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Ilha de São Jorge (Açores): o que visitar

Neste artigo pretendemos falar sobre a nossa experiência na Ilha de São Jorge, nos Açores. Estivemos três dias e partilhamos o que mais gostamos de visitar e fazer. No final, deixamos um pequeno guia prático onde compilamos informações úteis que vos ajudem a organizar a vossa viagem.

A visita a São Jorge esteve integrada numa viagem maior às Ilhas do Grupo Central dos Açores. Antes, tínhamos estado na Ilha do Pico e fizemos a travessia de barco, a partir da Madalena (um dos portos de embarque na Ilha do Pico). Uma hora e meia (a duas) depois chegamos ao porto de Velas.

Dicas: A travessia de barco entre as ilhas do Pico e São Jorge, no arquipélago dos Açores, é feita por ferry operado pela empresa pública Atlânticoline. O trajeto faz parte da chamada Linha Verde, que liga várias ilhas do grupo central. Os bilhetes podem ser adquiridos diretamente no site empresa e é recomendável comprar com antecedência, especialmente durante a temporada alta (verão), quando a procura é maior. Se enjoarem vão prevenidos porque, dependendo das condições climáticas, a travessia pode ser dificil.

Com 53 km de comprimento, São Jorge é uma encantadora varanda no Atlântico para as ilhas do Grupo central: Pico, Faial, Graciosa e Terceira. É conhecida como a Ilha das Fajãs e é um paraíso para o turismo de caminhadas. Era a ilha sobre a qual sabíamos menos, tínhamos menos expectativas e foi aquela que mais nos surpreendeu. Alugamos carro na Discover cars e pusemos-nos à estrada. Não há como nos perdermos. A ER1 e 2 atravessa São Jorge de leste a oeste, conectando as duas extremidades da ilha. Liga o concelho de Velas (no extremo oeste) ao concelho de Calheta (no extremo leste). É uma estrada pavimentada e bem conservada, o que permite um trânsito relativamente fácil entre as principais zonas habitadas e alguns pontos turísticos. A ER 2-2 é a estrada que atravessa a ilha pelo interior, passando por regiões de maior altitude.

Bemvindos/as a São Jorge.

Foram 15 dias, 4 ilhas do Grupo Central: Pico, Faial, São Jorge e Terceira. Uma experiência incrível.

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CONTEÚDOS DO ARTIGO

1. Sobre São Jorge
2. O nosso TOP
5
– Fazer o Trilho da Caldeira de Santo Cristo
– Dar um mergulho na Poça Simão Dias, na Fajã do Ouvidor
– Experimentar o café na Fajã dos Vimes
– Fazer uma prova do queijo da Ilha
– Visitar os moinhos em Urzelina
3. Curiosidades sobre a Ilha
4. Onde ficar
5. Gastronomia regional
6. Guia Prático

1.
sobre São Jorge

Localizada no arquipélago dos Açores, a ilha de São Jorge é um destino que encanta os visitantes com as suas paisagens dramáticas. A combinação de montanhas imponentes, falésias escarpadas e as características “fajãs” — que são planícies ao pé das encostas — cria um cenário espetacular e único no mundo.

A história de São Jorge é rica e marcada por uma série de eventos notáveis, desde as explorações iniciais e o assentamento pelos portugueses, até as atividades vulcânicas e o desenvolvimento de uma cultura agrícola enérgica. Acredita-se que a ilha tenha sido descoberta por navegadores portugueses no início do século XV, atraindo as primeiras famílias do continente português, que se estabeleceram principalmente na freguesia do Topo. Essa área oferecia localização estratégica pela proximidade com o mar e pela fertilidade de suas terras. Embora a economia inicial fosse predominantemente agrícola, foi a pecuária que impulsionou o verdadeiro crescimento económico da ilha. A partir do século XVI, São Jorge já se destacava pela produção de queijo, que viria a se tornar o produto mais emblemático da ilha. No século XIX, a produção de queijo cresceu exponencialmente, com melhorias nas técnicas de fabricação que resultaram num sabor diferenciado, tornando o queijo de São Jorge famoso e único.

