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Detalhes
1.º visita - janeiro 2019; 2.º visita - outubro 2023
Marcelo Andrade @iremviagem
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Comentários

  • 20 de Setembro, 2019

    Ando a planear ir a esta região há bastante tempo, mas infelizmente ainda não concretizei esse desejo! As fotografias são fantásticas, tão pitorescas e inspiradoras na Lousã 🙂

    Responder
  • Sylvie
    27 de Agosto, 2024

    Quero visitar algumas aldeias em setembro e o seu relatório dá ótimas ideias. Muito obrigada !
    Vou viajar sem autocarro. Acha que apesar disso é possível ver coisas bonitas, a pé ou de bicicleta elétrica?

    Responder

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