Odemira: o que visitar neste alentejo singular
A convite do Município de Odemira, rumamos a sul para descobrir o Alentejo Singular que este concelho guarda como tesouro. Um Alentejo que nos oferece mar, rio, planície e serra.

Sabia que Odemira é o maior concelho de Portugal, e que por ele passa o Rio Mira, considerado o Rio Natureza, tal é o seu grau de preservação? Dizem que tem lontras! Nós não vimos, mas acreditamos. Sabia que Odemira, além do seu litoral deslumbrante, cheio das “Maravilhas de Portugal” e integrado no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, tem um interior encantado(r)? E que esta diversidade se sente no paladar? Do peixe e marisco bem fresco, aos enchidos de qualidade, passando pelos bons queijos, pão, azeite e aguardente de medronho? Por estes lados, não interessa se o “quarto” tem vista mar ou vista montanha… porque é certo que será sempre uma vista privilegiada.
Se a “melhor maneira de viajar é sentir”, como já dizia Fernando Pessoa, então abrace connosco estas dez experiências imperdíveis no concelho de Odemira.
conteúdos
1. Fazer um passeio de barco na Albufeira de Santa Clara
2. Dormir num turismo rural
3. Visitar um porto de pesca artesanal
4. Passear no Cabo Sardão e ver a nidificação das cegonha
5. Fazer um dos percursos pedestres da Rota Vicentina
6. Banhar-se nas “Melhores Praias de Portugal
7. Ver o pôr-do-sol num dos miradouros virados para o mar
8. Experimentar uma das atividades (desporto-natureza) no Rio Mira
9. Conhecer as vilas do concelho de Odemira
10. Deliciar-se com a gastronomia da região
1. Fazer um passeio de barco na Albufeira de Santa Clara
Pensavam que íamos começar pelas praias? Não. Essas todos/as sabemos que são lindas. O que nos surpreendeu, de facto, foi a Albufeira de Santa Clara. 1.986 hectares de beleza. Um lago gigante, envolvido por uma paisagem serrana, cheio de recantos, e curiosidades em torno das aldeias submersas, que nos fazem esquecer que estamos numa barragem (construída pelo Estado Novo em 1969). Fechas os olhos, respiras fundo e sentes uma perfeita harmonia com a natureza. Nas suas águas pode-se praticar desportos náuticos, pesca desportiva (do achigã) ou simplesmente aproveitar a zona balnear, que tem uma plataforma flutuante e um zona de lazer.
“Explore o lado simples da vida” é o lema da Bass Catch in Santa Clara, empresa que nos levou a passear de barco pela albufeira. Com ou sem emoção é uma escolha sua. Passeios à medida, onde o tempo passa devagar. E numa das margens, comendo uns petiscos gentilmente preparados pela equipa do Sr. Rosalino da @Basscatch, deixamos que os olhos se percam naquele espelho de água e que o silêncio nos abrace.
Dica: Na aldeia de Santa Clara-a-Velha, ali pertinho, não deixe de visitar a Ponte D. Maria. Uma ponte histórica que atravessa o Rio Mira. Chamam-lhe ponte romana, mas ela foi construída por volta do século XVIII. Sofreu um derrocada, que ainda hoje marca a sua imagem, e no lugar dos pilares há nenúfares, compondo um cenário idílico.
2. Dormir num turismo rural
Um brinde a quem faz do interior uma rede de descanso e promove a natureza como rainha. Um turismo rural sustentável, com consciência ambiental, cheio de equilíbrios e onde a password do WiFi é “desliga-te”. Quem viaja pelo nosso país sabe como ele nos brinda, de norte a sul, com esta riqueza, mas a geografia foi generosa com concelho de Odemira. Podemos dormir embrenhados na interioridade do campo, como se estivéssemos no Alentejo profundo, pela manhã dar um mergulho e desfrutar das praias da Costa Alentejana, e pela tarde fazer passeios (a pé, de bicicleta ou a cavalo) pelo Parque Natural que tem vistas únicas sobre o Rio Mira, que corre lento como o tempo. Neste conceito, há alojamentos para todas as carteiras e estilos. De herdades a pequenas quintas, em todos há aquele lado “hippie-chic” que lhes dá glamour e diferenciação. Precisam do turismo, mas dizem não ao turismo massificado.
Na nossa estadia ficamos hospedados do @Naturarte, um turismo rural de família, que é uma combinação sublime entre natureza, conforto, arte e tradição. O Naturarte tem dois pólos que distam seis quilómetros: O naturarte-campo e o naturarte-rio, cada um com a sua identidade e pensados para oferecer experiências diferenciadas. O sucesso das coisas está sempre no amor que lhe dedicamos, e depois de ouvirmos o Sr. Rui a falar sobre este projeto, percebes por que é que te sentes em casa.