Atualmente, a vila de Velas é o centro administrativo de São Jorge, mas o Topo continua a ter um papel cultural e histórico relevante, preservando tradições que reforçam a identidade única da ilha.

Dica: Localizado em Velas, o Museu Francisco de Lacerda oferece uma visão da cultura e da história de São Jorge e dos Açores. Francisco de Lacerda foi um importante compositor e musicólogo açoriano, e o museu oferece exposições sobre sua vida e seu trabalho.

2.
O nosso top 5

Neste ponto queremos partilhar os lugares e as experiências que mais nos marcaram na Ilha de São Jorge. Não significa que são as melhores, apenas aquelas que nós emolduramos nas nossas recordações. Até porque há locais que fazem parte dos roteiros turísticos e que nós não destacamos aqui. Partilhamos um mapa interativo com alguns dos locais que vistamos , incluindo o nosso TOP 5.

FAZER O Trilho da Caldeira de Santo Cristo (PR1 SJO)

Quando organizamos a nossa viagem aos Açores, tínhamos planeado fazer, pelo menos, um trilho em cada ilha. Em São Jorge não podíamos deixar de experienciar o emblemático Trilho da Caldeira de Santo Cristo (PR1 SJO) que é um percurso linear, com quase 10km de extensão, que se inicia na Serra do Topo e termina na Fajã dos Cubres. Este é o trilho mais popular. Mas também há a possibilidade de fazer o trilho a partir da Fajã dos Cubres, um trajeto mais curto, de cerca de 4 km. A caminhada é mais plana em comparação ao percurso da Serra do Topo e oferece uma vista linda das lagoas costeiras.

Não fizemos o trilho todo, nem por esta ordem, mas atiramo-nos à beleza das paisagens e à simplicidade dos lugares.

Começamos na Fajã do Cubres (onde deixamos o carro), caminhamos até à Fajã da Caldeira de Santo Cristo e dali fomos até à cascata. O relógio contava 6,5km, a mesma conta que teríamos de fazer para regressar. Mas aquela natureza desarma qualquer um/a e pena só se for a de não termos pernoitado por lá, que era bem a nossa cara, em “full screen”.

Localização: A Fajã da Caldeira de Santo Cristo localiza-se na costa norte da ilha, na freguesia da Ribeira Seca, concelho de Calheta. Das fajãs mais conhecidas e remotas da ilha. É acessível apenas por trilho ou veículo todo-terreno e é um ótimo lugar para caminhadas.

Dar um mergulho na Poça Simão Dias na Fajã do Ouvidor

A Poça Simão Dias fica na Fajã do Ouvidor e é uma das maiores fajãs da ilha, sobranceira a uma falésia que ronda os 400 metros de altura. A Poça é linda, ponto! É esse o efeito que ela provoca em ti quando lá chegas. Escarpas de basalto negro que contrastam com o azul do mar. Formações rochosas irregulares que travam a força do oceano e criam uma piscina natural que permite banhos tranquilos, às pessoas e aos peixes. A intervenção humana é pouca, já a presença, essa, é muita! Tira-lhe o silêncio, mas ninguém lhe rouba a beleza.

A Poça de Simão Dias é linda, ponto!

Localização: A Fajã do Ouvidor e a Poça Simão Dias localizam-se na costa norte da ilha, na freguesia de Norte Grande, concelho de Velas. A fajã é uma das maiores e com acesso por estrada asfaltada. O acesso à Poça Simão Dias é feito através de um trilho curto com degraus e pode exigir cuidado, já que o terreno é rochoso.

Experimentar o café na Fajã dos vimes

Sabiam que a Ilha de São Jorge abriga uma das poucas plantações de café da Europa? Pois é, esse cantinho especial fica na Fajã dos Vimes, uma das muitas fajãs que dão à ilha o seu charme único. Aqui, além de se encantarem com a paisagem natural, podem experimentar um café verdadeiramente raro e autêntico, cultivado e produzido localmente. O solo vulcânico, o clima temperado e a humidade constante criam condições ideais para o desenvolvimento destes cafeeiros e o resultado é um café de sabor particular, que reflete as características da terra açoriana.

Mas a Fajã dos Vimes não é famosa apenas pelo café. Este é também um centro de artesanato, especialmente conhecido pela tecelagem tradicional. As mulheres locais mantêm viva uma técnica centenária, utilizando teares manuais para criar tapetes, mantas e outros itens têxteis coloridos e ricos em detalhes.

Localização: A Fajã dos Vimes está localizada na costa sul da ilha, no concelho de Calheta. É acessível por estrada, o que facilita a visita para quem não pretende longas caminhadas.

Fazer uma prova do Queijo da ilha

Não podem sair da ilha sem experimentar o famoso Queijo de São Jorge. É possível visitar queijarias para ver o processo de produção e, claro, degustar esse queijo tradicional que é um símbolo dos Açores. A produção do queijo é feita de maneira artesanal, utilizando leite de vaca local, o que confere um sabor único e marcante. Nós visitamos a União de Cooperativas Agrícolas de laticínios de São Jorge e durante a visita, temos a oportunidade de aprender sobre a história do queijo, as técnicas de cura e até mesmo como as condições climáticas da ilha influenciam o seu sabor. Além disso, muitas queijarias oferecem a possibilidade de comprar o queijo fresco ou curado, para levar um pedacinho de São Jorge para casa. Não deixem de saborear o queijo em suas diversas variações, acompanhado de um bom vinho regional.

Visitar os moinhos em Urzelina

Na Ilha de São Jorge há moinhos de vento muito singulares e únicos no mundo, dizem! Moinhos com pás de madeira que estão fixas a uma estrutura também ela madeira, arredondada e pintada de vermelho, e que gira facilmente para se adaptar à direção do vento. Foram inventados por José do Moio, no século passado, um jorgense cheio de criatividade que até uma avioneta de madeira movida a pedais inventou. Se da avioneta pouco sabemos, os moinhos podem ser encontrados junto ao mar, em Urzelina, e digo-vos já que dão um colorido especial ao local.

Ainda não sei o que nos atrai tanto nos moinhos de vento, mas suponho que seja expressar em nós um pouco de Dom Quixote, inventando gigantes que dão sabor à aventura que é viajar. E em tom de brincadeira e de braço em riste, dizemos: _ “Não fujam, criaturas vis e covardes, que um cavaleiro sozinho é quem os ataca”. Soltamos uma gargalhada e seguimos para a nossa próxima aventura.

3.
Curiosidades sobre a ilha

A Ilha de São Jorge tem várias curiosidades que tornam a visita ainda mais interessante. Partilhamos aqui algumas:


📍 São Jorge faz parte do Triângulo dos Açores, juntamente com as ilhas do Pico e do Faial. Estas três ilhas estão próximas umas das outras, proporcionando uma visão única: de São Jorge é possível avistar a montanha do Pico, que é o ponto mais alto de Portugal, e observar o canal entre as ilhas, famoso pela sua fauna marinha.


📍 São Jorge é conhecida como a “Ilha das Fajãs”. Existem mais de 40 fajãs ao longo da costa. Essas formações geológicas, únicas dos Açores, são terrenos planos formados ao longo de séculos por deslizamentos de terra e atividade vulcânica, que deram origem a áreas ricas em biodiversidade e paisagens incríveis. Cada fajã tem sua própria personalidade e características.

As Fajãs são o principal ex-líbris da paisagem jorgense e integram, desde 2016, a lista restrita das Reservas Mundiais da Biosfera da UNESCO


📍A Fajã da Caldeira de Santo Cristo é o único local dos Açores onde é possível encontrar amêijoas, sabiam? Este molusco vive nesta lagoa devido às condições específicas de salinidade e de água doce, tornando-se uma iguaria local e uma raridade no arquipélago.

📍 A Ilha tem um Farol – Farol dos Rosais – que foi desativado e abandonado, após o sismo de 1980. O abandono deu ao farol uma atmosfera misteriosa que tem atraído muitos visitantes. Está situado na ponta noroeste da ilha, numa área isolada e com vistas muito bonitas para o oceano e para as ilhas vizinhas, como o Pico e o Faial.