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3. Visitar um Porto de Pesca Artesanal
O peixe é sempre a delícia das terras que se encostam ao mar. Não há mar sem peixe, sem rede e sem barco de pescador. Não há mar sem porto. Há sempre um quê de photoshop nos pequenos portos de pesca artesanal, e os da orla costeira do Sudoeste Alentejano merecem um bom destaque no pinterest.
Encaixados entre falésias, com os seus barcos de madeira colorida, tornam-se irresistíveis à fotografia e à permanência. “Portos seguros” da vida dura de quem pesca e garante a frescura do sargo, do robalo, do congro, do polvo, das navalheiras ou dos perceves. Um robalo fresquinho para a mesa 2, por favor.
Há quatro portinhos de pesca no concelho de Odemira. O Portinho do Canal, em Vila Nova de Milfontes, a Lapa das Pombas, em Almograve, o Portinho das Azenha do Mar, e a Entrada da Barca, na Zambujeira do Mar, que foi o que visitamos.

4. Passear no Cabo Sardão e ver a nidificação das Cegonhas

Sabem onde fica o reino da cegonha branca? O único sítio onde as cegonhas fazem ninhos sobre o mar? No ponto mais ocidental da costa alentejana: o Cabo Sardão. Um quilómetro zero, onde a terra se precipita no mar. Nas suas escarpas, como que a fazer equilibrismo, as cegonhas nidificam em suportes rochosos e protegem as suas crias. Que mãe não o faria? Dizem que a migração e a nidificação das cegonhas tem ciência… para nós tem amor. Por isso, a permanência por aqui faz-se ao sabor do voo planado da ave.
É impossível ficar indiferente ao Cabo Sardão. A imponência das suas escarpas é cénica, chegando a ser dramática. Alguém avise os criadores do Games of Thrones que este local existe! Sabia que o Farol do Cabo Sardão está virado ao contrário? Aqui entre nós, achamos que os engenheiros não quiseram perder de vista a paisagem. Por aqui também passa um dos percursos pedestres da Rota Vicentina.

5. Fazer um dos percursos pedestres da Rota Vicentina
O lema por aqui é “para conhecer uma região é preciso sentir a terra debaixo dos pés”. O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina tem uma rede de percursos pedestres que totalizam 450 km, e que passam pelo Concelho de Odemira. A Rota Vicentina oferece três percursos. O Caminho Histórico, um itinerário rural que passa por aldeias e vilas históricas como Porto Côvo, Odemira, Odeceixe, Aljezur e termina no Cabo de São Vicente. 230 km feitos em 12 etapas. O Trilho dos Pescadores, que passa por praias e falésias. Começa em Porto Côvo e passa por Vila Nova de Milfontes, Almograve, Zambujeira do Mar e termina em Odeceixe. 125 km, feitos em 5 etapas. A terceira opção são os oito Percursos Circulares, que englobam, por exemplo, passeios às Dunas do Almograve, à Praia de Odeceixe e aos Cerros da Carrapateira.