O caminho em direção ao Farol dos Rosais


📍 O queijo da ilha é mundialmente famoso e é um dos produtos mais exportados dos Açores. Feito a partir de leite cru de vaca, o Queijo de São Jorge tem um sabor forte e picante, desenvolvido ao longo de vários meses de maturação. Ele recebeu o selo de Denominação de Origem Protegida (DOP) , o que atesta sua qualidade e danos.


📍 A ilha é rica em mitos e lendas. Uma das histórias mais conhecidas é a do “Dragão de São Jorge” , que é, na verdade, uma formação rochosa que lembra um dragão e que fica próxima ao mar. A lenda conta que São Jorge, padroeiro da ilha, teria derrotado um dragão, e a ilha teria sido nomeada em sua homenagem.

📍 São Jorge é o paraíso para os amantes de trilhos. A ilha oferece percursos que atravessam paisagens montanhosas, descem até fajãs isoladas e passam por campos verdes, com vistas que incluem falésias e o Oceano Atlântico ao fundo. Além do trilha para a Fajã da Caldeira de Santo Cristo (que falamos em cima) há um outro trilho de Pequena Rota – o Trilho Norte Pequeno – Fajãs do Norte Pequeno, com 9 km, considerado um dos percursos mais bonitos. Existem também duas grandes rotas que atravessam a Ilha. A GR02 SJO que nos leva da Ponta dos Rosais até à Fajã dos Cubres (52 km) e a  GR01 SJO que liga a aldeia do Topo à Fajã dos Cubres (41 km).

📍São Jorge tem uma atividade sísmica significativa, e os terremotos fazem parte da vida local. A ilha foi formada por sucessivas erupções vulcânicas e deslocamentos de placas tectônicas. Em 1757, a ilha sofreu um grande terremoto, conhecido como Mandado de Deus, que causou danos significativos e é lembrado até hoje

3.
onde ficar

Nós ficamos alojados as três noite na Residência Livramento, em Velas. É um alojamento simples, mas muito acolhedor e com um bom pequeno almoço. mas há alojamento para todos os gostos e carteiras.

4.
Gastronomia regional

A gastronomia da Ilha de São Jorge, nos Açores, é rica e cheia de sabores autênticos que refletem a tradição agrícola e pesqueira da ilha. Além do queijo, que é o produto mais famoso da ilha e um dos mais reconhecidos dos Açores, São Jorge é o único lugar nos Açores onde podem provar amêijoas de água doce, colhidas na Lagoa da Fajã da Caldeira de Santo Cristo. Podem experimentar num dos restaurantes locais ou durante uma visita à própria fajã.

O peixe é, também, uma boa experiência (cherne, abrótea, garoupa, atum e cavala), grelhado, assado ou servido como parte de caldeiradas (ensopados de peixe).

A carne de Alcatra, apesar de ser um prato de origem terceirense, é muito popular também em São Jorge. É preparada em panela de barro, com carne de vaca cozinhada lentamente em vinho, alho, cebola e especiarias. Fizemos a experiência deste prato no Restaurante Clube Naval de Velas.

Há um doce típico de São Jorge chamados Espécies, que são uns biscoitos de massa de canela e especiarias (daí o nome), enrolados em forma de rosquinha. Existem várias versões da receita, que têm em comum a presença de especiarias como erva-doce, canela ou pimenta.

5.
guia prático

Neste ponto remetemos para o guia que construímos e onde compilamos algumas informações práticas e utilidades que ajudem na organização da sua viagem aos Açores.

Outros artigos sobre os Açores:

Açores: Guia prático pelas Ilhas do Grupo Central

Ilha do Pico (Açores): o que visitar
Ilha do Faial (Açores): o que visitar

Ilha de São Miguel, Açores: guia para visitar!

Prometemos voltar: crónica sobre a Ilha de São Miguel

Trilho do Salto do Prego – Ilha de São Miguel, Açores

⭐⭐⭐⭐⭐

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Agosto de 2021
Marcelo Andrade @iremviagem
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