A Rota Vicentina propõe-nos uma vivência única deste Alentejo Singular, que cruza a cultura rural com uma costa surpreendentemente selvagem. Aquele equilíbrio perfeito. Querem ver que temos uma espécie de “Caminho de Santiago” da natureza? Bem, a Costa já tem nome de Santo e muitas botas com “terra debaixo dos pés”. Quem se atreve?
6. Banhar-se nas ” Melhores Praias de Portugal”
Dizer que o Concelho de Odemira tem as “As Melhores Praias de Portugal” soa a cliché.
Quem não conhece ou ouviu falar da beleza das praias de Almograve, de Vila Nova de Milfontes (Praia da Franquia, Praia do Farol, Praia do Malhão), da Zambujeira do Mar (Praia dos Alteirinhos, Praia dos Machados, Praia da Amália, Praia dos Cavaleiros, entre outras) ou das Azenhas do Mar (Praia do Carvalhal)?
Praias de areia fina, com toque “selvagem”, encaixadas entre falésias, mostrando que a beleza também está na rugosidade da rocha. Praias que mais parecem hotéis… com “frente de rio”, “frente de mar” ou “frente de montanha”. E que, como os hotéis, também ganham distinções, como a Praia das Furnas eleita a “Melhor Praia de Rio” ou a Praia da Zambujeira distinguida como a “Melhor Praia urbana”. Praias que valem qualquer desvio à rota.
O que fazer por 55 quilómetros de costa? Aproveitar cada centímetro!

7. Ver o pôr-do-sol num dos miradouros virados para o mar
Se forem como nós, andam sempre à procura do melhor local para ver o pôr-do-sol. Em cada terra há sempre um lugar perfeito para o sunset, ora o litoral de Odemira tem vários. Praia ou falésia, escolha a janela que mais lhe encher o coração. Se for praia, a de Almograve e a das Furnas são uma ótima escolha. Se for falésia, eu cá me rendia a “zambujar” na Zambujeira do Mar, que nos dá um deslumbrante panorama sobre o oceano.

8. Experimentar uma das atividades (de desporto-natureza) no Rio Mira
O Rio Mira, que atravessa todo o concelho de Odemira, desagua junto a Vila Nova de Milfontes, transformando a sua Foz num lugar tranquilo para a prática de atividades desportivas e de lazer. Praticar stand-up-paddle, navegar de canoa ou caiaque ou fazer passeios de barco são algumas das soluções possíveis.
As propostas são variadas, mas a experiência é sempre rica (e para todas as idades). Nós fizemos um passeio de barco pelo Rio Mira, com a empresa River Emotions, que oferece cinco percursos diferentes. Em todos eles, o objetivo é o mesmo, fazer a “divulgação do valor cultural do rio Mira, a cultura ribeirinha, o património linguístico e toponímico e a biodiversidade marinha existente”.
Recomendamos a experiência.

9. Passear pelas vilas do concelho de Odemira
Casas caiadas de branco, com umbrais azuis (ou amarelos) e portas castanhas, assim são as casas tradicionais alentejanas. Simples, retangulares, de linhas puras e formas maciças, com poucas aberturas. Afinal o calor faz-se sentir por estes lados. Passear pelo Alentejo é ir ao encontro do seu património monumental. Há pelo menos três vilas que deve visitar, com a calma que os lugares pedem.
Vila de Odemira, sede do concelho, e banhada pelo Rio Mira. Andar pelas suas ruas é percorrer séculos de história, onde a arquitetura barroca se cruza com a modernidade. No coração da vila, visite a Praça da República, as Igrejas de São Salvador, Santa Maria e da Misericórdia e o Jardim da Ponte Férrea.

Vila Nova de Milfontes é uma vila antiga, que os populares chamam de “Terra-das-três-mentiras” (não era vila – que já é – não era nova e apesar de ter fontes, não tinha mil). Tem no Forte de S. Clemente (século XVI) o seu ex-libris monumental, outrora muralha defensiva de ataques de pirataria. O novo cais de Milfontes trouxe “vida nova” à vila e deve fazer parte do roteiro de qualquer visitante. Não perca a oportunidade de passear pelas ruas da vila que se transformaram numa espécie de shopping de praia. Se o seu estilo é “boho-beach-hippie-chic”, então estará no sítio certo.

Quando falamos em Zambujeira do Mar a primeira imagem que nos vem à cabeça são as suas praias fabulosas, com aquele toque selvagem que as falésias impõem. Para os mais novos, o festival MEO Sudoeste bate qualquer estatística. Mas entre mergulhos, umas boas garfadas e muita diversão, há uma vila tímida, cujo centro foi recuperado para “inglês ver”, mas de alma alentejana.
À sombra, no grande pátio com janela para o mar, as pessoas sentam-se à espera do tempo que corre devagar por aqueles lados. Se quiser ver um jogo de futebol com emoção, então vá ao campo de futebol do Cabo Sardão. Sim, nós também fizemos essa cara! É mesmo no Cabo Sardão, onde joga a equipa local, do Cavaleiro. Apesar das redes altas atrás da baliza, acho que não há jogo que não comece com bolas suplentes. Vai um remate?
10. Deliciar-se com a gastronomia da região
Como bons portugueses que somos, apreciamos estar sentados à mesa. Comer e beber do melhor e a cada garfada dizer: “em Portugal é que se come bem!”. E é verdade!! Na Costa Alentejana, a ligação íntima com a pesca e o mar reflete-se na diversidade de pratos confeccionados à base de peixe e marisco fresco. Robalo, congro, atum, polvo, navalheiras/ lingueirão, camarão, búzios e perceves. Em cataplana, caldeirada ou ensopado, na grelha, na feijoada, no arroz, nas migas e na açorda. Na singularidade deste Alentejo, a carne também faz furor, principalmente o porco preto e os enchidos de grande qualidade.

Porque estamos no Alentejo, não pode faltar o queijo (Caprinus), o pão alentejano molhado no azeite (Vale da Casca) e as compotas e geleias (Sabores com Alma). A garrafeira, essa, serve todos os gostos… e também aqui a Costa quer dar a conhecer um Alentejo diferente, uma alternativa aos vinhos do interior, onde a “frescura atlântica” seja slogan (como é exemplo o vinho branco Cortes de Cima). Para quem não aprecia vinho tem a cerveja artesanal Calkula, produzida no Sudoeste Alentejano. Para sobremesa, a alfarroba é rainha. No final, um café acompanhado com um quadradinho de chocolate da Beatriz e, como digestivo, um cálice de aguardente de medronho. Gastronomia com sotaque alentejano.
Na nossa visita, comemos nos seguintes restaurantes, que ficam aqui como sugestão:
Restaurante Oásis | está em pleno areal na Praia das Furnas, virado para a Foz do Rio Mira (Vila Nova de Milfontes). Seja para fazer uma refeição ou para petiscar, este restaurante oferece uma paisagem ímpar. Comemos um arroz de polvo delicioso.
Restaurante Sacas | localizado no Portinho de Pesca Artesanal “Entrada da Barca”, na Zambujeira do Mar, este restaurante tem ar de mar. Comemos uns filetes de peixe aranha acompanhado de migas e um misto de peixes grelhados.
Tasco do Largo | é um restaurante de petiscos e refeições de cozinha tradicional alentejana, que fica no centro de Vila Nova de Milfontes. Comemos um bife de atum, muito bem servido.
Restaurante Alento | está situado nas Furnas, em Vila Nova de Milfontes. Ficamos rendidos a este restaurante que deu vida a uma antiga escola primária. Soberbo, será a palavra certa para descrever o menu degustação e o ambiente.
À volta da mesa suspende-se o tempo… bebe-se um copo (ou dois), enche-se a barriga, soltam-se gargalhadas e o último a sair que feche a porta.

Links úteis para organizar a sua visita:
Município de Odemira
Mapas e itinerários turísticos do concelho de Odemira
Turismo do Alentejo
Rota Vicentina
Esperamos que as nossas sugestões e imagens vos inspirem a ir e ajudem a preparar a viagem.
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E já sabem… o importante é IR!
Detalhes
Agradecimentos
Este artigo foi escrito na sequência de uma Press trip no âmbito da FEITUR – Turismo Desportivo e de Natureza, organizada pelo Município de Odemira, a quem agradecemos o convite, na pessoa da Marlene Coelho.
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